A Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU) vai realizar o seu segundo congresso esta sexta-feira e sábado (1 e 2 de julho) na Urgeiriça, no concelho de Nelas.
Em análise vão estar cinco painéis temáticos, com a participação de ambientalistas, ativistas e especialistas de saúde, entre outros. O presidente da ATMU, António Minhoto, destaca a importância dos temas em discussão neste evento, que pretende encontrar ideias para resolver os problemas da comunidade mineira.
“É um congresso que tem uma vertente importante, que é a científica, porque participam lá académicos, cientistas, ambientalistas e movimentos sociais. É um evento que quer procurar soluções sobre a exploração do urânio, a vida mineira e a criação do museu mineiro (na Urgeiriça) como um foco importante para ficar todo o espólio mineiro após a exploração, sendo este o primeiro painel”, explica.
O segundo painel será dedicado aos direitos humanos. António Minhoto recorda que a ATMU foi distinguida com o Prémio Direitos Humanos da Assembleia da República em dezembro do ano passado.
O porta-voz defendeu que é preciso “dar ênfase e importância a este tema, não só por aquilo que defendemos com os direitos dos trabalhadores, mas também para defender os direitos humanos a nível mundial e nacional”.
António Minhoto destaca também o painel sobre a saúde dos ex-trabalhadores das minas e das suas famílias, com a presença do presidente do Instituto Dr. Ricardo Jorge, Fernando Almeida, entre outros especialistas, numa altura em que continua a decorrer o estudo epidemiológico aos mineiros e aos seus familiares sobre as doenças provocadas pela radiação na Urgeiriça.
“Isto tem uma vertente importante, tanto mais que se vai discutir o alargamento do direito à compensação também aos familiares. Entendemos que a contaminação passou para além dos mineiros e foi para os familiares, a compensação deve ser alargada aos filhos pelas mortes por neoplasia e já há algumas situações que nós vamos referenciar”, realça o ativista.
O último painel será dedicado aos movimentos sociais e à questão cívica, com a presença de ativistas de Portugal e Espanha. António Minhoto refere que a ATMU “tem dado um exemplo muito grande sobre a questão cívica”, dando também “ênfase à questão do nuclear, participando a nível nacional e internacional sobre esta temática”.
Entre as personalidades que marcam presença no congresso, estão também o presidente da Empresa de Desenvolvimento Mineiro, Gonçalo Rocha, o professor Galopim de Carvalho e os ex-deputados José Manuel Pureza e Pedro Soares.
