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Petição contra encerramento da urgência pediátrica de Viseu já reuniu mais de sete mil pessoas

 Petição contra encerramento da urgência pediátrica de Viseu já reuniu mais de sete mil pessoas
22.05.24
fotografia: Jornal do Centro
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 Petição contra encerramento da urgência pediátrica de Viseu já reuniu mais de sete mil pessoas
12.10.24
Fotografia: Jornal do Centro
 Petição contra encerramento da urgência pediátrica de Viseu já reuniu mais de sete mil pessoas

Em menos de 24 horas, uma petição criada para pedir a reabertura da Urgência Pediátrica do hospital de Viseu está praticamente a garantir o número de assinaturas necessário para que o tema seja levado a plenário na Assembleia da República. Neste momento, a petição conta já com mais de sete mil pessoas.

O anúncio do encerramento do serviço no período noturno, todos os dias da semana, levou a que um movimento espontâneo de cidadãos criasse a petição e uma manifestação. “Por todas as crianças” é o mote deste movimento.

O abaixo-assinado lembra que “o problema não é novo” e que “desde o ano passado, com a saída de pediatras para o privado, e outros para a reforma, que a carência de especialistas se agravou”. A iniciativa popular lamenta ainda que, com o encerramento do serviço, a alternativa seja Coimbra “a 90 quilómetros de distância, pelo IP3, há anos em obras” ou então Aveiro e Guarda.

“A saúde é um direito, não é uma bandeira política. Os bebés e crianças de Viseu, do Interior, não são menos do que os outros. Merecem ter acesso à saúde e ser tratados em tempo útil e com qualidade. Por favor, não os discriminem e arranjem solução para que a exceção do encerramento noturno não se torne a regra”, pede a petição.

O movimento agendou ainda uma manifestação para dia 1 de junho, Dia Mundial da Criança, e que pretende alertar para o impacto da decisão do conselho de administração da ULS e exigir a reabertura do serviço.

A concentração está marcada para as 10h00, em frente a Câmara Municipal de Viseu. Na informação divulgada nas redes sociais, a manifestação começa com uma marcha lenta que percorre ruas da cidade como a Av. 25 de Abril, Av. Infante D. Henrique, Av. 10 de Junho, Rua do Serrado, Av. Rei Dom Duarte e termina em frente ao hospital.

O Jornal do Centro avançou no início da semana com a Urgência Pediátrica do Hospital de Viseu fechada todos os dias à noite, que foi mais tarde confirmada pela unidade hospitalar.

As urgências pediátricas estarão assim encerradas todos os dias no período noturno, entre as 20h00 e as 09h00, a partir de 01 de junho.

“Para poder maximizar a disponibilidade dos pediatras durante o período de verão, sem impedir o legal direito ao gozo de férias, importa limitar a atividade assistencial da Urgência Pediátrica aos períodos diurnos e às situações de emergência em período noturno”, afirmou, em comunicado, a administração da ULSVDL, liderada por Nuno Duarte.

A decisão visa “garantir disponibilidade para uma escala continuada de apoio à Urgência Interna e Bloco de Partos, evitando assim mais roturas assistenciais em cascata”, sublinha.

Partidos e autarquias reagem ao encerramento
Também os partidos e os presidentes das câmara de Viseu e Tondela já reagira a esta decisão. Até ao momento, o Bloco de Esquerda (BE) e a Iniciativa Liberal (IL) foram os únicos partidos a tomar posição.

O BE afirma que vai questionar o governo, “através do seu grupo parlamentar na Assembleia da República”, e que “continuará presente em todas as lutas pela preservação e melhoramento do SNS”.

O partido defende ainda “a abertura de um regime de exclusividade, de adesão voluntária para todos os trabalhadores do SNS, com majoração dos seus salários em 40%, permitindo captar profissionais. Será necessário melhorar as condições de trabalho para todos os profissionais do SNS”.

Já o núcleo territorial da IL de Viseu diz rejeitar a “normalização do mau funcionamento do SNS” e “exige soluções urgentes”. “O encerramento da urgência pediátrica do hospital S. Teotónio é algo absolutamente inaceitável”, começam por dizer os liberais.

