Rafael Santos

29 de 07 de 2021, 12:55

Desporto

Treinador do Castro Daire revoltado com campeonato “ridículo”

Vasco Almeida renovou com os castrenses, equipa vai militar na Série C do Campeonato de Portugal

Vasco Almeida AD Castro Daire

Vasco Almeida, treinador que vai a caminho da terceira época consecutiva no Castro Daire, diz que o modelo competitivo da próxima época do Campeonato de Portugal “é completamente ridículo”.

“É completamente desajustado, não faz sentido nenhum. Ninguém consegue compreender um modelo competitivo como este, onde descem mais de 40 por cento das equipas. Isto nem no campeonato do Camboja, ou de outro país qualquer, só no Campeonato de Portugal é que descem 40 por cento das equipas”, assegura.

O técnico diz não compreender “as intenções da Federação”, mas salienta que “o que é facto é que este modelo competitivo não serve a ninguém”. Vasco Almeida garante que ou este modelo competitivo serve para “chatear o pessoal, ou se calhar para terminar com o campeonato”.

“Para termos uma ideia, é uma série de 10 equipas, duas disputam a fase da subida e depois os restantes são divididos em dois grupos de quatro, onde descem duas equipas de cada grupo. Imaginemos que o Castro Daire até acaba em terceiro com os 20 pontos, depois vai começar a faze de manutenção com 0 pontos. Estamos sujeitos a fazer um bom campeonato durante quatro ou cinco meses e depois vai com o mesmo número de pontos que o último classificado que pode ter zero pontos”, destaca.

Vasco Almeida diz que as equipas vão andar “quase seis meses em pré-época seis meses”, sendo que depois “o campeonato vai disputar-se num mês e meio ou dois”.

Quanto à Série C, grupo onde estão inseridos juntamente com o Ferreira de Aves, o treinador castrense salienta que “devido à localização geográfica”, acabam por ter de medir forças com “equipas de Aveiro e do Porto, e a série, assim, torna-se muito complicada”.

“Saíram algumas boas equipas da nossa série, mas também entraram outras. Nós conseguimos apanhar as melhores equipas da série de cima. Por exemplo, o Gondomar que estava em primeiro lugar na última jornada [na época passada] e depois não conseguiu disputar o acesso à Liga 3, o Leça que até conseguiu subir à Liga 3 mas depois por outros motivos não conseguiu subir. Ou seja, são grandes equipas, que estão sempre muito apetrechadas com excelentes jogadores e daí a nossa dificuldade ser sempre grande nesta série”, explica.

Quanto à renovação de contrato com o Castro Daire, Vasco Almeida assume que “foi um processo natural”, uma vez que têm feito “um bom trabalho” no clube. O técnico salienta que esta renovação “é uma novidade”, uma vez que “nunca estive mais que duas épocas em nenhum clube”.

Para a próxima temporada, o plantel do Castro Daire vai sofre muitas alterações. O treinador mostra-se preocupado porque “numa remodelação tão grande, com a saída de tantos jogadores, o processo [de adaptação] torna-se um bocadinho mais complicado”.

Vasco Almeida admite que esta restruturação da equipa para a próxima temporada se prende com os efeitos que a pandemia da Covid-19 causou junto do clube. “Toda a gente sofreu um bocadinho, em termos económicos, com a pandemia. Um clube como o nosso que já tinha poucos recursos também sofre”, conta.

“Nós sempre tivemos dificuldade em movimentarmo-nos no mercado por causa dos recursos financeiros que temos, este ano com menos [dinheiro] claro que as dificuldades foram muito maiores. Não foi possível para nós segurar muitos jogadores que queríamos”, explica.

Com algumas renovações e também contrações já asseguradas, Vasco Almeida assegura que “com os recursos que temos, tentamos contratar outros para colmatar essas ausências e essas saídas”. O técnico diz que “o processo ainda não está completo” e que ainda precisam “de mais jogadores”.