fernando ruas
Conf Rampa Caramulo 1
Judo Clube Viseu
casas habitação aluguer comprar
WhatsApp Image 2025-05-28 at 115107
aluguer aluga-se casas

Neste episódio de “A comer é que a gente se entende”, descobrimos…

08.07.25

A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…

07.07.25

Rimas sociais, um podcast que dá voz às causas sociais urgentes através…

02.07.25
autárquicas 25
psd
domingos nascimento tarouca autárquicas
CasadeSantar_4
pexels-weekendplayer-735869
Captura de ecrã 2025-06-26 171722
Home » Notícias » Diário » Trabalhadores da Intelcia em Viseu dizem-se pressionados para sair da empresa, acusa sindicato

Trabalhadores da Intelcia em Viseu dizem-se pressionados para sair da empresa, acusa sindicato

O call center de Viseu foi inicialmente operado pela Randstad, tendo sido transferido para a Intelcia em julho de 2021

Laura Isabel B. Nunes*
 Trabalhadores da Intelcia em Viseu dizem-se pressionados para sair da empresa, acusa sindicato - Jornal do Centro
25.06.25
fotografia: Jornal do Centro/Foto de Arquivo
partilhar
 Trabalhadores da Intelcia em Viseu dizem-se pressionados para sair da empresa, acusa sindicato - Jornal do Centro
25.06.25
Fotografia: Jornal do Centro/Foto de Arquivo
pub
call center Trabalhadores da Intelcia em Viseu dizem-se pressionados para sair da empresa, acusa sindicato - Jornal do Centro

Na delegação da Intelcia, situada na Universidade Católica de Viseu, 16 a 18 trabalhadores do call center (centro de contacto) prestador de serviços à operadora SFR (Altice) foram dispensados da empresa por “rescisões por mútuo acordo”, anunciou o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV). Segundo Sónia Rodrigues, delegada sindical e trabalhadora da delegação da Intelcia desde a sua abertura em Viseu em 2016, as primeiras saídas ocorreram já em setembro de 2024, principalmente na “equipa de gestão, incluindo formadoras e supervisoras”. O processo intensificou-se em maio de 2025: “Foram 33 pessoas a nível nacional. Em Viseu, sete que eles negociaram a tal rescisão por mútuo acordo.”

Apesar de serem apresentadas como negociações voluntárias, as rescisões são descritas por processos sob pressão para os trabalhadores, acusa a sindicalista. “O trabalhador é chamado, mostram-lhe no site da ACT o valor a que tem direito legalmente e dizem: ‘Agora ainda podemos pagar isto. Mais tarde, talvez não’”, explica a dirigente. Segundo Sónia Rodrigues, o montante proposto corresponde ao estipulado por lei para casos de despedimento, sem compensações adicionais. Em troca, a empresa disponibiliza a carta necessária para acesso ao subsídio de desemprego.

Para quem não aceita o acordo, ainda segundo a sindicalista, os trabalhadores “enfrentam constrangimentos no desempenho das suas funções”. “Alguns recusam, mas depois vão trabalhar e os supervisores deslogam-nos do sistema. Não os deixam, por exemplo, atender chamadas”. As reuniões são feitas individualmente, com a presença apenas da coordenadora transversal e da CEO, sublinha ainda.

Da Randstad à Intelcia: promessas que não se cumpriram

O call center de Viseu foi inicialmente operado pela Randstad, tendo sido transferido para a Intelcia em julho de 2021. Apesar da promessa de melhores condições, o cenário não é comparecente.“Ofereceram-nos um suporte de saúde, mas depois cortaram isso e outras coisas. As pausas passaram de 20 para 15 minutos, os horários flexíveis agora exigem burocracia absurda, e o subsídio de alimentação continua nos 5 euros, menos do que noutras operações da própria Intelcia, como a MEO, onde é de 6,5 euros”, refere a sindicalista sobre as condições de trabalho.

Os prémios, que poderiam melhorar o rendimento, tornaram-se mais difíceis de alcançar. “Se não se cumprir objetivos ou se se estiver de baixa médica, cortam parte ou a totalidade. Nada disso está no contrato. Fazem como querem”, lamenta.

Redução de chamadas, aumento da instabilidade

Apesar de não haver novos sistemas de automatização em Viseu, a redução no volume de chamadas tem servido de argumento para a diminuição da equipa. “Cada vez mais clientes usam a área pessoal online e resolvem as questões sozinhos. A nossa intervenção continua a existir, mas é menor”, explica.

A SFR, principal cliente da operação da Intelcia em Viseu, tem sido motivo de preocupação entre os trabalhadores e clientes. “Seguimos as notícias vindas de França, onde muitos têm familiares, e circulam rumores sobre a possível venda da SFR ou até o encerramento da operadora. Nas últimas semanas, temos recebido várias chamadas sobre estes temas. A empresa orientou-nos a transmitir que se trata apenas de rumores e que a situação está estável”, explica Sónia. No entanto, uma notícia avançada pelo Jornal Económico em maio de 2025, com base em informações da Bloomberg, revela que a Altice France, controlada por Patrick Drahi, está a explorar a venda de uma posição de controlo na SFR, numa operação que poderá avaliar a operadora em 30 mil milhões de euros, incluindo a dívida. Empresas como Bouygues, Iliad, Orange e E& foram apontadas como potenciais interessadas, o que intensifica a incerteza sobre o futuro da operação da Intelcia em Viseu.

