Jorge Lopes

04 de 06 de 2021, 16:09

Diário

Viseu é a cidade portuguesa com os mais baixos níveis de poluição

Conclusão é de estudo internacional. Viseu tem a mais reduzida concentração de dióxido de azoto e partículas finas

infografias poluição viseu 04 06 2021

Viseu tem os índices mais baixos de poluição entre as principais cidades portuguesas, mas, se chegasse a níveis ainda mais reduzidos, pouparia 53 vidas por ano.

A conclusão foi retirada por um estudo recentemente divulgado e feito pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona, em Espanha, com a colaboração do Instituto Suíço de Saúde Tropical e Pública e a Universidade de Utrecht, na Holanda.

De todas as cidades portuguesas analisadas pelo ranking, Viseu é a mais bem classificada nos níveis de dióxido de azoto ou NO2, ocupando o 821.º lugar em 858 cidades.

Viseu também não está pior nos níveis das partículas finas ou PM 2.5, estando na 801.ª posição. Viseu tem, de acordo com o estudo, níveis de NO2 de 15,8 microgramas por metro cúbico.

Seguindo os níveis de poluição máxima recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que são de 40 microgramas por metro cúbico, a cidade não tem nenhum excesso de mortes que seriam evitáveis sem o dióxido de nitrogénio, um dos principais poluentes do ar que afetam sobretudo o sistema respiratório e têm como principal fonte as emissões causadas pelos automóveis.

Ainda assim, se seguisse os níveis mais baixos de concentração de NO2 como os que foram registados em Tromso, no norte da Noruega, Viseu deixaria de registar anualmente 21 óbitos.

Nas partículas finas, que constituem igualmente como um dos principais poluentes do ar e têm como fontes o trânsito, o aquecimento doméstico, a combustão industrial e a queima de lenha e carvão, Viseu tem um nível de apenas 9 microgramas por metro cúbico.

Seguindo novamente os níveis de poluição máxima recomendados pela OMS, Viseu também não tem mortes a mais.

Por outro lado, se seguisse os níveis mais baixos de concentração de PM 2.5, a cidade viseense deixaria de ter 32 óbitos a mais alegadamente provocados pelas partículas finas.

A OMS recomenda um nível máximo de 10 microgramas por metro cúbico de partículas finas, enquanto a União Europeia recomenda 25 microgramas.

No ranking nacional, a área metropolitana do Porto tem mais concentração de partículas finas, com um índice de 14 microgramas por metro cúbico, seguido de Setúbal com 13,1 e a área metropolitana de Lisboa com 11,9.

No dióxido de azoto, Lisboa é a cidade com mais mortalidade associada porque, caso tivesse de seguir os níveis de Tromso, salvaria 835 vidas. A capital produz 27,9 microgramas por metro cúbico de NO2.

Já Porto, que podia ter evitado 394 óbitos por causa da poluição por NO2, gera 28,2 microgramas por metro cúbico. Em terceiro lugar está novamente Setúbal, com 46 mortos evitáveis e um nível de NO2 de 23,6.

A cidade europeia com mais mortes evitáveis por NO2 é Madrid, com um excesso de óbitos de 206 em relação aos níveis da OMS e 2.380 face aos de Tromso. Nas partículas finas, a cidade italiana de Bréscia é a pior.

Do lado oposto está o norte da Europa, com Tromso, Umea (Suécia) e Oulu (Finlândia) sendo as melhores no caso do NO2 e Reiquejavique (Islândia), Tromso e Umea nas partículas finas.

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Viseu entre as cidades com as melhores práticas para combater as alterações climáticas

Noutro estudo feito pelo Carbon Disclousure Project, Viseu faz parte das 15 cidades portuguesas que integram o total de 75 por cento das cidades europeias que têm planos de mitigação contra as alterações climáticas, realizando um total de 917 ações de mitigação.

Tais ações incluem medidas de eficiência energética, de geração de fornecimento de energia com níveis baixos ou zero de carbono, de geração de energia renovável, de instalação de luminárias LED e de redução dos níveis de CO2 emitidos por veículos motorizados e transportes públicos.

Viseu também está entre as 148 cidades que assumem boas práticas, mais especificamente 781 ações de adaptação, incluindo a plantação ou criação de espaços verdes e a incorporação do fator das alterações climáticas em documentos de planeamento a longo prazo.