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A família de um homem de 86 anos com mobilidade reduzida apresentou queixa contra o Hospital de Viseu depois de, em plena noite, o idoso ter sido enviado sozinho para casa, num táxi. Os familiares acusam a unidade de saúde de exposição e abandono e alegam que o transporte foi feito sem as devidas condições e sem garantia de segurança.
A notícia é avançada esta segunda-feira (25 de novembro) pelo jornal Público, que adianta que o caso já está a ser investigado pelo Ministério Público.
Os familiares acusam a instituição de saúde de ter enviado o idoso sem meias e sem roupa adequada para enfrentar o frio. Já sobre a conta do táxi – que rondou os 100 euros –, os familiares dizem que deveria ter sido paga pelo Hospital de Viseu e não pelo próprio idoso.
Tudo aconteceu na noite de 6 de novembro, quando o utente – que, de acordo com o que adianta a notícia, apresentava sinais de confusão e necessita da cadeira de rodas para andar – recebeu alta hospitalar após ter sido sujeito a uma observação prolongada.
Eram 21h37 quando a filha do doente recebeu o primeiro telefonema de uma enfermeira que disse que o transporte precisava de ser assegurado imediatamente. A casa do idoso fica a 50 quilómetros do Hospital.
A filha tentou recorrer aos bombeiros para pedir uma ambulância, mas estes responderam que só estariam disponíveis para realizar o transporte na manhã seguinte, às 08h00, uma vez que, à noite, tinham apenas dois operacionais para responder a emergências.
Minutos depois, a filha do idoso recebeu uma nova chamada da enfermeira que insistiu na saída imediata do paciente, afirmando que o homem poderia ser transportado de táxi e que o próprio teria concordado com essa opção.
“Está a dizer-me que não quer vir buscar o seu pai? Está a dizer-me que vai abandonar o seu pai? Há aqui imensos táxis! Ele pode ir de táxi! Ele está a dizer-me que quer ir de táxi! Se eu lhe tivesse ligado às três horas da manhã até percebia, agora são 21 horas e nós precisamos de camas disponíveis!”, terá dito a enfermeira, de acordo com a queixa avançada pelo Público.
Perante isto, a filha do doente pediu ao Hospital que “não colocasse o seu pai num táxi desconhecido” e que “aguardasse alguns minutos, uma vez que iria contactar um taxista da sua confiança”. Mesmo assim, o pedido foi negado e o idoso acabou por ser colocado num táxi, tendo a filha sido informada que o pai já estaria a caminho de casa.
Segundo a queixa, a mesma pediu à enfermeira que “desse o seu contacto telefónico ao taxista para que pudesse, dessa forma, acompanhar a viagem do pai, mas esta não o fez”.
O sénior acabou por chegar a casa com a ajuda de dois militares da GNR, isto depois de a Guarda ter sido chamada pelo taxista que não tinha a morada exata.
Na queixa, os familiares do homem de 86 anos dizem-se ainda indignados pelo facto de ninguém se ter “dado ao trabalho de o vestir adequadamente”. “Encontrava-se sem meias, em pleno mês de novembro, em Viseu, local onde as temperaturas mínimas rondam os seis graus”, pode ler-se na denúncia.
Hospital de Viseu nega acusações da família do idoso
Em resposta ao Público, a Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões – que gere o Hospital de São Teotónio – apresentou a sua versão dos acontecimentos. Segundo a instituição, o idoso esteve “consciente e colaborante” durante o tempo em que esteve no serviço de urgência e a filha foi informada sobre o estado clínico e as condições de alta.
A ULS Viseu Dão Lafões argumenta ainda que o transporte de táxi foi aprovado pela filha, “evitando que o familiar passasse a noite no hospital e visto que o transporte através dos bombeiros só poderia ser efetuado no dia seguinte”.
A instituição de saúde defende também que a recuperação do doente deve ser preferencialmente feita “num ambiente próximo e familiar, garantindo não só o conforto como a segurança do utente, tendo em vista a redução do risco de infeção hospitalar”.
O Departamento de Investigação e Ação Penal de Viseu já abriu o inquérito de modo a apurar se houve negligência e exposição a risco desnecessário por parte do Hospital de São Teotónio.