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Chegar à peça final, já com todos os pormenores bem limados, com os relevos nivelados bem para encantar quem passa pelos ares da Serra de Montemuro, é um trabalho que nem todos conseguem. Nas mãos, apenas marcas de quem trabalha a perfeição. E depois, vemos a própria leveza da arte a entrelaçar-se naquele ambiente. É bonito o que se vê. O negócio é que já viu melhor dias. Ora, mas entre artesãos já se diz que se criou uma associação para desenvolver o artesanato português. Isto é, “voltar à moda”. Na Cooperativa de Artesãos do Montemuro, no concelho de Castro Daire, há quem já sonhe com novos incentivos.
Em poucas palavras, a Associação Saber Fazer nasceu da necessidade de criar condições mais favoráveis à continuidade das artes e dos ofícios tradicionais, de forma sustentável. É um organizado criado pelo Governo para promover a qualificação do setor e dos artesãos, a passagem do conhecimento para novas gerações e a promoção do turismo cultural, dentro de Portugal. Uma estratégia que, aos olhos de Lurdes Quintans, responsável e funcionária da Cooperativa de Artesãos do Montemuro, é “positiva” se realmente houver algum poder de intervenção e de comunicação “com quem é do Direito”, disse.
Quando lhe perguntámos o que era necessário para “erguer” o setor, hesitou por breves instantes: “isto é uma pergunta que tem muito que se lhe diga”, suspirou, “neste momento, estamos mesmo a lutar com grandes dificuldades na mão de obra, era preciso haver mais incentivos”. Costuma dizer que “o artesanato já por si dá trabalho e não dinheiro. As pessoas o que que querem? Querem dinheiro, como é lógico, todos nós trabalhamos em troca de alguma coisa”, lançou, a encolher os ombros.
Hoje em dia, dificuldades são o que mais há. “Já tivemos muitos melhores dias, quer a nível de mão de obra, quer a nível até da procura de artesanato”, lamentou. É da opinião de que “deveria estar isento, por exemplo do IVA, e aí como associação, poderia realmente ter algum poder de intervenção, ou não, para a revisão dessa situação”, sugeriu. E não tardou a dar-nos um simples exemplo: “temos uma peça, ela até fica a 100 euros, mas vai logo para 123 euros. Faz toda a diferença, e não vai nem para A, nem para B”, sustentou.
Além disso, o facto de um artesão ser obrigado a coletar-se para conseguir vender as peças que produz é, na opinião de Lurdes, “injusto para as pessoas que não fazem disso profissão”. “São as nossas dificuldades e isto em geral”, disse, entre sorrisos.
A conversa estendeu-se por longos minutos que já começavam a parecer horas. Lurdes tem amor ao que faz, ao artesanato, à arte das mãos. “O artesanato, na minha perspetiva, é a nossa identidade, o nosso património”, defendeu, reconhecendo que os mais jovens “têm curiosidade, apreciam, mas não querem aprender porque sabem que não dá para sobreviver e para fazerem o que quer que seja têm que ter todas aquelas burocracias”.
Perguntámos-lhe também se “todas essas dificuldades” significavam um perigo para a sobrevivência do artesanato. É simples: “Isto não pode ser um perigo, isto é a morte anunciada”.