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15 de 04 de 2022, 19:11

Diário

Tradição do Compasso Pascal está a ser "reinventada"

Pindo de Cima, Penalva do Castelo, a visita pascal ou Compasso Pascal celebra-se à segunda-feira e é uma tradição cristã que sempre foi feita por um pároco

cruz páscoa

Fotógrafo: Agência Ecclesia

Em Portugal, especialmente nas aldeias, a Páscoa é uma das datas mais queridas para a população e isso deve-se ao facto de ser um dos países mais religiosos da Europa, ocupando a 9.ª posição da lista em 2018.
São inúmeras as tradições que ainda hoje podemos encontrar de norte e sul do país.
A cruz, o folar, as procissões, o compasso, o cordeiro, os doces e as iguarias são alguns exemplos.

Na região de Penalva do Castelo, mais concretamente em Pindo de Cima, a visita pascal ou compasso pascal celebra-se à segunda-feira e é uma tradição cristã que sempre foi feita por um pároco.
Consiste na visita à casa daqueles que queiram receber o crucifixo de Cristo, que representa a presença de Jesus vivo, e para que as casas sejam benzidas e as famílias possam beijar a a Cruz.
Em muitas aldeias da região comemora-se também a Semana Santa através de procissões e vigílias noturnas.


Apesar de hoje em dia a tradição já se ter alterado, até por causa da redução do número de padres, ainda existem algumas pessoas que abrem a porta das suas casas para a entrada da Cruz, mas já em muito menor número.
E na maioria das vezes, a visita já não é feita pelo pároco, mas sim por leigos/populares que se oferecem para esta missão de andar de casa em casa.

Habitualmente, era tradição nesta data especial, as crianças estrearem uma roupa nova e receberem amêndoas ou ovos de chocolate por parte dos padrinhos, que depois retribuíam dando um ramo de oliveira no Domingo de Ramos.
Nesta data, as famílias preparavam a mesa com as mais variadas e populares iguarias, como o pão de ló, os folares, o típico pão de azeite, o vinho ou licor, simbolizando a hospitalidade para com o padre e os seus acompanhantes.

Atualmente, como o padre já não comparece na visita pascal as famílias passaram a não dar tanta importância a esta tradição. Ainda assim, poucas são as casas que não tenham, pelo menos um dos símbolos pascais.


Que celebrações?

E é já neste Domingo de Páscoa, dia da Ressurreição ,e depois da pandemia, que a tradicional visita pascal vai ser retomada. A Diocese de Viseu garante que vai seguir as orientações da Conferência Episcopal Portuguesa, deixando a realização da visita ao critério de cada paróquia, mas está excluído o beijo na cruz.
Segundo o bispo, não deve existir ajuntamentos na via pública e as visitas devem ser sempre feitas com máscara.
“Nas casas particulares, devem estar apenas os membros do grupo paroquial designados para o anúncio pascal, conforme a organização de cada paróquia, porque há paróquias que, porventura, não queiram organizar e não o vão fazer. Mas aqueles que o fazem devem celebrar dentro das casas, levando máscara”, explicou.

Quanto à cruz, ela pode ser trazida, “mas não será beijada e será venerada apenas com uma vénia ou outro gesto”.
Além disso, também poderá ser feita a água benta. “Deve-se evitar sempre contactos físicos com outras pessoas e fazer a higienização das mãos, trazer a máscara e assegurar o distanciamento”, acrescentou.