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Da dramaturgia à música, passado pelo movimento, cenografia e figurinos, em todos os espaços da ACERT a alegria do regresso à criação comunitária borbulha na partilha, nos sorrisos, nas mãos que se unem e trabalham para levantar a toupeira que neste sábado, 30 de março, vai arder. Assim tem sido toda a semana de preparação da Queima do Judas, promovida pelo Trigo Limpo Teatro ACERT, e que no ano em que se celebra meio século do 25 de abril, fala de liberdade.
São cerca de 400 participantes que fazem crescer e acontecer o espetáculo que este ano se muda para o recinto da feira semanal de Tondela. A Fábrica da Queima começou já no Domingo de Ramos e até à hora do evento muito trabalho unido tem sido feito. Os participantes dividem-se entre interpretação, movimento, música e construção cenográfica. São dias “intensos”, admitem os participantes, que não trocavam esta altura por nada.
“Há uma ligação forte entre quem está a construir o espetáculo, quando se está a construir, quando se está a interpretar e que foca de uns anos para os outros”, conta um dos participantes que voltou a Tondela pelo segundo ano para participar nas oficinas.
“Este ano superámos todas as expectativas no número de participantes. Tivemos 300 pessoas só para a interpretação e movimento, depois ainda há os músicos, os construtores, os bota-fogos, etc. Estão envolvidas 350 a 400 pessoas, seguramente”, assinalou, com satisfação, Pompeu José, diretor artístico do espetáculo.
Como é habitual, o espetáculo renova-se, com uma nova dramaturgia, composição musical, coreografia, figurinos e cenografia, e irá focar-se nos temas, ou males, que assombram o mundo, Portugal e Tondela.
“A queima e o rebentamento do Judas tem o mote central que são os 25 anos de abril, não uma comemoração formal, mas um relembrar da festa e das grandes alterações que por ela foram provocadas. É também um alertar para que façamos cumprir as conquistas que ainda não foram cumpridas”, acrescentou o ator.
Mais do que um espetáculo de rua, a Queima do Judas é uma celebração que une a comunidade. Com música ao vivo, elementos de fogo e a participação de centenas de pessoas, incluindo criadores, atores, músicos e técnicos, este evento com origem numa tradição local faz parte do cartaz cultural da região.
No ano de celebração dos 50 anos de 25 de Abril, a revolução dos cravos estará bastante presente na dramaturgia, fazendo um paralelismo com um conjunto de situações que atormentaram a sociedade nas décadas de 60 e 70 e que hoje voltam a estar na ordem do dia, como a guerra, a conquista e perda de direitos, o conflito como caminho para o progresso, a falta de esperança para os jovens, a repetição de ciclos de poder injustos.
“Este ano vão ser queimadas algumas contradições – celebramos os 50 anos do 25 de Abril, quando muitas das conquistas ainda nem sequer foram cumpridas totalmente e já estamos a pôr em causa que isso seja para cumprir”, reforçou, novamente, Pompeu José. “Portanto, é em relação a esse conflito que o Judas este ano vai ser acusado, julgado e queimado”, contou.
E é já neste Sábado de Aleluia que, a partir das 23h00, o “Judas vai rebentar”.