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O 1 000 não é somente um número, é sobretudo uma ideia. Mais do que uma quantidade concreta ou uma ordem de grandeza, o mil é uma abstração, uma polissemia, uma metáfora. O próprio número 1 000 parece uma conquista, com o algarismo um a deixar para trás todo o pelotão das casas das unidades, dezenas e centenas, isolando-se na casa das unidades de milhar, a olhar por cima do ombro os três zeros à direita. E nesse sentido, é o oposto da ideia de zero à esquerda. O 1 000 é um número valoroso.
O mil é uma fronteira, um limite, uma barreira, da qual parece ser muito difícil abeirar-mo-nos e quase impossível transpor. É o muito grande, o muito longe, o quase inatingível, o para lá do imaginável. Por isso, o mil é também o misterioso e o desconhecido. Como é “ser” ou “ter” mil? Como é “ser” ou “ter” o que está para lá dessa marca? O mil parece uma quimera, mais do que um sonho.
Para se chegar ao mil, é preciso pensar no 24, e no 346 e 789, justamente quando se está no 24 e no 346 e no 789. Ou seja, é preciso pensar no momento, nas circunstâncias desafiantes ou ameaçadoras de cada momento; no que ele nos pede, nos solicita, ou nos exige, bem como no que temos para dar e que fazer para o concretizar, resolver, superar. Depois de concretizar o 24, levantamos os olhos para o 25. Depois de quase falhar o 346, arregaçamos as mangas e escolhemos aprender com a adversidade, ansiando já pelo 347 para pôr em prática essas novas competências. Uma fez feito o 789, fantasia-se o 790. É absolutamente necessário pensar neste número de hoje. Mesmo uma jornada de mil milhas começa com um simples passo, como ensinava o venerável Lao-Tsé. Onde está a nossa atenção? No caminho infindável de mil milhas tão lá longe ou no simples passo, tão aqui à mão de semear (ou melhor, ao pé…)? O que nos faz avançar, dar esse simples passo ou fitar o número mil, lá longe, distante, difuso, aparentemente fora de alcance? O que realmente nos faz mover: alcançar o destino ou a fazer a viagem? Com efeito, muita da nossa angústia resulta de mantermos expectativas elevadas e às vezes até desajustadas, como por exemplo querer juntar mil garrafas de vinho do Dão, ir às mil melhores praias antes de morrer, conseguir ler mil livros, chegar aos mil seguidores na terceira rede social. Nesse sentido, o mil não pode ser um objectivo, mas sim um sonho. Se for assumido como um objectivo, rapidamente se torna num pesadelo: estar sempre à espera pelo próximo número até chegar ao 1 000 é estar sempre insatisfeito, sempre concentrado no que falta, sempre incapaz de desfrutar o momento presente. Por seu lado, pensar no momento presente pode transformar um dia banal num dia de sonho, assim se consiga beber uma garrafa de vinho do Dão com amigos (em vez de seguidores…), depois de se ter ido a uma praia agradável e lido um livro com prazer e proveito. Se ajustarmos as expectativas, e nos mantivermos concentrados naquilo que podemos fazer, chegaremos a todos os lados. Reais e metafóricos.
Continuar parece ser não tanto o lema, mas o mecanismo que faz um jornal chegar ao seu milésimo número, como faz uma pessoa alcançar as suas muitas realizações. Continuar, com os olhos postos no simples passo que se está a dar. Esquecer o mil: ele há-de encontrar-nos quando lá chegarmos.
O mil não é um destino, é uma viagem.
O mil não é um número, é uma história.
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Teresa Martins
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Pedro Escada