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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
O Tondela precisa de “saber separar emocionalmente as coisas” no domingo (22 de maio) para disputar uma inédita final da Taça de Portugal ante o FC Porto, uma semana depois da despromoção à Segunda Liga, aconselha o ex-futebolista Márcio Sousa.
“O Tondela tem um momento histórico e muitos dos atletas nunca estiveram numa final destas. Acho que têm de deixar a pele em campo e mostrar que aquilo que se passou no campeonato foi por mero acaso. É um jogo único para a cidade, os adeptos e o próprio distrito de Viseu. É um motivo de orgulho para toda a gente de uma zona muito bonita e com pessoas fantásticas”, elucidou à agência Lusa o ex-médio dos beirões entre 2010 e 2015.
O campeão nacional FC Porto, com 17 troféus, e o estreante Tondela lutam no domingo, a partir das 17h15, pela conquista da final da 82.ª edição da prova ‘rainha’, que volta ao Estádio Nacional, em Oeiras, após ter sido realizada nas últimas duas temporadas à porta fechada em Coimbra.
“Os jogadores têm de ir lá para dentro com a concentração possível e fazerem o jogo da sua vida. Se estivesse lá, era isso que fazia. Se desse 100% e pudesse dar 102%, então daria 102%. É um jogo que marca carreiras, vidas e clubes, e estamos a falar da final da Taça de Portugal, que é das coisas mais bonitas que existem no final da época”, notou.
Se os nortenhos “estão muito fortes, têm uma equipa fora do normal, são bem orientados e vão motivados” ao Jamor, em busca da ‘dobradinha’, Márcio Sousa reconhece que os beirões procuram digerir a angústia inerente à primeira ‘queda’ da sua história na Segunda Liga.
“No primeiro treino, há um ambiente muito pesado e típico de uma derrota. Muitas vezes, nem temos vontade de conversar. Agora, conforme a semana vai passando e o jogo está mais perto, o foco tem de ser esse mesmo. A vontade de ganhar e o querer são iguais e acho que não vai pesar nada em campo. Pesa é no primeiro dia e vai pesar logo a seguir a este jogo, quando as pessoas fizeram uma retrospetiva do que se passou”, observou.
O ex-médio, de 36 anos, recusa ver a presença na final como uma “recompensa” para o Tondela, que foi 17.ª e penúltimo colocado da Primeira Liga, com 28 pontos, um abaixo da vaga de acesso ao ‘play-off’ de permanência e menos três do que a zona de ‘salvação’ direta.
“Quando havia um jogo crucial em épocas transatas, o Tondela conseguia bater o pé aos adversários, algo que não aconteceu este ano. Daquilo que me apercebi, faltou qualquer coisa que o clube precisa e um pouco mais de garra e querer. Não vamos agora arranjar culpados, pois, mais do que ninguém, os atletas fizeram tudo para evitar isto”, analisou.
Ilustrando essa inércia na derrota frente ao Moreirense (0-2, à 30.ª ronda) e nos empates com Paços de Ferreira (1-1, à 32.ª) e Boavista (2-2, à 34.ª e última) – que confirmou a despromoção -, Márcio Sousa lamenta o fim de sete anos seguidos “entre os grandes”.
“Se posso dizer aos meus filhos e netos que deixei o clube na Primeira Liga, custou-me imenso esta semana ver a infelicidade do Tondela e a tristeza do povo tondelense”, expressou, aludindo ao período em que os ‘auriverdes’ alcançaram várias manutenções no limite.
Quanto à mudança do treinador espanhol Pako Ayestarán, que deu o lugar a Nuno Campos em março, pouco depois do triunfo ante o Mafra na primeira mão das ‘meias’ da Taça de Portugal (3-0), o ex-médio fala numa “opção cuja responsabilidade tem de ser assumida pelo clube”.
“Lembro-me de que a época passada foi das mais tranquilas. Com o Pako Ayestarán, o Tondela já estava salvo a duas jornadas do fim. Mudança de treinador? São opções. A direção achou que era o melhor ‘timing’. Talvez os jogadores precisassem de uma injeção de confiança e o treinador poderia já não estar a passar a mensagem. Não estou lá para perceber o que aconteceu. Se tivesse corrido bem, o ‘timing’ tinha sido perfeito”, frisou.
O campeão europeu de sub-17 pela seleção portuguesa, em 2003, viveu a ascensão dos beirões desde a então designada II Divisão B até ao cetro da Segunda Liga, em 2014/15, falando num emblema “que estava em evolução, reunia excelentes condições e era apetecível”.
“Comecei a perceber que o Tondela não ambicionava ficar apenas pela II Divisão B, mas também tinha de ter alicerces para a casa ficar perfeita. Assim foi. Criei laços e tenho por lá pessoas que são praticamente família. Para mim, o presidente Gilberto Coimbra foi o grande obreiro na chegada do clube à Primeira Liga. Foi um marco histórico, já que era um clube que poucos conheciam e, de um momento para o outro, começou a ser falado”, contou.
Com 148 jogos e 18 golos em cinco épocas nos escalões secundários, Márcio Sousa diz sentir “tristeza” por ter atingido o “topo da escalada” sem nunca ter alinhado na elite pelo “clube do coração”, do qual se despediu “sem ter mágoa de ninguém” no verão de 2015.