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Joaquim Alexandre Rodrigues
Estamos já na segunda metade do mês de outubro e o São Pedro teima em não enviar a tão desejada (e indispensável) chuva. De cursos de água parados a barragens em limites críticos, Portugal atravessa atualmente uma das maiores secas das últimas décadas, tendo já perdido 20% dos seus recursos hídricos. Contudo, a Ciência (sempre a Ciência) pode dar um empurrãozinho e oferecer soluções a médio-longo prazo para aumentar as reservas hídricas de água potável sem ser necessário recorrer a danças da chuva. E qual é a solução? A água do mar. Portugal tem uma linha de costa de mais de 900 quilómetros e como tal um acesso privilegiado a este recurso que, com a tecnologia adequada, poderá ser a aposta mais adequada em tempos de escassez.
O processo pelo qual a água salgada é tornada adequada para o consumo humano ou utilização na indústria e agricultura é denominado de dessalinização. Como o nome indica, dessalinizar é retirar o sal da água do mar, que se consumida com os elevados níveis de salinidade que a caracterizam, leva à desidratação uma vez que os rins não estão preparados para processar esta água. De acordo com a International Water Association (IWA), há já cerca de 300 milhões de pessoas que dependem desta solução, em particular na bacia do Mediterrâneo, no estado da Califórnia nos EUA, em países do Médio Oriente como a Arábia Saudita, mas também na Austrália e África do Sul. Contudo isto representa menos de 1% das necessidades mundiais – atualmente o ser humano consome 4000 quilómetros cúbicos de água potável por ano.
Existem duas tecnologias possíveis para a dessalinização: dessalinização térmica (destilação) ou filtração por membranas (osmose inversa). A primeira funciona por aquecimento da água até ao seu ponto de ebulição, recolhendo depois o vapor resultante da mesma, que deixa o sal para trás no reservatório inicial. O vapor é de seguida condensado por forma a obter água doce. Este processo é realizado por norma em depósitos de baixa pressão por forma a reduzir a temperatura de ebulição da água e assim acelerar a dessalinização. Já relativamente à segunda tecnologia, o processo é conduzido por pressões elevadas que fazem a água passar por uma membrana seletiva que retém o sal e deixa passar a água. Os sistemas de osmose inversa são altamente dependentes de processos de difusão e exclusão por tamanho com a utilização de membranas ultrafinas de poliamida.
Portugal teve a primeira central de dessalinização por osmose inversa na Europa (em Porto Santo, há 40 anos), mas a aposta ficou por aí, enquanto a vizinha Espanha tem atualmente mais de 700 unidades. No mundo inteiro existem mais de 16 mil centrais de dessalinização, que processam cerca de 60 biliões de litros de água por dia e demonstram que a tecnologia é real e funciona. Então, porque é que não dessalinizamos mais por forma a resolver a escassez e os conflitos crescentes por falta de água? O problema é que a dessalinização requer quantidades elevadas de energia para quebrar as ligações químicas fortes entre a água e o sal, uma vez que estes são um ótimo solvente e soluto, respetivamente. Como sabemos, o custo da energia está cada vez mais alto, o que a juntar ao custo da tecnologia de dessalinização, faz com que este seja um investimento avultado.
Além do custo financeiro, há também o custo ambiental. A vida marinha que é sugada e filtrada pelas infraestruturas de dessalinização é morta no processo, afetando pequenos peixes e plâncton, o que que cria distúrbio na cadeia alimentar. Adicionalmente, o produto secundário deste processo é um concentrado de sal (salmoura) que se lançado de volta ao mar pode desregular a vida marinha local e o ecossistema. A solução pode passar pela valorização dos resíduos como metais presentes no sal – magnésio, gesso, cálcio, potássio, cloro ou lítio – para os vender como subprodutos da extração do sal. A salmoura pode também ser utilizada para produzir energia ou na aquicultura, irrigando espécies tolerantes ao sal.
Ainda assim, e apesar das contrariedades económicas e ambientais, a escassez de água de fontes alternativas e a impossibilidade (ambiental e económica também) de construir mais barragens leva a que esta seja uma opção de futuro. É nisso mesmo que o Algarve vai apostar nos próximos anos ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), de onde vai receber cerca de 45 milhões de euros para desenvolvimento e implementação de um projeto de dessalinização. A unidade vai ser capaz de produzir 8 milhões de metros cúbicos de água potável ao ano, podendo atingir os 16 milhões posteriormente, escasso, contudo face aos 80 milhões consumidos pela região. Talvez por isso a alternativa mais viável e gratuita à dessalinização seja sem dúvida…o combate ao desperdício. Em Portugal desperdiçam-se anualmente 174 milhões de metros cúbicos de água potável, cerca de 20 vezes o que a unidade do Algarve irá produzir. A utilização mais eficiente e racional deste recurso tão valioso é sem dúvida a medida mais eficaz no combate à escassez de água potável, o que através da reutilização, poderá até aumentar a sua disponibilidade. Já fechou a torneira?
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