Autor

Francisco Almeida

19 de 09 de 2022, 11:02

Colunistas

Novo ano letivo: Com velhos e novos problemas!

Os dados oficiais dizem que a situação se vai agravar uma vez que 600 professores com horário atribuído vão aposentar-se até ao final do ano civil

No ano letivo que agora se inicia mantêm-se os problemas que se arrastam há vários anos com os governos do PS e do PSD/CDS.
O crónico subfinanciamento de todo o sistema educativo, a falta de democracia na direção e gestão das escolas, a falta de recursos para a ação social escolar, a carga burocrática excessiva no funcionamento das escolas e no exercício da profissão docente, a falta de pessoal docente e não docente, o aperto do garrote da administração político-administrativa que impede a construção da autonomia das escolas e a relação conflituosa do Governo com todos os que trabalham nas nossas escolas, são algumas das dificuldades e problemas que há anos persistem por vontade política de diversos governos.

A estes problemas junta-se este ano, e já no ano anterior, o elevado número de alunos sem professor.
A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) alerta que há 747 horários por atribuir no início do ano letivo, um número mais elevado do que os 600 anunciados pelo ministro da Educação. Aponta ainda que há 600 docentes a aposentar-se até ao final do ano. Na segunda-feira, ao final do dia, tínhamos 991 horários por atribuir, dos quais 747 correspondiam a horários de professores para disciplinas e os restantes para técnicos especiais. Se na terça-feira, dia 13 Setembro, já houvesse aulas em todo o país, cerca de 55 a 60 mil alunos não teriam professores. Não são os 100 mil do ano passado, mas esse pico foi atingido entre 24 e 29 de setembro, pelo que ainda se pode agravar.

Os dados oficiais dizem que a situação se vai agravar uma vez que 600 professores com horário atribuído vão aposentar-se até ao final do ano civil.
Por outro lado, sabe-se que os jovens já não vão para a profissão docente porque não é atrativa. Acresce que os professores atuais não se sentem respeitados nem considerados pelos Governos. Um jovem que comece a trabalhar aos 22 ou 23 anos sabe que só aos 50 é que vai entrar para o quadro. Será vítima da precariedade e salários muito baixos durante trinta anos. Assim, a profissão docente não é atrativa. Os governos sabem disso muito bem.

Sabem, mas decidem não tomar medidas para acabar com a precariedade. Sabem, mas decidem manter uma carreira onde falta contar muito tempo de serviço e remover bloqueios na progressão a dois escalões da carreira. Sabem, mas decidem manter a carga de tarefas burocráticas que impede a dedicação à questão central da profissão docente – a atividade docente, ela própria.
Muitos destes problemas têm origem na decisão de não aumentar o investimento na Educação. Coisa parecida acontece na saúde. Paralelamente, há muito dinheiro para a roubalheira feita nos bancos. Opções políticas dos governos do PS e do PSD/CDS …..