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19 de 05 de 2022, 13:00

Diário

Médicos do Centro criticam trabalho de secretaria que são obrigados a fazer

No Dia do Médico de Família, a Ordem dos Médicos do Centro também lamenta a falta de profissionais e alerta que, nos próximos anos, o número de utentes sem médico poderá aumentar

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Fotógrafo: Arquivo Jornal do Centro

O presidente da Ordem dos Médicos do Centro diz que os médicos de família fazem cada vez mais tarefas burocráticas e alerta que, no futuro, cada vez mais utentes vão ficar sem médico nos próximos tempos.

O alerta foi feito esta quinta-feira (19 de maio), data em que assinala o Dia do Médico de Família. Em declarações ao Jornal do Centro, Carlos Cortes diz que 60 por cento dos médicos “dizem-nos que quase 20 por cento do seu tempo é dedicado muitas vezes a tarefas que não são clínicas”.

“Essas tarefas são, normalmente, muito burocráticas na área administrativa e poderiam ser feitas por quem tem mais capacidade para o fazer que são os administrativos e os assistentes técnicos dos centros de saúde”, afirma acrescentando que as tarefas não-clínicas pesam muito sobre os profissionais e dificultam “muitas vezes a sua atividade clínica e a sua relação com o doente”.

“Os médicos podiam ter mais tempo para poderem tratar dos seus doentes se as tarefas administrativas fossem tratadas por quem sabe tratar delas”, defende.

Quatrocentos mil utentes poderão ficar sem médico de família na região Centro
Carlos Cortes lamenta ainda que milhares de portugueses continuem sem médico de família. Só na região Centro, a Ordem dos Médicos já alertou que, a curto prazo, poderão existir cerca de 400 mil utentes sem médico de família.

“Há falta de médicos de família no presente e sabemos que, em Portugal, existem 1 milhão e 300 mil portugueses sem médico de família, mas também alertamos para o que pode acontecer no futuro muito próximo”, afirmou o dirigente da Ordem.

Citando projeções do Ministério da Saúde, Carlos Cortes diz que, no país, poderão existir brevemente “mais de dois milhões de pessoas sem médico de família nos próximos quatro anos, se nada for feito”. “Há aqui um conjunto de medidas que creio que seriam importantes para resolver este problema e uma delas é tornar mais eficiente os cuidados de saúde”, defende.

Segundo a Ordem dos Médicos do Centro, há neste momento 160 mil utentes na região Centro sem médico de família e ainda 200 mil doentes seguidos por médicos de família com mais de 65 anos. A região Centro tem atualmente uma carência na ordem dos 90 médicos, mas esse número poderá aumentar para mais de 300 nos próximos anos.

A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos tem organizado por estes dias a Semana do Médico de Família, com visitas a centros de saúde da região e tertúlias online.