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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou no ano passado (2021) em Portugal 1.959 vítimas que são crianças e jovens. Em média, por dia, são registadas cinco vítimas. Mais de metade são do sexo feminino (59%).
O Dia Internacional das Crianças Inocentes Vítimas de Agressão é celebrado anualmente a 4 de junho, com o objetivo de reconhecer a realidade em que tantas crianças têm que viver e consciencializar para o sofrimento e as consequências futuras que as vítimas de abusos físicos, mentais e emocionais enfrentam.
Em entrevista, a psicóloga, Filipa Ferreira Escada, e a diretora técnica da Associação Viseense Santa Teresinha, Ana Paula Vieira, concordam que “atualmente, os casos que dão entrada na instituição, maioritariamente, são de crianças em fase de adolescência (12-14 anos); que exibem comportamentos de risco (falta de assiduidade e pontualidade na escola; consumo de substância ilícitas, álcool, tabaco; comportamentos agressivos; ausência de regras e limites), comportamentos estes que muitas vezes são reproduzidos devido à exposição a modelos parentais desviantes”.
As situações de perigo que estão na origem da situação de acolhimento são, maioritariamente, por negligência, cujo conceito a psicóloga Filipa Escada explica: “a negligência é um tipo de mau trato como, por exemplo, a violência física ou psicológica. Nem sempre se trata de abandono das crianças, mas a falta de cuidados básicos que assegurem o bem-estar da criança é negligência”.
A diretora técnica, Ana Paula Vieira, destaca ainda que “com a entrada tardia das crianças com medida de promoção e proteção de menores, a institucionalização é encarada por elas como castigo pelos comportamentos que exibiram, algo que cada vez mais tem sido trabalhado no sentido de esclarecer e explicar a necessidade de proteção para um desenvolvimento saudável que promova o seu bem-estar físico e emocional”.
Qualquer tipo de mau trato atenta contra a satisfação adequada dos direitos e das necessidades fundamentais das crianças e jovens, não garantindo, por este meio, o crescimento e desenvolvimento pleno e integral de todas as suas competências físicas, cognitivas, psicológicas.
Daí resulta a intervenção. “As crianças/jovens vêm com um desenvolvimento perturbado, porque as condições de vida obrigaram a um crescimento forçado e sem passar pelas fases normativas de desenvolvimento infantil. Por esse motivo desenvolvem perturbações de desenvolvimento, que se evidenciam em sintomas/traços ansiosos e depressivos”, salienta a psicóloga em resposta à pergunta sobre os comportamentos e atitudes das vítimas de agressões.
O reconhecimento da realidade em que tantas crianças vivem e a consciência dos problemas e dificuldades que as crianças vítimas de abusos físicos, mentais e emocionais passam durante anos é a bases da Associação Viseense Santa Teresinha. “Todo o trabalho base é, sempre que possível, na reintegração da jovem no seio familiar (nuclear ou alargada), em paralelo com a promoção da autonomia das residentes com vista a uma plena integração na sociedade”, afirmam quer a psicóloga, quer a diretora técnica.
*Margarida Almeida (em estágio curricular)