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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
Quer as organizações públicas, privadas e os Estados foram construídos em forma de pirâmide. Uma pirâmide suportada por uma base feita de pessoas. Daí para cima, até ao topo, há uma infinidade de cargos, estatutos e chefes com uma ascendente importância. Apesar de sabermos e reconhecermos muita dessa importância, acabamos por valorizar e cuidar pouco das bases que a sustentam. No caso da política são elas que elegem os nossos representantes e por isso deveriam ser sábias nas suas escolhas. Sábias no sentido de conhecer bem os candidatos, pensar e decidir por si e de acordo com a sua consciência. E será assim?
Por muitas e outras antigas razões a Revolução Industrial, que foi poderosa e começa no Séc. XVIII, arrastou até hoje alguns dos princípios que marcam as relações de poder. Espalhados pelas paredes das fábricas havia uns cartazes que permaneceram tempo demais e que ainda hoje habitam no imaginário de muitos. Cartazes que diziam ás bases da pirâmide: “Tu não estás pago para pensar, há outros que são pagos para fazer isso”. Os pagos para pensar eram os chefes que iam subindo na escada da pirâmide!
Muita da política de hoje, apesar da democracia, vem adotando ainda esta velha ideia de separar o pensar do fazer. A constatação é que as bases da sociedade, as bases dos partidos, não estão feitas para pensar. Também aqui se foi construindo uma pirâmide de mandadores/pensadores, suportados pelas tais bases que os elegem. O problema é que aos poucos o pensamento emanado desses chefes, cada vez mais afastados da realidade e dos cidadãos foi-se transformando num conjunto de crenças. Nós sabemos como são fortes esse tipo de crenças, onde toda a gente parece pensar da mesma maneira e a luta é travada entre o bem e o mal, mas onde nós estamos sempre do lado do bem.
Isto é o princípio do fim de qualquer tipo de pensamento critico, numa sociedade que precisa dele como do pão para a boca. É por isso que se começa a dizer que é preciso inverter a pirâmide e valorizar aqueles que são capazes de pensar e fazer ao mesmo tempo. Aqueles que estão mais perto de nós, dos problemas e são capazes de decidir na hora. Mas esta crise democrática começou agora?
Faz 40 anos que um professor libanês me alertava para isto, numa universidade do sul da França e numa aula sobre liderança. Era difícil de digerir o que ele dizia, o que motivou na altura muitas e variadas perguntas. E ele, pausadamente, lá foi explicando o seu pensamento:
– Haverá um tempo em que não vamos mais poder distinguir o poder da liderança, mesmo sendo eles tão diferentes! Diferentes porque o poder impõe e a liderança é aceite. A imposição do poder, qualquer que ele seja, fará nascer um duelo permanente, uns vão querer mantê-lo a todo o custo e os outros vão querer conquistá-lo a qualquer preço. Tudo porque é muito mais fácil mandar do que convencer. Perante esta dificuldade de uma liderança, de uma aceitação, o poder vai fragmentar-se, tribalizar-se em pequenos grupos e tornar impossível qualquer governação.
Nestas lutas tribais, na procura de uma aceitação, vai valer tudo e nós teremos cada vez mais dificuldade em distinguir a verdade da mentira. Pior ainda, a verdade vai parecer agressiva, descontextualizada, um delírio de poetas. É o fim da liderança, daquela cujo propósito era ser clara, transparente e capaz de influenciar por via de uma compreensão e ação inteligentes, onde a ética e a moral estavam sempre presentes.
Porque é que eu me lembrei disto agora? Porque as realidades novas acordam memórias antigas e isso obriga a pensar! Acabei por concluir que 40 anos passados, aquele professor libanês tinha razão e parece que estamos sempre a repetir os mesmos erros em quase tudo.
E o que é isso de inverter a pirâmide? Significa que é urgente dar pensamento às bases e pressão para o fazer e decidir aos níveis superiores da pirâmide. Só assim teremos organizações e Estados inteligentes. E porquê? Porque nós sabemos e vemos todos os dias, que decidir é o fazer dos poderes superiores, que decidir tem riscos e que por isso são atos que eles evitam. Mas essa é a sua função! Também é verdade que até Margaret Thatcher, essa Dama de Ferro que todos julgavam uma grande decisora, deixou nas suas memórias que só decidia quando não tinha outra saída.
A nossa sociedade está a negar os dois atos mais importantes da democracia. Um é o decidir, que é o fazer dos poderes superiores. Isso acontece, porque sempre que o fazem há um coro de ruídos e ameaças para o impedir; porque qualquer decisão vai sempre contra alguns interesses instalados. O outro é a negação do pensar e que tem sido substituído pelas crenças. Aos fazedores e aos críticos é levantado todo o tipo de problemas, até os chamam de conflituosos. Mas só erra quem faz!
Isto explica o que se passa na nossa política! Transformou-se o não decidir numa arte, uma arte que depois quer impedir que as suas bases pensem! A solução que nos resta é transformar o Pensar e o Fazer num direito e num dever de todos.
A ideia de que governar é uma coisa difícil, faz-me sempre lembrar uma entrevista a Sottomayor Cardia, que foi Ministro da Educação no I e II Governo Constitucional. Um jornalista perguntou-lhe se ele estava preocupado em ir governar uma pasta tão difícil? E ele, disse que não! E porque não, insistiu o jornalista? Ele respondeu, porque está tudo por fazer! Às vezes fico com essa ideia dos decisores, onde incluo governação e oposições. Na relação construtiva entre partidos do governo e oposição está tudo por fazer! É o centralismo de toda a forma e expressão política que está a abafar o país! Corre nos governos, autarquias e partidos políticos. É isso que precisa ser virado de pernas para o ar e inverter a pirâmide!
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
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Magda Matos
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Pedro Escada