Jorge Lopes

04 de 02 de 2023, 09:00

Diário

Cinfães e Vila Nova de Paiva entre os concelhos que mais se desenvolveram na última década

Estudo da Universidade de Aveiro revela que Sernancelhe foi o município da região que recebeu mais fundos europeus “per capita”. Viseu cresceu menos, mas também recebeu menos apoios europeus

vila de cinfães

Cinfães e Vila Nova de Paiva estão entre os concelhos do país que mais se desenvolveram com os fundos europeus. Os dois municípios também foram, juntamente com São Pedro do Sul, os que mais se desenvolveram de forma sustentável na região de Viseu durante a última década e mesmo sem recebendo muitos dinheiros comunitários por habitante.

As conclusões resultam de um estudo divulgado esta semana pela Universidade de Aveiro sobre o impacto e a eficiência dos fundos estruturais de desenvolvimento nos municípios portugueses. De acordo com a investigação, Sernancelhe foi o município da região que recebeu mais fundos “per capita” e Santa Comba Dão o que obteve menos dinheiro.

Cinfães tem o maior Índice Local de Desenvolvimento Sustentável Dinâmico (IDSD) da região, atingindo o valor de 54,4. Vila Nova de Paiva e São Pedro do Sul registam IDSD de 50,9 e 47,7, respetivamente. Além destes concelhos, também vários outros do distrito cresceram sustentavelmente e receberam menos fundos “per capita” como Resende, Castro Daire, Sátão, Penalva do Castelo, Moimenta da Beira, São João da Pesqueira, Penedono e Santa Comba Dão.

O IDSD foi calculado a partir da análise de 55 indicadores para avaliar a variação do desenvolvimento sustentável dos territórios entre 2014 e 2020, na sequência do investimento apoiado por fundos europeus, entre eles o rendimento “per capita”, as taxas de desemprego e mortalidade e o poder de compra.

Já Sernancelhe, Lamego, Oliveira de Frades, Vouzela e Mortágua cresceram mais e tiveram acesso a um maior envelope financeiro vindo de Bruxelas. Os concelhos que menos se desenvolveram foram Tabuaço, Aguiar da Beira e Tarouca com índices de 40, 43,1 e 43,5, respetivamente.

Viseu está entre as cidades que registaram menos crescimento e que também receberam menos apoios europeus “per capita”, tendo tido um índice de desenvolvimento sustentável de 43,5. Mesmo assim, a capital da região recebeu um total de 322,3 milhões de euros em fundos do Portugal 2020 e do Quadro de Referência Estratégico Nacional até há três anos. Nelas foi o único concelho do distrito que cresceu menos e que, mesmo assim, teve direito a um envelope acima da média.

O concelho que mais recebeu fundos “per capita” foi Sernancelhe, onde cada habitante ‘ficou’ com 6.049,12 euros. Santa Comba Dão recebeu menos: 2.388,05 euros. Em Viseu foram investidos 3.299,04 euros por pessoa.

O estudo também avaliou a eficiência dos municípios na utilização dos recursos humanos e económicos, considerando a população de cada município, o cofinanciamento “per capita” de fundos estruturais e o Índice de Desenvolvimento.

Segundo os dados da Universidade de Aveiro, Penedono foi o município do distrito com a maior taxa de eficiência: 80%. Vila Nova de Paiva registou 65% e Santa Comba Dão 56%. Viseu foi o concelho menos eficiente com uma taxa de cerca de 20%.

A investigação visou avaliar o desenvolvimento induzido pelos fundos europeus com base nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) aprovados em 2015 no âmbito da Agenda 2030 da Nações Unidas e distribuídos por quatro dimensões: ambiental, social, económica e institucional.

“Importa ter em conta que a distribuição das verbas no território cumpre determinados critérios de desenvolvimento: nas regiões menos desenvolvidas (Centro, Alentejo e Açores) a taxa de cofinanciamento cobre até 85%, enquanto nas regiões em transição (caso do Algarve) o cofinanciamento máximo vai até 80%, e nas regiões mais desenvolvidas (Área Metropolitana de Lisboa e Região Autónoma da Madeira) os fundos representam até 50% dos investimentos totais", explica o estudo.

Entre os fundos estruturais analisados estão o Fundo de Coesão, o Fundo Social Europeu, o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, o Fundo Europeu de Desenvolvimento Rural e o Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas.

Municípios que crescem mais de forma sustentável, mas recebem menos fundos “per capita”
1. Cinfães
2. Resende
3. São Pedro do Sul
4. Castro Daire
5. Vila Nova de Paiva
6. Sátão
7. Penalva do Castelo
8. Moimenta da Beira
9. São João da Pesqueira
10. Penedono
11. Santa Comba Dão

Municípios que crescem mais de forma sustentável, mas recebem mais fundos “per capita”
1. Sernancelhe
2. Lamego
3. Oliveira de Frades
4. Vouzela
5. Mortágua

Municípios que crescem menos de forma sustentável, mas recebem menos fundos “per capita”
1. Viseu
2. Tondela
3. Carregal do Sal
4. Mangualde
5. Aguiar da Beira
6. Tarouca
7. Armamar
8. Tabuaço

Municípios que crescem menos de forma sustentável, mas recebem mais fundos “per capita”
1. Nelas