Sindicatos ignorados, pressão silenciosa

Apesar de vários pedidos ao longo dos anos, de acordo com Sónia Rodrigues, a Intelcia não tem respondido aos sindicatos. “Tentámos marcar reuniões, mas ou desmarcam à última hora ou simplesmente não aparece ninguém. Quando conseguimos uma vez reunir, foi tudo negativo, sem qualquer abertura para melhorar as condições dos trabalhadores”, lamenta.

A falta de resposta formal e a fragilidade dos vínculos laborais tornam difícil organizar protestos. “Em Viseu, ninguém avançou com queixas. Tenho conhecimento de outros trabalhadores que não aceitaram, que não assinaram e que recusaram.E sei que a coordenadora transversal ia reunir esta semana com alguns desses trabalhadores, pessoalmente, para tentar convencer a que assinem”, diz a trabalhadora.

Caracterização dos call centers em Portugal

Segundo o mais recente Estudo de Caracterização e Benchmarking da Atividade de Contact Centers 2025, da APCC, o número de operações analisadas cresceu “26,5% face ao ano anterior, totalizando 1.950 operações. Nelas trabalham 64.529 pessoas,“um novo máximo histórico que representa entre 56% e 57% do universo estimado de 115 mil trabalhadores neste setor.”

A Intelcia é referida no estudo pela automatização de 70% das tarefas administrativas, como validação de contratos, reduzindo o tempo de aquisição de clientes em 64%, o que diminui a necessidade de mão de obra permanente “por meio da aplicação de inteligência artificial, automação e análise de dados.”

O estudo ainda destaca que “a elevada rotatividade dos agentes é um problema crónico nos contact centers de telecomunicações”. Embora a tecnologia possa ajudar, o problema persiste.

Os salários permanecem baixos, com o ordenado bruto médio mensal a rondar os 973 euros. Nas telecomunicações, o valor é inferior, fixando-se em 933 euros, um dos mais baixos entre os setores analisados.

Quanto à formação, “o tempo médio para formar um colaborador que acabou de ser contratado é de 20 dias”, subindo para 20,8 dias no setor das telecomunicações.

No que diz respeito ao perfil dos trabalhadores, “as habilitações escolares mais frequentes são o ensino secundário completo (56,6%) e o ensino superior completo (30%)”. No entanto, nas telecomunicações, apenas 27% dos trabalhadores têm ensino superior.

O estudo salienta ainda que “71% dos consumidores continuam a preferir interagir com um humano quando enfrentam problemas mais complexos”. Por outro lado, prevê que “mais de 50% das funções em contact centers vão exigir uma combinação de competências digitais, inteligência emocional e pensamento crítico”.

Estamos a trabalhar, mas parece que estamos a pedir esmola”

A sensação de desvalorização marca o dia a dia dos trabalhadores. “É um trabalho duro, muito exigente psicologicamente, mas tratado como descartável. Parece que estamos a pedir esmola por estar aqui”, confessa Sónia Rodrigues. Muitos permanecem por medo de não encontrar melhor: “Quem está há anos, como eu, fica pelo medo de arriscar. Mas é uma luta constante”.

Comunicado do SINTTAV sobre os despedimentos na Intelcia/SFR

Em resposta à situação em Viseu e noutras operações, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV) emitiu um comunicado para explicar que o “despedimento por mútuo acordo” é a opção preferida da empresa, pois “torna-se mais fácil despedir com a concordância do trabalhador e os direitos serão aqueles determinados no acordo assinado, inclusive o direito ou não ao subsídio de desemprego. Resumindo, assim não há critérios para despedir”.

Segundo o sindicato, as empresas “não querem arriscar o prejuízo e pretendem manter-se livres para a todo momento avançar com novos recrutamentos, substituindo trabalhadores com vínculo efetivo”. Por isso, “o interesse em fazer acordo com os trabalhadores no seu próprio despedimento”, avança o Sindicato.

O comunicado alerta aos trabalhadores que “não são obrigados a entrar em acordo com o seu despedimento, não têm nada a assinar, porque a empresa tem de assumir a extinção do posto de trabalho e cumprir rigorosamente a lei, nomeadamente a informação ao sindicato sobre os trabalhadores visados neste processo”.

*Em estágio curricular

pub
 Trabalhadores da Intelcia em Viseu dizem-se pressionados para sair da empresa, acusa sindicato - Jornal do Centro

Outras notícias

pub
 Trabalhadores da Intelcia em Viseu dizem-se pressionados para sair da empresa, acusa sindicato - Jornal do Centro

Notícias relacionadas

Procurar