A partir de hoje as escolas estão obrigadas a garantir os serviços mínimos para colmatar os efeitos das greves dos professores. No distrito de Viseu, todas as escolas cumpriram as diretrizes do Colégio Arbitral, mas nem a obrigatoriedade de serviços mínimos impediu os docentes de sair à rua para protestar.
Em Castro Daire, mais de meia centena de professores concentraram-se junto das várias instituições de ensino do concelho e cumpriram a paralisação ao primeiro tempo letivo. Na greve participaram mais de meia centena de professores do agrupamento que reúne mais de mil alunos.
“Entendemos marcar presença numa greve pontual, do primeiro tempo. Em termos de adesão, não optamos por juntar toda a gente, porque somos um agrupamento constituído por três núcleos fundamentais – Escola Básica, Escola Secundária e a Escola de Mões -, mas na Escola Básica surpreendeu-me, com uma adesão significativa, assim como na Escola Secundária onde também se concentrou um grande número de professores e alunos”, disse ao Jornal do Centro Paulo Carvalho, professor no agrupamento.
Lutar pela escola nacional e pedir que se valorize a carreira dos professores foram as palavras de ordem dos docentes que em cartazes transmitiram algumas das reivindicações: “Dignidade e respeito pelos professores”; “Pela defesa da escola pública”; “Só há quota para um governo decente portanto… vocês estão fora”, foram algumas das mensagens que se podiam ler e que os docentes querem fazer chegar ao Governo.
“Os professores de Castro Daire estão em luta pela Escola, estamos contra a tutela e não podemos compactuar com um país com duas leis e onde há dinheiro para tudo menos para professores. É isso que nos indigna, e a mim pessoalmente, essa dualidade de disponibilidade de dinheiro para tudo menos para a Escola. Somos uma classe que quer ser dignificada e que também não quer garrotes na progressão de serviço”, lamentou Paulo Carvalho.
Para o docente, é ainda preciso que o Governo perceba que a escola se está a transformar num depositário de alunos e que ensinar começa a ser uma parte pequena do dia a dia do professor.
“Hoje em dia, o ato de dar aulas é uma pequena coisa na sua vida diária. Há um excesso de burocracia e a escola transformou-se num repositório de crianças, porque parece que agora se tem a sensação que a escola trata de tudo em vez de tratar do que deve, que é ensinar”, disse.
Durante o protesto, os alunos também se juntaram aos professores e gritaram algumas palavras de ordem.
“Surpreendeu-me os alunos juntarem-se a nós, claro que alguns também aproveitaram a situação. Mas fiquei muito orgulhoso dos meus alunos, que estiveram a gritar e não era por eles, era por nós. E, a verdade é que esta luta é por nós, mas muito por causa dos nossos alunos”, concluiu.