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Manuela Antunes

09 de 04 de 2021, 20:20

Colunistas

Toponimia Exclusiva!

A verdade é que ao longo de décadas as mulheres têm sido “apagadas” da memória futura!

A atribuição de toponímia aos espaços públicos onde circulamos e vivemos é crucial para a nossa identidade individual e colectiva. Daí ser fundamental que essa atribuição seja um reflexo de uma sociedade promotora de equidade a todos os níveis.

Confesso que nunca tinha feito uma reflexão sobre este assunto mas, desde que represento o BE na Assembleia de Freguesia de Viseu, fiquei mesmo “incomodada” com a masculinização da toponímia.
Assim, no dia 12 de Abril (2ªfeira) realiza-se mais uma reunião ordinária da AF de Viseu e um dos pontos da ordem de trabalhos é: Proposta de toponímia.

Ao longo deste mandato tenho votado favoravelmente nas propostas apresentadas, mas apenas um único nome no feminino: Beatriz Pinheiro, escritora, feminista, professora (proposta do BE).
Em Portugal, 90% da toponímia de lugares ou ruas tem nomes de homens e em Viseu a percentagem é ainda mais marcante: 99% ou tem nome de homens ou nomes relacionados com a religião. Aliás, apenas 4 mulheres foram homenageadas pela sua cidade: Rua Augusta Cruz (cantora lírica), Rua Maria do Céu Mendes (pianista), Rua Hélia Abranches de Sove e a mais recente Beatriz Pinheiro …
Dizem os/as entendidos/as que é um reflexo da história!

A verdade é que ao longo de décadas as mulheres têm sido “apagadas” da memória futura!
Urge modificar esta tendência que “atira” as mulheres para segundo plano.
A nossa cidade tem tido, ao longo da sua história, mulheres que se destacaram/destacam na vida pública e com obra reconhecida mas que nunca são opção para identificar um lugar e assim perpetuar os seus nomes e as suas obras: Julieta Barreiros (poetisa), Judith Teixeira (poetisa), Mirita Casimiro (atriz)...
O meu compromisso na Assembleia de Freguesia de Viseu, enquanto eleita pelo BE, é de contrariar esta tendência histórica e continuar a apresentar nomes de mulheres viseenses que têm dignificado a cidade!
E, neste mês em que se celebra a democracia e a liberdade não posso deixar de “vir para a rua gritar” que em 2007, a Assembleia Municipal de Viseu, por iniciativa da deputada Graça Marques Pinto do BE, aprovou por unanimidade a atribuição do nome de José Afonso a uma das ruas/avenidas da cidade. Não é mulher mas neste caso, mesmo sendo consensual, não se cumpriu uma decisão democrática.

Estamos em 2021 e ainda é “difícil” homenagear quem merece!