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Caminhada em Viseu junta comunidade contra a violência doméstica

A iniciativa conta com mais de 200 participantes e marca o início das comemorações do Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres

Carolina Vicente
 Caminhada em Viseu junta comunidade contra a violência doméstica
22.11.24
fotografia: Jornal do Centro
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 Caminhada em Viseu junta comunidade contra a violência doméstica
03.12.24
Fotografia: Jornal do Centro
 Caminhada em Viseu junta comunidade contra a violência doméstica

Esta manhã, o Rossio, em Viseu, foi o ponto de partida para uma caminhada que juntou 210 pessoas com o propósito de alertar para a problemática da violência doméstica e promover a sensibilização da comunidade. A iniciativa, integrada na Semana Contra a Violência, foi organizada pelo Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência Doméstica de Viseu (NAVVD) em parceria com o Curso Técnico de Comunicação e Serviço Digital da Escola Profissional Profitecla de Viseu.

Entre os participantes estavam alunos, professores, técnicos de instituições e idosos de associações locais, que deram cor às ruas de Viseu com camisolas alusivas ao tema, materializando uma mensagem clara: “Violência não é amor”.

“A presença de cada um faz a diferença”

Durante a abertura do evento, destacou-se a importância do papel ativo da comunidade. Num discurso inicial, foi sublinhado: “A vossa presença hoje pode fazer a diferença na vida de alguém”. O evento contou ainda com a presença da vereadora Leonor Barata, que reforçou a mensagem de que há apoio disponível para as vítimas: “Peçam ajuda, falem. São muitas as mulheres vítimas destas tragédias”.

A coordenadora do curso organizador, Vânia Gonçalves, explicou como a caminhada se enquadra nos projetos pedagógicos e sociais da escola. “Queremos incutir nos nossos alunos a missão da responsabilidade social. A nossa missão enquanto escola é sairmos da nossa sala de aula, porque a educação pode ser muito mais do que isso”.

Quem participou na caminhada

O psicólogo da Profitecla, Rafael Melo, sublinhou o impacto positivo da iniciativa: “É uma ótima oportunidade para mobilizar as pessoas e aumentar a sua consciência sobre um problema cada vez mais significativo. Os jovens que aqui estão hoje são ingredientes ativos da mudança”.

Uma jovem aluna da escola reforçou a importância de educar as pessoas sobre o tema: “Esta iniciativa ajuda todas as pessoas que não sabem muito sobre o assunto e sobre o que fazer. A violência no namoro pode não ser física, mas psicológica, e cada vez é mais comum”.

Já Margarete Mendes, técnica do NAVVD, destacou a relevância de incluir a população jovem: “É muito importante assinalar este dia e, principalmente, unirmo-nos a uma população onde muitas vezes começam as relações de namoro. Não devemos desvalorizar esta problemática”.

Dados alarmantes sobre a violência doméstica em Viseu

Os números apresentados pelo NAVVD durante as celebrações dos seus 15 anos de atividade revelam a dimensão do problema. Desde 2009, o núcleo atendeu 2835 vítimas adultas e recebeu, nas várias valências, mais de quatro mil pessoas. Além disso, o Centro de Acolhimento de Emergência de Viseu já acolheu 1245 mulheres e crianças desde 2013.

“Estar em contacto direto com estas vítimas é um desafio humano e profissional. Estas pessoas chegam até nós porque não veem outra forma de salvaguardarem o bem mais precioso, a sua vida”, afirmou Carla Andrade, diretora-técnica do NAVVD, no balanço dos 15 anos do núcleo.

Municípios do distrito também marcam a data

Além de Viseu, outros municípios do distrito estão a organizar iniciativas para assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, comemorado oficialmente a 25 de novembro.

Resende promove, este domingo, dia 24, uma peça de teatro intitulada “O Amor Pode Quebrar o Ciclo” no Auditório Municipal. A peça reflete sobre a violência contra as mulheres e é apresentada pela Oficina de Teatro “ComVida”.

Em Nelas há uma ação de sensibilização na segunda-feira, dia 25, às 14h30, no Auditório do Edifício Multiusos. Com o tema “Prevenção e Combate à Violência Doméstica”, a sessão aborda as dificuldades que as vítimas enfrentam para denunciar os abusos e os apoios disponíveis.

Mangualde organiza uma conferência e exposição no mesmo dia, com a presença de especialistas da APAV e da GNR, no auditório da Câmara Municipal. A conferência sobre “Violência doméstica – O retrato atual e o modelo de apoio às vítimas da APAV”, com a gestora do Gabinete de Apoio à Vítima de Mangualde da APAV, Inês Coelho e, dirigida à comunidade e técnicos, o Cabo- Mor da GNR de Mangualde, José Lopes, fala sobre “Maus tratos contra pessoas idosas, sinalizar e intervir”. 

O município de Penalva do Castelo promove uma ação de sensibilização no dia 28, às 14h30, na Biblioteca Municipal, focada na transição entre problema social e respostas disponíveis.

Armamar, no dia 29, inclui o tema da violência doméstica nas Jornadas Sociais de 2024, através de recursos artísticos e relatos na primeira pessoa para abordar a problemática de forma ativa e positiva.

Quebrar o silêncio

De volta a Viseu, a caminhada destaca a importância de não ignorar sinais de violência. “Quando virem alguém nesta situação, nós estamos aqui”, reforçaram os organizadores.

Enquanto os números continuam a evidenciar a gravidade da situação, iniciativas como a caminhada desta manhã mostram que, passo a passo, é possível construir uma sociedade mais atenta, solidária e empenhada em quebrar o ciclo da violência.

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