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A pobreza

 A pobreza
01.11.22
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 A pobreza

A pobreza parece ter vindo com uma vontade desenfreada de se instalar em definitivo no nosso país, com o assomo de perigosos contornos de doença endémica, sem antibióticos que a erradiquem.
2.312.000 de residentes, 22.4% do total da população, valor superior à média europeia, que é 21.7%, estão em risco de pobreza.
Destes, 21.2% são do sexo masculino e 23.5% do sexo feminino.
Com um rendimento inferior a 554€/mês e 6653€/ ano, vivem em situação de pobreza monetária e privação material e social severa.
Realidade ainda mais chocante é a de 775.000 cidadãos, que vivem com menos 369.77€/mês, viverem numa situação de pobreza extrema, da mais pura miséria.

Que vida limpa se pode fazer com este rendimento?
Que direito tem a sociedade de prender quem furta para pôr pão na mesa, e dar de comer aos seus?
Que sociedade é esta que vira as costas aos mais vulneráveis?
Continuando a correr o caminho perverso dos números, a taxa de pobreza entre a população empregada é de 11.2%, bem mais do que a média europeia, que é de 8.9%.
E sem a transferência dos apoios sociais, a verdade seria bem mais dura do que o aço: a taxa de risco de pobreza rondaria os 43.5%.
É de pasmar!

E para que as notícias não cessem de nos apavorar, na Europa a 26, Portugal aparece num vergonhoso 8.? lugar, sendo que no último ano mais 256.000 pessoas, correspondentes a 12%, entraram nesse patamar de insuficiência de rendimentos.
Afecta mais os idosos, as famílias monoparentais, as pessoas com a escolaridade mínima, os desempregados, os habitantes de zonas mais despovoadas.

Dir-se-á que a a inflação, o preço dos combustíveis, o crédito à habitação, o valor das rendas, a subida do preço dos bens essenciais, no quadro da pandemia e da guerra, formando uma tempestade perfeita, deram tracção a esta sombra, coberta com um véu de viúva, que escurece a nossa democracia.
Mas não nos iludamos, essa não é a verdadeira razão. O real motivo está na falta de estratégia para o país, nas prioridades erradas, no novo-riquismo, na falta de disciplina e de rigor, na dependência excessiva do Estado, na falta de incentivo ao investimento privado, numa política fiscal draconiana que asfixia a classe média, que não deixa criar rendimento e riqueza, base do consumo, da produção e da criação de emprego.

Nada que os políticos indígenas não saibam, mas, organizados em clube, e cativos da teia de interesses que eles próprios, manhosamente urdiram, nada podem fazer senão dormir e ressonar, incomodando-nos os puros e serenos tímpanos

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