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Jorge Marques
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Magda Matos
A feira do gado de Viseu está a ser condicionada pela doença da língua azul, na variante do serotipo 3, mas foram tomadas medidas para prevenir o contágio. Muitos negócios continuam a ser feitos, mas há criadores que não levam o gado por causa do surto e o próprio mercado – que acontece todas as semanas – passou a funcionar com algumas condicionantes.
A feira é promovida pela Associação de Criadores de Gado da Beira Alta, que não confirmou nenhum caso de língua azul em ovinos ou bovinos na sua região de influência. O presidente da associação, Ricardo Mirandez, diz ao Jornal do Centro que, no entanto, há alguns associados que “fazem a venda do gado, mas os animais não vão à feira” de Viseu como forma de prevenir contágios.
Além disso, a feira recebe apenas o gado “que pode circular na área que lhe é permitida”. “Existem cercos em que o gado não pode sair de uma zona para outra, para não haver contaminação de outros animais”, esclarece o dirigente.
Ricardo Mirandez explica ainda que a Associação de Criadores da Beira Alta tem acompanhado a situação através da Direção-Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV), informado os associados e adotado medidas sanitárias para prevenir o contágio da língua azul.
“Já temos conhecimento desde há uns tempos para cá, através da Direção-Geral de Veterinária. Entretanto, como já é do conhecimento público, temos a nossa feira do gado que decorre semanalmente, mas que até está com algumas condicionantes relativamente ao cerco sanitário”, diz o responsável que preside à associação desde maio.
Ricardo Mirandez adianta ainda que a Associação de Criadores também contactou a DGAV para garantir a disponibilidade de vacinas contra a língua azul, mas ainda aguarda a resposta.
A associação tem garantido a vacinação contra os serotipos 1 e 4 desde 2022 e adotado as medidas de vigilância e controle determinadas pela DGAV. Já no caso do serotipo 3, nenhum animal foi ainda vacinado.
Ricardo Mirandez também pediu aos serviços um apanhado de eventuais casos na área de intervenção da associação que abrange os concelhos de Aguiar da Beira, Sátão, Penalva do Castelo e Viseu.
Associação de Criadores da Serra da Estrela sem casos de língua azul no distrito de Viseu
Já o presidente da Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE), Manuel Marques, afirma ao Jornal do Centro que não foram registados casos de língua azul no distrito de Viseu. Mas, foram detetadas duas situações em Oliveira do Hospital no distrito vizinho de Coimbra.
De resto, sublinha o responsável, a ANCOSE está a tomar medidas de contenção e prepara-se para administrar a vacina contra a língua azul em Tábua. “O presidente da Câmara ligou-me a dizer que, se o Estado não comparticipar as vacinas, a autarquia avança com a compra das mesmas”, acrescenta.
Segundo Manuel Marques, as zonas do distrito de Viseu que poderão ser mais problemáticas por causa da língua azul são as de Nelas, Carregal do Sal, Penalva do Castelo e Mangualde, bem como algumas localidades do concelho de Viseu.
Raça arouquesa: Associação quer vacina gratuita e alerta para mortes de vacas e ovelhas
Mais a norte, o secretário-geral da Associação Nacional dos Criadores da Raça Arouquesa (ANCRA), que tem sede em Cinfães, também diz que não há casos confirmados da variante do serotipo 3, mas alerta que há ovelhas e vacas a morrer e com vários sintomas.
“Nós não temos conhecimento, mas não quer dizer que não tenha havido. Há produtores que reportam que as suas ovelhas estiveram doentes e morreram. Houve vacas que até ficaram cegas e tiveram sintomas atípicos. No entanto, certeza de que é o serotipo 3, não temos”, disse Manuel Cirnes.
Segundo o responsável, a falta de casos confirmados deve-se ao facto de não ter sido feito o diagnóstico antes da morte do animal. Mesmo assim, a ANCRA quer que a tutela disponibilize de forma gratuita a vacina e já informou aos produtores que comunicassem imediatamente “logo que tenham alguma situação atípica de doença com os animais”.
“Pretendemos pressionar a DGAV para que a vacina do serotipo 3 seja gratuita e incluída na campanha de vacinação, tal como acontece com os serotipos 1 e 4. No entanto, não temos tido produtores a reportar isso”, remata.
Contactada pelo Jornal do Centro, a DGAV remeteu esclarecimentos para o Ministério da Agricultura, que, até ao fecho desta notícia, não deu resposta.
Prejuízos com a língua azul já ultrapassaram os seis milhões de euros, diz Confederação dos Agricultores
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) já alertou que o surto de língua azul provocou prejuízos de mais de seis milhões de euros e que os efeitos poderão agravar-se nas próximas semanas. Em comunicado, a entidade alerta para um aumento da mortalidade desde o início de setembro até hoje, período em que se contabilizam “mais 40 mil mortes entre a população de ovinos, face a igual período do ano passado” e que o setor “precisa urgentemente de ajudas”.
A língua azul é uma doença viral, de notificação obrigatória, que afeta os ruminantes e não é transmissível a humanos, sendo a sua transmissão feita através de um mosquito. O surto não afeta a qualidade da carne, do leite ou dos seus derivados que possam vir de animais infetados.
O Governo anunciou na semana passada que comprou mais de três milhões de vacinas contra a língua azul. Em Portugal estão a circular três serotipos de língua azul, nomeadamente o BTV-4, que surgiu, pela primeira vez em 2004 e foi novamente detetado em 2013 e 2023, o BTV-1, identificado em 2007, com surtos até 2021, e o BTV-3, detetado pela primeira vez em 13 de setembro.
A vacinação de ovinos e bovinos contra os serotipos 1 e 4 é obrigatória. Já contra o serotipo 3 é apenas permitida. A DGAV autorizou temporariamente três medicamentos contra a língua azul, dois dos quais ainda não estão disponíveis no mercado.