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Os meus quase 37 anos de existência coincidiram com o pós 25 de abril, que abriu para os portugueses os horizontes da liberdade e do reconhecimento da igualdade em direitos e dignidade. Todavia, o 25 de abril não foi um fim em si mesmo. Como afirmou em tempos Ramalho Eanes, “o 25 de abril deu-nos a liberdade, mas não nos trouxe a cidadania”.
A democracia não é, assim, um mero regime político ou a soma de direitos individuais. Trata-se de uma forma de sociedade que exige compromisso, responsabilidade e participação, e que deve ser capaz de corrigir as injustiças reais e que necessita de regras para a convivência comum e para a redistribuição.
Pertenço, por isso, a uma geração a quem muitas vezes se reclama o aprofundamento das responsabilidades cívicas e políticas. O alheamento dos jovens da política é uma frase muitas vezes utilizada, mas que representa, em larga medida, a vitória daqueles que fizeram o 25 de abril.
Longe vão os tempos, e ainda bem, em que os jovens liam os livros políticos às escondidas. Longe vão os tempos, e ainda bem, das conversas desconfiadas e em surdina. Longe vão os tempos, e ainda bem, da mocidade portuguesa e da crise académica. A grande vitória daqueles que fizeram o 25 de abril de 1974 foi precisamente essa: não deixar a revolução por fazer aos seus filhos.
Mas quero com isto dizer que as gerações de 70, 80, 90 e 2000 não têm responsabilidades? Não, não quero. O 25 de abril deve ser um livro aberto de aprender valores e sentido de vida. E todos devemos ser chamados a nele intervir, porque a política tem de ser para as pessoas. E se é verdade que as ideologias nos separam, os sonhos e as angústias unem-nos.
Prova disso são os tempos que vivemos atualmente, de pós-pandemia e de guerra, e que permitem que nos encontremos na dimensão humana que tudo investe naquilo que realmente importa. Não podemos ser levados pela banalidade do mal, pelos populismos, pelos discursos inflamados e antissistema. Os verdadeiros democratas não são aqueles histéricos que exigem isto ou reivindicam aquilo, mas sim os que vivem e deixam viver, os que respeitam as opiniões diferentes, as excentricidades e as manias dos outros, sem ceder à tentação de os desconvencer pela coação.
Hoje temos aqueles que nunca se calam, que nunca erram e que nunca cedem. Mas também são esses aqueles com quem nunca se pode contar para construir e que nunca se reveem no país que têm.
Eu confesso: gosto do que este país fez de mim, do que este país fez de nós. Porque nós podemos protestar contra isto e aquilo, mas o que não podemos negar é que foi o bom e o mau que nos fizeram as pessoas e a sociedade que hoje somos.
No fundo, a conclusão é muito simples: podemos criticar Portugal, mas quem seríamos se não tivéssemos nascido neste lugar do mundo? Não podemos viver, permanentemente, a olhar para trás, como se tivéssemos cometido erros colossais que explicam o lugar onde estamos e, inevitavelmente, estaremos. Como escreveu Saramago, «é a vontade que nos salvará, só por falta dela nos perderíamos. E a lição do 25 de abril é, precisamente, uma lição de vontade. Esse pouco. Esse tanto.»
Viva o 25 de abril.
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Margarida Benedita
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Diogo Pina Chiquelho