Sandra Rodrigues

22 de 03 de 2021, 16:38

Diário

SOS Paiva quer "levar" poluição do rio até à Assembleia da República

A Associação SOS Rio Paiva está a recolher assinaturas para levar o assunto da poluição à Assembleia da República”

Rio Paiva


Ana Margarida


Assinala-se esta segunda-feira, 22 de março, o Dia Mundial da Água. Sérgio Caetano, presidente da associação SOS Rio Paiva, destaca a importância do dia “para refletirmos sobre a forma como nos relacionamos com o meio ambiente à nossa volta”.

A associação ambientalista luta pela preservação do Rio Paiva, onde a situação continua “bastante preocupante” e as denúncias de poluição da água persistem. “Temos visto muito investimento ao nível do turismo, mas não vemos muito investimento para resolver este problema que se arrasta há muitos anos”, assinala.

Atualmente, a associação SOS Rio Paiva está a recolher assinaturas “para tentar levar o assunto à Assembleia da República”, de maneira a que a luta pela preservação do rio que já foi considerado dos menos poluídos da Europa perdure e que consiga chegar à “agenda política e que seja resolvido o mais rápido possível”.

O presidente da associação reforça que a celebração desta data, no caso específico do Rio Paiva, deve despertar interesse e reflexão nas pessoas para que não seja visto apenas “como um destino turístico, mas também como um importante valor natural que tem uma grande riqueza a nível da biodiversidade e que está em causa devido à ação humana, que é a maior ameaça à conversação da água”.

De maneira a celebrar o Dia Mundial da Água, o Grupo AdP – Águas de Portugal divulgou a estratégia Inovação 360º desenvolvida em três projetos apoiados pelo Fundo Ambiente, que remetem para a reutilização de água na agricultura e para a análise de riscos de incêndios com impacto nas infraestruturas de abastecimento de água e saneamento.

“Nos próximos três anos, o Grupo AdP vai alocar mais de um milhão de euros ao fundo criado este ano e especificamente vocacionado para financiar novos projetos e acelerar a inovação estratégica”, confessou o grupo à agência Lusa.
“REUSE” é o nome de um dos projetos que tem como objetivo promover a produção e utilização da água para reutilização na atividade de regadio na região do Alentejo, devido à baixa precipitação e elevada isolação e intensidade de agricultura. Este projeto será desenvolvido através de uma tecnologia económica com energia renovável.

Em 2019, o projeto utilizou, como experiência, um sistema de produção de água para reutilização através da desinfeção solar das águas residuais tratadas na ETAR de Beja. As águas serviriam, mais tarde, para a rega de um pomar de romãzeiras de um agricultor da região, para que fosse possível estudar o seu impacto.

O grupo conta também com o projeto “AQUA-VINI” para promover a economia circular e a reutilização da água na rega agrícola do Alentejo, sendo desenvolvida através de uma tecnologia económica e sustentável. “Pretende-se que o projeto estenda a circularidade entre o setor das águas e o setor vitivinícola, em dimensões conexas, reforçando desta forma a relação ambiente/agricultura”, reforçou. O setor vitivinícola promove os projetos sustentáveis de eficiência hídrica com a água residual tratada para a rega, tratando-se de um setor reconhecido em contexto económico nacional e regional.

O outro projeto designa-se “SMART FIRE PREVENTION - Avaliação de risco de incêndio com recurso a inspeção via satélite e implementação de procedimentos de desmatação” e pretende distinguir as áreas de desmatação prioritárias e previsão e calendarização de áreas e investimento respeitante à desmatação. Em situação de incêndio, procura reconhecer as infraestruturas críticas, em razão do risco e da garantia da distribuição da água.

“Com o propósito de viabilizar projetos de inovação estratégica alinhados com as prioridades do Quadro Estratégico de Compromisso afetámos uma dotação para os próximos 3 anos de um milhão de euros. Temos a certeza que este será um investimento com um grande retorno no futuro próximo e um contributo decisivo para a sustentabilidade das nossas empresas”, refere José Furtado, presidente do conselho de administração da Águas de Portugal, citado em comunicado.