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O Ministério Público (MP) pediu uma condenação entre 18 a 20 anos para o homem de 64 anos que em fevereiro do ano passado alvejou bombeiros e um militar da GNR em Vale de Madeiros, Canas de Senhorim, no concelho de Nelas.
O no final do mês de maio e esta semana voltou ao tribunal de Viseu. Ouvidas todas as testemunhas e analisadas várias provas o julgamento chegou ao fim. José Carlos Guerra deverá agora conhecer a sentença a 5 de julho.
José Carlos Guerra está acusado pelo Ministério Público de 12 crimes: cinco por homicídio, quatro por coação agravados, um crime de incêndios, explosões e outras condutas especialmente perigosas, um crime de detenção de arma proibida e outro de resistência e coação sobre funcionário.
Ouvido em tribunal, o homem, taxista de profissão, disse estar arrependido e que não tinha intenções em matar quando disparou. “Nunca me passou pela cabeça tirar a vida a alguém”, disse perante o coletivo de juízes.
O arguido admitiu que na tarde de 16 de fevereiro de 2022 disparou tiros de caçadeira colocando o cano para fora junto à base inferior de dois postigos da adega subterrânea onde estava e que pretendia atingir “o murete (muro baixo), nunca as pessoas”. “Nunca [disparei] com a ideia de atingir. Se a arma fosse direcionada podia ter causado mais danos do que os que causou”, afirmou em tribunal.
José Carlos Guerra disse que a ideia era “pregar fogo aquilo e não deixar ninguém apagar”. “Aquilo” era uma antiga serralharia que o arguido armadilhou e incendiou. Os tiros, disse, tinham como função “dissuadir” quem se aproximasse, para que não travassem o incêndio.
O homem afirmou que não concordava com o processo de separação de bens e que, por isso, queria destruí-los. Assumiu ainda que atravessava uma fase de “desalinho completo”.
“Eu já não andava bem. Nem eu próprio sabia o que estava a fazer”, começou por dizer, acrescentando que todo o processo de divisão dos bens “foi a explosão completa”.
José Carlos Guerra admitiu ter armadilhado a antiga serralharia, mas afirmou que os tiros foram “no momento”. “A arma foi uma coisa no momento, não fazia parte daquele plano. Não era uma coisa que tivesse em mente usar”, frisou.
O arguido contou ainda que conhecia algumas das vítimas, nomeadamente Luís Abrantes, o ferido mais grave, a quem diz ter pedido desculpa e ter desejado as melhoras.
Arguido “violento e turbulento”
Apesar de confirmar praticamente todos os factos da acusação referentes à forma como planeou o incêndio e as explosões na estrutura anexa à sua habitação, que usava como garagem, oficina e serralharia, negou ser uma pessoa violenta.
Uma GNR atingido a tiro em Vale de Madeiros ainda sofre com acidente. Arguido era visto como uma pessoa violenta por uma das testemunhas, o agente de execução que José Carlos Guerra não queria que se aproximasse da sua propriedade. “Quando fui a Vale de Madeiros avisaram-me que ele era violento e turbulento”, disse Tiago Fernandes, que foi nomeado no âmbito do processo de partilha de bens entre o arguido e a ex-mulher que, na altura, atravessavam um processo de divórcio.
Quando, em 2018, o agente de execução foi a Vale de Madeiros para uma primeira abordagem foi logo avisado para ter cuidado. Perante o coletivo de juízes, contou que por precaução fez um requerimento onde pedia apoio das forças de segurança. Mas, um despacho do tribunal, em 2021, dava conta de que Tiago Fernandes deveria ir ao local sem esse apoio, uma vez que José Carlos Guerra se havia mostrado disponível para abrir a porta de casa.
Em janeiro de 2022, José Carlos Guerra recebe uma carta onde é avisado dessa visita do agente de execução. Nem um mês depois, Tiago Fernandes desloca-se à antiga serralharia e mal podia imaginar o que viria a acontecer.
“Quando cheguei vi fumo a sair e pensei logo que ele estava a pregar alguma. Continuo a ver fumo e ouvem-se explosões”, conta o solicitador que por receio, naquele dia, acabou por ir acompanhado pelo pai.
Pouco depois, os bombeiros começam a chegar e foi aí que Tiago Fernandes diz ter percebido que era a ele que José Carlos Guerra queria atingir. “Se eu tivesse ficado ao pé do portão era a mim que ele atingia”, contou.
Para o agente de execução, o arguido “sabia muito bem em quem queria atirar”. “Andou lá o sobrinho, que lhe pediu para ele parar, andou de um lado para o outro e nunca foi atingido”, revelou.