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Ela tirou um cartão do hotel onde trabalhava, e escreveu o nome completo dela. Eu agarrei num guardanapo e escrevi duas moradas: a de Coimbra e a de Tondela. E perguntei-lhe o que faríamos a seguir. Interrogou-me, se quanto ao futuro ou aos próximos dias. A ambos, disse-lhe. Quanto à estada em Wengen estava tudo tratado. Acrescentara o meu nome à lista de hóspedes e pedira uma cama a mais para o quarto. Esbocei um gesto de protesto por causa das despesas, mas ela atalhou-me qualquer justificativa, desvalorizando o caso.
Quanto ao futuro, ela foi explícita. Comprara dois pequenos apartamentos em Portugal, um para os pais e o irmão, outro para ela. Esse tinha sido um dos objetivos da sua emigração. Na Costa da Caparica, esclareceu ela, a fim de dar um outro ambiente à família, longe da miséria de outrora. Para o pai tem sido um paraíso, dedicado à pesca artesanal. O irmão entrara na tropa, pretendia seguir a vida militar, e estudar. De modo que, em números redondos, estes compromissos obrigavam-na a mais uns sete anos de ausência. Talvez menos, dada a capacidade de poupança dela. Só tira uma semana de férias na neve para desanuviar. A Portugal foi uma vez e exclusivamente para tratar da escolha e compra dos apartamentos. Portanto, este era o ponto da situação.
Foram seis dias de uma intensidade que eu gostaria de qualificar de fulgurante, seis dias de glória e esplendor, não fosse soar-me um pouco mal esta verbosidade. Talvez pudesse escrever maravilhosos, mas parece-me piegas. Foram seis dias plenos, ontologicamente plenos. Seis dias que, simultaneamente, passaram à velocidade da luz e concentraram o fogo da eternidade.
Eu perguntei-lhe do meu papel no meio daquele ponto de situação que ela acabara de desenvolver. Ela respondeu-me com uma desarmante simplicidade. Agora que, com a minha vinda, lhe fora devolvida a fé no nosso amor, no seu potencial, ela propunha que soubéssemos esperar.
Estávamos deitados na cama, no seu quarto de hotel. Recordo-me de ela me dizer, e não estava a brincar, nem a sorrir, dizer-me que o amor é, na pureza da sua verdade, o querer envelhecer juntos. Ela agora sabe que é possível esse desiderato, palavras dela, que o nosso amor resiste à distância e ao deserto, que nada o pode quebrar, se sobreviveu ao pior período da sua vivência.
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Clara Gomes - pediatra no Hospital CUF Viseu
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Pedro Escada
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