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Uma petição pública pela reabertura da urgência pediátrica do Hospital de Viseu durante a noite recolheu, em duas semanas, mais de 13 mil assinaturas e o assunto deverá ser debatido na Assembleia da República depois de os pais terem manifestado no passado sábado (1 de junho), Dia da Criança, contra o encerramento da valência. A manifestação Cerca de 500 cidadãos marcharam em Viseu pela abertura das urgências pediátricas.
“Já atingimos o mínimo de 7.500 [assinaturas] há uns dias, por isso, até ao final de julho temos de ir à Assembleia da República para que seja discutida a questão. O problema é estrutural, já sabemos, mas tem de ser resolvido”, disse à agência Lusa uma das responsáveis.
Helena Fonseca iniciou com um grupo de amigos, todos pais, o movimento Unidos pelas Crianças e com ele surgiu a petição, pois “a gravidade da situação não deixa que se fique de braços cruzados”.
“O Governo e os decisores deste país têm de saber que não podem pôr e dispor como bem entendem. Há cidadãos que sofrem consequências das suas decisões e é isso que vamos exigir no plenário, que resolvam o problema”, afirmou.
A administração da Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões (ULSVDL) ativou em março o plano de contingência, por falta de médicos, que implicou o encerramento exterior das urgências pediátricas, de sexta-feira a domingo, no período noturno.
Segundo a administração, a saída de dois médicos e a chegada do período de férias “agravaram” a situação, levando ao encerramento desde sábado (1 de junho) das urgências pediátricas entre as 20h00 e as 08h00.
Na petição, o movimento cívico, que se afirma apartidário, lembra a campanha das legislativas e as palavras do agora ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que dizia, à porta da urgência, que o país “precisa de uma saúde que funcione para todos os portugueses”.
“Condenou o fecho e justificou que a unidade de Viseu é a segunda maior da região Centro, servindo cerca de meio milhão de pessoas. Insistiu numa necessária mudança… e os portugueses responderam nesse sentido. Mas, nem três meses depois, a situação não só não mudou, como ainda piorou”, lê-se na petição.
À agência Lusa, Helena Fonseca adiantou que será ela a marcar presença na Assembleia da República (AR), considerando que o problema se tem “arrastado ao longo dos anos e é estrutural, mas o Governo atual terá de o resolver”.
“Sei que houve uma reunião da administração do hospital com políticos de vários partidos e, do que me disseram, não vai ser possível resolver neste verão, mas tem de começar a ser tratado já para não se arrastar. Não nos calaremos nem baixaremos os braços”, assegurou.
O movimento agendou uma vigília para esta sexta-feira (7 de junho), pelas 21h00, junto ao acesso das urgências pediátricas onde deverão estar “todos vestidos de preto, com velas e fotografias das crianças a cobrir o gradeamento”.
“Estão a ser colocadas fachas pretas com o símbolo do movimento e a dizer ‘urgências já’ um pouco por todo o lado. Nas varandas das casas e em fachadas de empresas na cidade, mas também queremos alargar à região”, acrescentou Helena Fonseca.
O movimento está a contactar “todas as escolas do distrito, bombeiros e municípios, porque o encerramento não afeta só as crianças e pais, afeta de forma indireta instituições que estão numa região sem acesso a prestação de serviços pediátricos durante a noite”, adiantou.