“O atual governo tarda em apresentar o plano de emergência com que se comprometeu. Para além disto, nada de estrutural está a ser feito para mudar o funcionamento do SNS. A Iniciativa Liberal Viseu, olha para esta situação com imensa preocupação, sublinha.

A IL lembra ainda que “está em causa um serviço absolutamente fundamental para as crianças e jovens que são servidos pelo Hospital São Teotónio”.

Também o presidente da Câmara Municipal de Viseu reagiu ao encerramento. Fernando Ruas lamentou a decisão e criticou o facto do Ministério da Saúde e de os autarcas não terem sido informados. “Refutamos vivamente esta decisão, sobretudo sem que alguém dê explicação sobre a mesma”, sublinhou o também presidente da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão-Lafões.

Já a presidente da Câmara de Tondela, Carla Antunes Borges, alertou que este encerramento vai pressionar ainda mais a urgência geral do hospital do seu concelho e lembrou que tem alertado há muito tempo “para o facto de as urgências de Tondela não estarem a funcionar devidamente”.

Já sobre as deslocações para outros hospitais, Carla Antunes Borges disse que “não é solução dirigir as pessoas para Coimbra, para uma urgência pediátrica”. “Têm é que se encontrar soluções para que as crianças tenham uma resposta imediata”, defendeu.

Hospital justifica decisão com falta de médicos
A Urgência Pediátrica, que desde março está condicionada ao exterior no período noturno entre quinta-feira e domingo, “por dificuldade de recursos humanos” viu agora a situação “agravada” com a saída de dois médicos, acrescenta.

“Apesar de ter ocorrido a contratação de pediatras, em regime de prestação de serviços, para realizar turnos de urgência, a saída dos dois internos que terminaram agora a especialidade, aliada ao facto de ainda não ter sido aberto o concurso nacional para médicos recém-especialistas, agravou as condições de resposta da Urgência Pediátrica”, salienta a Unidade Local (ULS) de Saúde Viseu Dão Lafões.

O conselho de administração adianta que “há apenas 15 especialistas a efetuar trabalho de urgência (oito para turnos diurnos e sete para turnos noturnos), sendo certo que muitos deles vão atingir no verão o limite legal de 150 horas suplementares (ou 250 horas para os médicos em dedicação plena)”.

No quadro do novo modelo organizacional da ULS, refere a administração no mesmo comunicado, “os cuidados de saúde primários estão a organizar-se para reforçar a sua capacidade de atendimento de doentes pediátricos agudos, no âmbito das consultas abertas/consultas de intersubstituição, garantindo um maior número de vagas disponíveis nos cinco dias da semana em todas as USF da cidade” de Viseu.

Segundo informou, “as SUB de Tondela e São Pedro do Sul estão capacitadas para atendimentos a utentes em idade pediátrica” e “a resposta em rede dos hospitais do SNS em Coimbra, Aveiro e Guarda permite atendimento referenciado após contacto com o SNS 24 e o INEM”.

Assim, reforça, o Plano de Contingência entra em vigor a partir de 01 de junho de 2024, que se traduzirá no “encerramento da Urgência Pediátrica Externa em todos os períodos noturnos entre as 20:00 e as 09:00 do dia seguinte”.

“Os utentes devem contactar sempre o SNS 24 (808 24 24 24) para orientação, antes de se dirigirem aos serviços de saúde e devem procurar uma resposta de proximidade junto da respetiva Equipa de Família / Centro de Saúde” e, em caso de emergência, “deve ser contactado o INEM (112), sendo o CODU [Centro de Orientação de Doentes Urgentes] responsável pela orientação”.

“No período noturno mantém-se uma equipa de pediatria que garante a Urgência Interna para crianças internadas e crianças em vigilância ou tratamento no Serviço de Urgência, admitidas antes das 20:00 e assegura-se o normal funcionamento do Bloco de Partos e Neonatologia nos sete dias da semana”, assume.

A ULSVDL afirma ainda que há “resposta garantida a emergências médicas pediátricas com risco imediato de vida na Sala de Emergência da Urgência Pediátrica, mesmo durante os períodos de constrangimento”.

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