A saída dos EUA e seus aliados do Afeganistão e as consequências da tomada de poder pelos talibans

Quem não se lembra da invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos, após os ataques com aviões comerciais no dia 11 de setembro de 2001?
Quem não se lembra das torres gémeas do World Trade Center de Nova Iorque que colapsaram e das cerca de 3000 vítimas? Foi há cerca de 20 anos que os aviões comandados pelos fiéis aos Talibãs humilharam o povo e o Estado americano.
Os objetivos públicos da intervenção americana e dos seus aliados eram desmantelar a AlQaeda e negar-lhes uma base segura de operações no Afeganistão removendo o Talibã do poder.
O então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, exigiu que o Taliban entregasse Osama bin Laden e expulsasse a al-Qaeda. Estando bin Laden já procurado pela ONU desde 1999, o Taliban recusou-se a extraditá-lo, a menos que lhes fossem dado o que eles consideravam provas convincentes do seu envolvimento nos ataques de 11 de setembro.
Considerando que a paz e a segurança mundiais estavam ameaçadas, Bush reuniu-se com os seus aliados para expulsar os talibans do solo afegão, sendo os EUA, bem apoiados pelo Reino Unido e outros aliados expulsado o Taliban do poder e construído bases militares perto de grandes cidades em todo o país.
A maioria dos membros da al-Qaeda e do Taliban não foram capturados, fugindo para o vizinho Paquistão ou se retirando para regiões montanhosas rurais ou remotas. Entretanto, bin Laden tinha já sido encontrado morto, alegadamente pelas forças especiais dos EUA. Todavia, a retirada recente das forças militares norte-americanas e da NATO, impulsionou os Talibans à luta pelo poder e de forma diplomática acabaram por convencer os líderes religiosos do Afeganistão, tendo sem grande resistência chegado à capital.
A queda de Kabul foi consolidada com a tomada de Kandahar pelos talibans no passado dia 15 de agosto. A tomada da capital ditou assim o fim de uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal. Caso para dizer, de nada valeu o esforço e o investimento na guerra, bem como da presença militar. Com a chegada ao poder dos Talibans, o espectro do terrorismo a nível mundial volta a dominar o mundo democrático e civilizado.
Para além disso, os direitos humanos são colocados em perigo, designadamente as mulheres afegãs cujo destino será o seu domínio e opressão pelos homens afegãos. Paralelamente, teme-se que qualquer região ou Estado venha a ser ameaçado com atos terroristas, sendo um retrocesso de tudo o que tinha sido alcançado. As preocupações do mundo, especialmente do mundo ocidental, são muitas, e pensamos que com o sério risco de ameaça externa, melhor será conter no próprio território afegão as investidas dos talibans.
Até porque agora no poder, com todo o material militar que foi deixado, nomeadamente pelos EUA, a paz, a segurança e a ordem mundial estão em perigo.

(Continua na próxima crónica)