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10 de 08 de 2021, 15:06

Diário

Só há duas médicas dentistas nos centros de saúde de Dão Lafões

Profissionais estão concentradas nos centros de saúde Viseu 3 e de Carregal do Sal. Diretor do ACES admite que projeto “está muito longe” de satisfazer as necessidades da saúde oral

Fotos genérica da clínica dentária da Universidade Católica Portuguesa em Viseu

Fotógrafo: Igor Ferreira

O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Dão Lafões tem apenas duas médicas dentistas a atender a região, após ter sido implementado um projeto-piloto que previa a entrada destes profissionais no Serviço Nacional de Saúde.

O projeto do Governo previa a colocação de um dentista em cada centro de saúde. A Ordem dos Médicos Dentistas considera que, cinco anos depois da sua criação, a iniciativa “falhou quase em toda a linha” argumentando que nenhum médico dentista se manteve devido às “escassas condições” oferecidas.

Em declarações ao Jornal do Centro, o diretor executivo do ACES Dão Lafões, António Cabrita Grade, revela que, na zona abrangida pelo agrupamento, há “uma médica sediada no Centro de Saúde Viseu 3 e uma outra médica sediada no Centro de Saúde de Carregal do Sal”.

“As duas médicas fazem apoio dentro do possível em dois centros de saúde que estão equipados com cadeiras e que são os de Vouzela e Santa Comba Dão”, explica acrescentando que as especialistas também atendem utentes referenciados pelos médicos de família de outros concelhos da região Dão Lafões.

Cabrita Grade admite que o projeto “está muito longe” de satisfazer as necessidades da saúde oral. O responsável defende que os cuidados de saúde primários deveriam ter nos centros de saúde pelo menos “a parte curativa que deveria ser extensível a todos os concelhos do país”.

O diretor do ACES Dão Lafões recorda ainda que alguns municípios assinaram protocolos com o Governo para trazer numa fase experimental a saúde oral aos centros de saúde, como Sátão e Mangualde, há cerca de três anos.

Já o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão, diz que o programa constituía “uma oportunidade para trazer justiça a uma falha antiga do Serviço Nacional de Saúde, repondo a saúde oral”.

Segundo este dirigente, o projeto pode estar em risco por não apresentar os resultados desejados, colocando em causa a relação entre o dentista e os utentes.

Apenas 111 concelhos do país têm médicos dentistas nos centros de saúde, representando menos de metade do território nacional. Para trazer mais dentistas ao SNS, Miguel Pavão defende a criação de uma nova carreira especializada “para haver uma integração plena e real dos médicos”.