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Sete anos depois dos crimes cometidos por Pedro Dias em Aguiar da Beira, as vítimas e os seus familiares ainda não receberam indemnizações.
Pedro Dias está a cumprir uma pena de 25 anos de prisão pelos atos que chocaram o país em outubro de 2016, incluindo três homicídios. O homem esteve em fuga 28 dias até se entregar às autoridades. Quando foi condenado pelo Tribunal da Guarda, em 2018, ficou obrigado a pagar indemnizações no valor de mais de 400 mil euros, mas tal não terá acontecido até aos dias de hoje.
Em declarações à SIC, Dulce da Conceição, irmã de uma das vítimas de Pedro Dias, fala de uma “justiça sem justiça” e lamenta que as indemnizações ainda não tenham sido pagas. “O Pedro Dias não indemnizou ninguém porque não tinha bens. Como é que é possível uma pessoa não ter bens e ter advogados de grande prestígio, pagos a preço de ouro. Para isso houve dinheiro, mas para indemnizar não houve”, disse.
Segundo Dulce da Conceição, Pedro Dias ficou obrigado a indemnizar a irmã – que tinha sido sequestrada pelo agressor na altura dos factos – em 10 mil euros. “Já passaram sete anos e, até ao momento, ela ainda não recebeu nenhuma indemnização”, lamentou acrescentando que Pedro Dias ainda tem “muitos deveres” a cumprir para com as vítimas.
“Foi preso e, até hoje, teve todos os direitos. Ele terminou inclusive a licenciatura em História na prisão, não sei se está a tirar mestrado, tem as visitas da esposa e tudo isso, mas tem muitos deveres para com as vítimas e os familiares. E, neste momento, o que vejo é que os agressores têm mais direitos do que as vítimas”, disse.
Os familiares também não se conformam com a sentença de Pedro Dias, passados seis anos após a condenação. Maria de Fátima Lino, mãe de Liliane Pinto (uma das vítimas mortais), acredita que o homicida de Aguiar da Beira não irá cumprir os 25 anos de cadeia e diz que a Justiça deveria condená-lo a uma pena ainda mais elevada. “Sempre achei que ele não vai cumprir os 25 anos porque, da maneira como está a Justiça, não havia de cumprir 25. Matou três pessoas, era 75 anos de prisão”, disse à SIC.
Além disso, as vítimas continuam a sofrer com a tragédia. António Ferreira era militar da GNR na altura dos factos e sobreviveu ao disparo de Pedro Dias. Ainda hoje, questiona o porquê dos crimes.
“Eu pergunto muitas vezes o porquê. Só ele (Pedro Dias) pode responder, mas fechou-se em copas praticamente. Após tudo o que se passou, não se vive. Sobrevive-se ao dia-a-dia, mas, mesmo que não queiramos, o pensamento vai sempre para lá. Remoinhe-nos e consome-nos um bocado, mas temos de saber levantar a cabeça”, afirmou.
Cinco anos depois dos crimes, o Jornal do Centro falou com António Ferreira, numa conversa que pode António Ferreira, o ex-GNR que sobreviveu ao assassino de Aguiar da Beira.
Pedro Dias cumpre atualmente a pena no Estabelecimento Prisional de Coimbra.