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Empresários, familiares e até advogado ajudaram Carlos Inácio a branquear mais de 2,8 milhões de euros

Caso complexo investigado pelo Ministério Público envolve branqueamento de capitais num total de 2,8 milhões de euros. Dos 34 arguidos, dez são empresas que entraram no esquema para ajudar o empresário já condenado em outros processos. Julgamento no Tribunal de Viseu

 Empresários, familiares e até advogado ajudaram Carlos Inácio a branquear mais de 2,8 milhões de euros
12.10.24
fotografia: Jornal do Centro
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 Empresários, familiares e até advogado ajudaram Carlos Inácio a branquear mais de 2,8 milhões de euros
06.11.24
Fotografia: Jornal do Centro
 Empresários, familiares e até advogado ajudaram Carlos Inácio a branquear mais de 2,8 milhões de euros


O Tribunal de Viseu está a julgar um mega processo de branqueamento de capitais que envolve o empresário já condenado Carlos Inácio Pinto, dez empresas de Viseu e mais 23 arguidos entre familiares do réu, empresários e um advogado. 

O empresário já falou na primeira sessão e assumiu ao coletivo de juízes a emissão de faturas fictícias, para alavancar o seu negócio, e ajudar os empresários que o contactavam para fugir ao pagamento de impostos. A próxima sessão está marcada para 16 de outubro.

Trata-se de um caso complexo em que o principal arguido criou um esquema para dissimular vantagens que ia obtendo com a prática de ilícitos fiscais. Em causa mais de 2,8 milhões de euros, valor apurado durante a investigação e que corresponde às vantagens das actividades criminosas que os arguidos obtiveram com a prática dos crimes de fraude fiscal qualificada e emissão de

facturas adulteradas. Empresas como a Marcovil ou Beiragel estão entre os arguidos, assim como as ex-mulheres e companheiras de Carlos Pinto Inácio, além de vários empresários em nome individual. Também o advogado que durante quase uma década prestou serviços ao arguido está envolvido no esquema.

Carlos Pinto abriu contas, que controlava, em nome de familiares e de uma secretária e usou vários intermediários para “branquear” dinheiro a quem entregava cheques. Foram centenas de cheques emitidos e transacionados e movimentação efetuadas.

De acordo com o despacho de pronúncia, o arguido com o “objetivo de dissimular vantagens dos crimes praticados fazia circular o dinheiro por várias pessoas e empresas”.

A acusação do Ministério Público dá conta que, numa primeira fase, o arguido introduziu os cheques na actividade económica e no tráfego jurídico bancário regulares das suas empresas para si e para a secretária, emitindo posteriormente novos cheques a seu favor e de outras pessoas, através de contas bancárias que dominava, debitando tais valores através da emissão de novos cheques e levantamentos em numerário, por si e por terceiros, conseguindo assim dispor das quantias monetárias obtidas de modo fraudulento mediante ilícitos criminais e com prejuízo do Estado, fazendo erroneamente crer a terceiros que as mesmas provinham de relações comerciais lícitas e querendo, desta forma, disfarçar a sua verdadeira origem e com elas pagar despesas, adquirir bens para si e para terceiros bem como financiar os seus gastos não declarados para levar a cabo actividades não declaradas.

Para o Ministério Público, o arguido utilizou, para melhor levar a cabo as actividades de ocultação das vantagens obtidas com os crimes praticados e dificultar a sua detecção e apreensão, contas de terceiros da sua confiança pessoal, como sejam a sua funcionária, a sua ex namorada e as suas ex-mulheres.

A secretária 

A secretária ao permitir que a sua conta bancária pessoal fosse utilizada pelo arguido Carlos Inácio Pinto e anuindo ao seu pedido de abertura de outra conta bancária em seu nome, fornecendo os respectivos códigos de acesso e cartões, apresentando a pagamento, depositando e levantando cheques e dinheiro a seu pedido e inclusive recebendo na sua conta pessoal valores provenientes daquele arguido e das contas da suas empresas sem qualquer motivo que se prendesse com as suas funções,

pretendeu auxiliá-lo a dissimular e a fazer circular as vantagens dos crimes, facilitando o seu

depósito em contas por si tituladas,

O advogado

Fruto da relação estreita que mantinham, o advogado António Quelho, de acordo com a pronúncia, colaborava com o arguido Carlos Inácio Pinto, angariando pessoas do seu conhecimento que se

disponibilizariam a proceder a trocas de cheques por numerário. 

As condenações

Carlos Inácio e um inspetor tributário foram condenados pelo crime de corrupção. O empresário já tinha sido condenado a 11 anos por tentar matar a ex-mulher, em Vigo. Foi também já condenado por dois crimes de fraude fiscal qualificada. Está na cadeia de Viseu. 

 Empresários, familiares e até advogado ajudaram Carlos Inácio a branquear mais de 2,8 milhões de euros

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