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12 de 06 de 2022, 08:55

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Em Terras do Demo, o espumante é dos Deuses!

Esta região foi das primeiras, senão a primeira, a nível nacional, a ser demarcada para a produção de espumante DOC, em 1989

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Nasceu há quase 20 anos, em 2004, e desde então tem conquistado o país e o mundo. Na altura, para a primeira experiência foram produzidos sete mil exemplares, hoje já ultrapassa um milhão e 300 mil unidades.
É, provavelmente, uma das "jóias da coroa” da Cooperativa Agrícola do Távora, em Moimenta da Beira. Nasceu nas “Terras do Demo” (assim batizadas pelo escritor Aquilino Ribeiro) mas há quem diga que este espumante é dos Deuses, ou não fosse ele proveniente da região Távora-Varosa, uma das melhores para a sua produção, graças aos solos predominantemente graníticos (por vezes xistosos), pobres em calcário e um clima muito favorável.

Esta região foi das primeiras, senão a primeira, a nível nacional, a ser demarcada para a produção de espumante DOC, em 1989.
Com uma presença forte, e muito consolidada, em território nacional – 85 por cento da produção fica em Portugal – a verdade é que este Terras do Demo há muito que se afirma lá fora, estando já presente em mercados como Angola, República Democrática do Congo, Alemanha, França, Suíça, China, Macau ou Brasil.

A casta mais comercializada, que é também a casta rainha desta região, é a malvasia fina (uva branca), mas há ainda produção com touriga nacional (rosé), touriga franca (tinto), verdelho, pinot noir e ainda pata de lebre (mistura de malvasias e verdelho). Uvas que chegam até à Cooperativa Agrícola do Távora (com cerca de 950 associados) pelas mãos de produtores com vinhas nos concelhos de Moimenta da Beira e Sernancelhe, sendo que a região Távora-Varosa estende-se ainda até aos concelhos de Armamar, Lamego, Penedono, S. João da Pesqueira e Tabuaço.
A Cooperativa tem cerca de 92 trabalhadores, 40 só na produção do vinho. Por ano, recebem sete a oito milhões de quilos de uva.
E como surgiu o tão afamado espumante Terras do Demo? Na altura, a grande produção da cooperativa era de vinho a granel, tinto e branco, mas com o tempo foi perdendo a valorização e os responsáveis rapidamente perceberam que assim não iriam aguentar o negócio. E a verdade é que a Cooperativa já produzia e comercializava vinho a granel base de espumante. “Tínhamos o ouro e estávamos a entregá-lo e foi quando resolvemos fazer uma experiência e lançar as primeiras garrafas de espumante”, conta Nuno Franclim, vice-presidente do conselho de administração da Cooperativa Agrícola do Távora.
Durante toda a produção, nada é feito ao acaso e trabalha-se com o grande objetivo de “garantir um grande produto, de qualidade, para o consumidor e valorizar as uvas aos nossos associados”, destaca Nuno Franclim.

De forma sucinta, a uva chega à adega, é pesada, transformada em vinho, que é colocado em depósitos onde é feita uma primeira fermentação. Passa depois para garrafas, onde lhe são adicionadas leveduras à base de alginato de cálcio. É então que as garrafas passam para o estágio nas caves (a temperaturas entre os 14 e 16 graus) onde permanecem durante, pelo menos, nove meses, onde é a feita a segunda fermentação (apenas o espumante pata de lebre precisa de 18 meses).
Terminada esta segunda fermentação, as garrafas saem das caves e é feito o dégorgement, que consiste em retirar as leveduras e acrescentar o licor de expedição, para completar o líquido perdido no dégorgement. Segue depois para a fase de colocação de rótulo e rolha. Estes espumantes têm uma estabilização de cerca de três semanas, só depois é colocado o famoso “selo” e embalado.

O crescimento da Cooperativa, em muito aliado ao sucesso de Terras do Demo (é também da Cooperativa o espumante Fraga da Pena), levou a que com os anos tivessem que ser criadas novas caves. No início eram pequenos espaços, que foram transformados e ganharam uma capacidade para 40 mil unidades. Posteriormente, foi necessário fazer umas caves “mais a sério” que permitia guardar 400 mil exemplares. Mas com o contínuo sucesso, foi preciso fazer umas caves maiores que permitem agora guardar mais de um milhão e 200 mil garrafas. E objetivo, é em breve poder construir-me uma outra cave com as mesmas dimensões.
E a verdade é que o espumante tem ganho cada vez mais espaço na mesa dos consumidores. Já não é guardado apenas para momentos especiais, ou para “o bolo”, mas também para acompanhar as refeições. E se há região que pode oferecer um bom espumante, é a Távora-Varosa, onde também nasceram os tão famosos Murganheira ou Raposeira. Por isso, se ainda não provou, não sabe o que está a perder!