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28 de 01 de 2023, 08:55

Diário

Intercâmbio: “Não quero sair de Viseu”, pede jovem que precisa de nova família de acolhimento

Sélie Leger, jovem francesa de 16 anos, está a participar num programa de intercâmbio para estudantes. Um problema de saúde de um elemento da família de acolhimento que recebeu a jovem não permite que continue com eles. Agora, Sélie está à procura de uma nova casa porque não quer sair de Viseu

SELIE PROJETO INTERCAMBIO ESTUDANTES

Fotógrafo: DR

Sélie Leger está em Viseu desde setembro do ano passado, no âmbito de um programa de intercâmbio internacional para jovens estudantes. Agora, está à procura de uma nova família para evitar uma mudança para Lisboa.

A jovem francesa, de 16 anos, integrou a versão do programa que tinha uma duração de quatro meses, que poderiam ser extensíveis e era isso mesmo que iria acontecer. Sandra Bidarra e Diogo Duarte foi o casal que recebeu Sélie e que estava disposto a continuar a ser família de acolhimento, mas um problema de saúde familiar não permite que a jovem continue com eles.

Sélie está agora à procura uma nova família porque não quer sair de Viseu. Caso não consiga, a jovem terá que mudar-se para Lisboa, algo que não quer.

“O ideal seria encontrar uma família nova aqui, porque indo para Lisboa é um local que não conheço, uma cidade grande e seria mais complicado”, conta ao Jornal do Centro.

Para Sélie, Viseu é onde está a sua “nova vida” e é cá que quer continuar. “Não quero ir embora, porque em Viseu já tenho os meus amigos, a escola, a minha “família”. Já tenho os meus hábitos, o meu horário adaptado. Já conheço os cantos à cidade e, acima de tudo, gosto de Viseu”, garantiu.

Entretanto, foi possível arranjar uma família temporária mas que só irá acolher a jovem durante a próxima semana, terminado este período Sélie ou encontra uma nova casa por terras de Viriato ou terá que ir para Lisboa.

Quanto à família que procura, a jovem não tem quaisquer requisitos ou exigências, além das definidas pelo projeto. “Pode ser qualquer família, desde que esteja disposta a me aceitar e que tenha um espaço para mim”, diz.

Com o programa de quatro meses, Sélie passou o Natal e a Passagem de Ano longe de casa. Apesar das saudades da família, a jovem conta que foi uma experiência enriquecedora.

“Tive saudades da família, mas gostei muito de passar o Natal e a Passagem de Ano em Viseu. Foi uma forma diferente de festejar estas datas e foi muito enriquecedor”, assegura, lembrando que tem sido muito feliz nestes vários meses em Portugal.

“Gostei e estou a gostar muito desta experiência. Contactar com outra cultura e poder fazê-lo no local sem serem os outros a dizerem ou a contar é muito diferente”, diz, destacando ainda que apesar de sentir alguma falta de casa tem consciência que “isso faz parte do processo”.

“Claro que sinto saudades de casa, mas tenho estado sempre em contacto com a minha família e isso faz parte do processo e entendo isso”, finalizou.

Distrito de Viseu já recebeu dezenas de jovens
O projeto de intercâmbio é desenvolvido pela Intercultura-AFS Portugal, que dinamiza a iniciativa há mais de 60 anos, desde 1956.

O distrito de Viseu recebe jovens há cerca de 20 anos, desde então já chegaram à região praticamente três dezenas de estudantes. Na cidade viseense, as escolas secundárias Alves Martins e Emídio Navarro já receberam, pelo menos, 21 jovens.

À Secundária Alves Martins, a que reúne o maior número de participações, já chegaram estudantes vindos dos Estados Unidos da América, Tailândia, Hungria, Itália, Alemanha, Dinamarca, Costa Rica, Hong Kong e França. Na Emídio Navarro já estiveram jovens da Letónia, Japão, Chile, República Checa, Dinamarca, Hungria ou Tailândia.

Lamego, Mortágua, Tondela ou Carregal do Sal, onde recentemente chegou um jovem tailandês, são outros concelhos do distrito que já receberam estudantes no âmbito deste programa de intercâmbio. Os participantes vieram, além da Tailândia, de países como Costa Rica, Argentina ou Estados Unidos da América.

Para os responsáveis, "o objetivo é proporcionar uma experiência de aprendizagem intercultural, em que as famílias e comunidades envolvidas, através de uma metodologia assente em objetivos educacionais e numa abordagem que combina uma experiência imersiva com aprendizagem estruturada, entram em contacto com novas referências culturais e desenvolvem competências de valorização da diversidade e abertura para uma sociedade cada vez mais globalizada".

Ao Jornal do Centro, a organização explicou que “é normal acontecerem casos como o da Sélie”.

“Fora das grandes cidades estes jovens conseguem criar laços mais fortes com a escola, com os amigos e com a própria comunidade e isso leva-os a preferir continuar nessas cidades. Casos como a Sélie acontecem muito, porque gostam tanto e sentem-se tão acolhidos e integrados que não querem sair. Há, aliás, casos de jovens que já depois de terminar o programa acabam por voltar para estudarem em universidades portuguesas”, explicou a AFS.

Este ano, entre setembro e outubro chegaram a Portugal mais de 80 jovens, de 20 nacionalidades diferentes. Estes estudantes têm entre 15 e 18 anos e chegam de países como Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Canadá, Chéquia, Chile, Dinamarca, Equador, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Honduras, Hungria, Itália, Japão, Polónia, Sérvia, Tailândia, Turquia, entre outros.

No que diz respeito às famílias de acolhimento, encontram-se em diferentes pontos do país, além de Viseu, nos distritos de Braga, Porto, Lisboa, Leiria, Vila Real, Aveiro, Coimbra, Santarém, Setúbal e Madeira.

Segundo a AFS, "uma família de acolhimento pode ser constituída por apenas um membro (mãe ou pai), com ou sem filhos, não sendo necessário ter um quarto só para o estudante (pode ser partilhado com os irmãos de acolhimento).