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Trabalhar quatro dias por semana e folgar três é uma hipótese que pode virar realidade em Portugal. O Governo já anunciou que a medida vai ser estudada, mas há empresas que há muito adotaram esta modalidade. Os trabalhadores gostam e as empresas fazem um balanço positivo.
Ana Ferreira trabalha na JS Clínica Médica, em Viseu, há cinco anos. Praticamente desde que chegou que se lembra de trabalhar apenas quatro dias por semana, uma medida que considera “boa” e que recomenda.
“Acho que desde que me lembro que temos esta opção. É bom porque temos um dia de descanso e que acaba por nos permitir fazer as nossas coisas, sobretudo o que não dá para fazer ao fim de semana, como ir ao banco ou outros serviços”, explicou a trabalhadora do setor administrativo, o único que, para já, tem esta opção já que não implica uma presença constante.
Para que a semana seja reduzida a quatro dias, os trabalhadores cumprem 10 horas diárias. Ana Ferreira não esconde que, por vezes, “pode ser exaustivo”, mas garante que os benefícios compensam.
“Claro que as 10 horas diárias chegam a ser exaustivas, mas ao fim de três dias sabe bem e compensa. Num dia de trabalho fazemos 10 horas, mas acabamos por trabalhar só os quatro dias e quanto temos a sorte de [a folga] calhar a uma sexta-feira acabamos por ter três dias de fim de semana o que nos deixa com mais tempo,m”, sustenta.
Quanto ao facto de a medida estar próxima de chegar a mais empresas, Ana Ferreira aplaude, mas lembra que pode não ser vista da mesma forma por todos os trabalhadores.
“Acredito que haja quem tenha uma opinião diferente da minha. Pessoas que têm crianças e que 10 horas diárias pode ser mais complicado, ou que têm outras responsabilidades e que pode não lhes ser tão vantajoso”, diz.
Mas de uma coisa a trabalhadora tem certeza: “fim de semana, quer seja para nós, quer seja para quem trabalha os cinco dias, passa a correr e este dia por semana dá-nos mais um descanso”.
Empresa faz balanço positivo e diz estar a ponderar alargar a mais trabalhadores
Atualmente, 14 trabalhadores da área administrativa são abrangidos pela medida dos quatro dias de trabalho e três de folga. Nuno Nascimento, gestor na JS Clínica Médica, explica que esta opção existe na empresa desde 2019.
“O código de trabalho já permite há muitos anos implementar um horário de trabalho concentrado, que junte em quatro dias por semana as 40 horas semanais. Permite aos trabalhadores que usufruem desse horário e ter três dias de descanso. Atualmente, este horário é para um grupo de trabalhadores cujo trabalho o permite, pessoas que fazem receção e atendimento na nossa clínica”, explicou.
Para Nuno Nascimento, esta medida permite “manter o trabalho necessário, mas garantir alguma conciliação com o tempo familiar e o tempo livre”.
“É uma boa opção e que faz as duas vertentes: favorece o tempo para a família e permite concentrar o horário de trabalho e responder às necessidades da clínica e dos horários de atendimento”, disse.
Nuno Nascimento explicou ainda que esta opção facilita “as escalas de trabalho, garante o tempo livre dos colaboradores” e reduz a “necessidade de fazer horas extraordinárias”.
O balanço da empresa é positivo e está a ser estudada a possibilidade de alargar a mais trabalhadores. “Do nosso ponto de vista, nesta função funciona perfeitamente. Estávamos a pensar avaliar para outras funções a adoção deste mecanismo, mas a chegada da pandemia alterou muito os procedimentos e as condições em que estávamos a operar e ainda não foi possível. Todos aqueles trabalhos que possam não implicar a presença constante na clínica e que possam ser feitos, independentemente do dia da semana, poderão ser envolvidos neste esquema dos quatro dias”, frisou.
A ideia dos quatro dias é vista com bons olhos pela empresa, mas Nuno Nascimento alerta que é preciso ter algum cuidado na discussão da medida no que diz respeito à redução de horário. “Vemos com bons olhos a adoção da semana de quatro dias, não vemos com tão bons olhos a questão da redução para 30 horas, são coisas diferentes”, alerta.
“Uma coisa é fazer quatro dias semanais e três de descanso, outra é fazer 30 horas semanais. Num estabelecimento como o nosso, que tem um horário de funcionamento que chega às 12/13/14 horas diárias, em que é preciso fazer escalas diferentes, a redução para 30 horas implicará o recrutamento de trabalhadores adicionais. E, aí, nós e a esmagadora maioria das empresas vamos ter dificuldades em assumir essa redução de margem, porque o custo vai todo para a parte operacional, ou então tem que ir para os clientes o que na situação atual é muito difícil”, sustentou.
Nuno Nascimento diz que é preciso conciliar as necessidades das empresas com a redução dos dias de trabalho para os trabalhadores. “Tem que ser bem debatido porque é possível conciliar as necessidades das empresas com a redução dos dias de trabalho para os trabalhadores e o aumento do seu tempo livre. Mas não pode é ser feito à custa da sobrevivência das empresas ou à custa de um aumento de custos significativos nas empresas”, concluiu.