Diário

Deputado do PS tem dúvidas que linha Aveiro-Mangualde seja uma realidade

Linha ferroviária, com "acesso" a Viseu, consta no novo Plano Ferroviário Nacional. José Rui Cruz pede mais comboios para a Linha da Beira Alta

O deputado do PS na Assembleia da República, José Rui Cruz, tem dúvidas de que a nova linha ferroviária Aveiro-Mangualde seja uma realidade nos próximos tempos e aponta para a elevada despesa que o projeto iria acarretar. O socialista prefere olhar para a Linha da Beira Alta e também para o projeto do IC37 entre Viseu e Seia.

A ligação Aveiro-Mangualde consta no novo Plano Ferroviário Nacional, lançado na última segunda-feira (19 de abril) pelo Governo.

De acordo com o documento, a nova linha irá “criar acesso a Viseu (que não tem ferrovia há mais de 30 anos) e reduzir tempos de viagem para a Beira Interior”. O plano, que tem como intenção ligar todas as capitais de distrito por comboio, deve ser concretizado até 2030.

Em declarações ao Jornal do Centro, José Rui Cruz lembra que o Plano Ferroviário Nacional vai ser agora alvo de “uma fase de contributos” envolvendo várias entidades. “A linha Aveiro-Mangualde tem custos elevados e vamos ver até que ponto há capacidade financeira para que essa linha seja construída. Não digo que não seria boa para Viseu, mas atendendo aos custos tenho muitas reservas que seja possível”, assume.

O também presidente da Federação distrital do PS de Viseu alerta ainda para o facto de serem precisos mais comboios na Linha da Beira Alta, que serve vários concelhos da região.

José Rui Cruz defende “mais comboios que cheguem mais depressa a Lisboa ou que, pelo menos, cheguem mais depressa a Pampilhosa da Serra e a Coimbra”. “O que nos falta é comboios que permitam logo às pessoas de Nelas chegarem rapidamente a Pampilhosa e Coimbra porque, às vezes, a viagem demora mais e muitas pessoas acabam por ir de de autocarro”, sustenta o parlamentar.

Contudo, o deputado do PS também prefere que o futuro IC37, que vai ligar Viseu a Seia, resolva grande parte dos problemas atuais, realçando que “Viseu poderá sempre ter acesso à ferrovia, porque está a poucos minutos de Mangualde". “Se a primeira fase desse investimento for feita entre Viseu e Nelas, ficaremos com uma distância de menos de 10 minutos”, diz.

José Rui Cruz acrescenta que a nova estação que será construída em Nelas para a Linha da Beira Alta poderá no futuro contar ainda com ligações por shuttles elétricos ou combustível verde.

Além de Viseu, as cidades de Bragança e Vila Real são as únicas capitais de distrito que não têm ligação por comboio. O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, já deixou claro que o Plano Ferroviário Nacional só vai ser concretizado à medida das condições financeiras do país, adiantando que os investimentos serão superiores aos previstos no Programa Nacional de Investimentos 2030.