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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Jorge Marques
Durante 4 dias, Lamego balança entre a música e a arte contemporânea, sempre de olhos abertos para o que é novo e de ouvidos para quem toma conta das ruas. Favela Discos, Frankão O Gringo Sou Eu, Telectu e Beautify Junkyards são alguns dos nomes artísticos que integram uma nova edição do festival ZigurFest que acontece entre os dias 24 e 27 de agosto.
O festival regressa a vários espaços da cidade de Lamego, oferecendo uma programação totalmente gratuita que inclui concertos, performances, ‘workshops’, instalações e conversas.
“Com a cidade como um vasto centro nevrálgico, abrimos novos caminhos que se estendem ao Museu de Lamego, Rua da Olaria e ao Parque Isidoro Guedes. Também revisitamos velhos conhecidos como o Auditório do Teatro Ribeiro Conceição e regressamos ao Horto do Castelo de Lamego, perpetuando as lógicas de preservação e redescoberta do património erigido e de abraçar as rotinas diárias da cidade”, sublinham os promotores.
Criado por jovens do concelho, o festival ZigurFest é conhecido pela diversidade de projetos artísticos que promove e por apresentar artistas alternativos em ascensão.
Segundo a organização, “os palcos espalhados pela cidade são um convite à descoberta de artistas e do património”.
Se nos últimos dois anos o ZigurFest foi obrigado a conter-se, neste ano celebra o retomar da intensidade
habitual do programa e do horário alargado. O festival comemorou a primeira década de vida no ano passado, mas, devido às limitações impostas pela pandemia de covid-19, só este ano mostrará “a sua vitalidade em pleno”.
“Retomando a intensidade e o horário alargado habituais, será a primeira vez em dois anos que o público poderá percorrer as ruas de Lamego sem limitações e abraçando sem medos tudo o que aqueles quatro dias oferecem”, refere, ainda a organização.
Durante quatro dias, o festival dará a conhecer o trabalho de As Docinhas, Beautify Junkyards, Bezbog, Cobrafuma, COW shift Z, Dead Club, Dianna Excel, Favela Discos, Frankão O Gringo Sou Eu, Fura Olhos, Herlander, Hidden Horse, João Não & Lil’ Noon, Kurtis Klaus Ensemble, Nile Valley, Redoma, Sarnadas, Telectu, Unsafe Space Garden e Zé Menos.
E “porque nem só de música vive o ZigurFest, Roxana Ionesco e Alice Azevedo são os nomes da programação de artes performativas, e Piny e Rodrigo Constanzo irão dinamizar dois ‘workshops’ de dança e percussão, respetivamente”, avançou a organização.
Nesta edição do festival, os artistas chegarão também a “novas paragens”, nomeadamente Lazarim e Penude.
O músico brasileiro Frankão O Gringo Sou Eu vai estudar as tradicionais máscaras de madeira de Lazarim, enquanto o coletivo do Porto Favela Discos “vai mergulhar na tradição das concertinas com tocadores da antiga (e já encerrada) escola de concertinas de Lamego, em Penude”. O resultado destas residências poderá ser visto em dois espetáculos.
Está também a ser desenvolvido um programa de serviço educativo gratuito, dirigido a todas as idades, em parceria com o Museu de Lamego.
A programação inclui ainda duas residências artísticas da ZONA, destinadas às artes plásticas, cujas candidaturas decorrerão em junho.
O cartaz garante diversidade, nomes recém-chegados e nomes já com história. No primeiro dia, António Silva, Inês Carincur e João Pedro Fonseca apresentam, na Casa do Artista, às 15h00, a edição que programaram. Os três fazem parte do grupo de jovens que erguem o festival desde 2011. Logo a seguir, às 16h30, Alice Azevedo, atriz e ativista trans, feminista e queer, apresenta, no mesmo lugar, a performance Eu vou só falar.
A noite do primeiro dia de festival faz-se em Penude, com a apresentação da Favela Discos e dos Ex-Alunos da Escola de Concertinas (às 21h30) e com o concerto de Nile Valley, o trio neo-soul do Porto, que irá estrear o primeiro EP.
O segundo dia arranca novamente na Casa do Artista com uma conversa, às 16h00, sobre os desafios de ser mulher no século XXI, a partir do trabalho da performer Roxana Ionesco.
Daí, a romaria segue para o Horto, onde Redoma e Herlander se apresentam às 17h00 e às 18h00, respetivamente. Já à noite, O Gringo Sou Eu apresenta o resultado da sua residência, em Lazarim, às 21h30. Esta noite viverá da eletrónica da “quinta dimensão” dos Hidden Horse e do rock visceral de Dead Club – projeto de Violeta Luz na companhia de Shelley Barradas, João Silveira e Pedro Melo Alves –, que atuam às 23h00 e às 00h00 na Olaria, de volta ao centro de Lamego.
Na sexta-feira, dia 26, o dia cresce em propostas. Haverá uma conversa na Casa do Artista, às 15h00, sobre a inclusão (e a falta dela) no interior, contando com a participação da música trans Dianna Excel, da curadora Gisela Casimiro, da Favela Discos e de Frankão (O Gringo Sou Eu). Às 16h00, haverá na Alameda uma oficina, a céu aberto, com a coerógrafa e bailarina Piny, que vai unir as pontas soltas entre a dança, a performance e a ecologia.
Logo a seguir, a também criadora Roxana Ionesco apresentará Deus é transcendência através do corpo, na Casa do Artista (17h00). Depois, o palco do Horto recebe o universo musical único de Bezbog (18h00), duo constituído por David Ole e Dora Vieira. A noite começará com dois concertos no Teatro Ribeiro Conceição. Às 21h30, será a vez de Fura Olhos – Inês Malheiro e Miguel Pedro (Mão Morta) –, a quem se seguirá a folk hauntológica, hipnagógica e psicadélica dos Beautify Junkyards, às 22h30. A festa continua no palco da Olaria com João Não & Lil Noon (00h00), Cobrafuma (01h00) e Dianna Excel (02h00).
No último dia, o artista sonoro Rodrigo Constanzo estará, às 16h00, na Casa do Artista, onde vai dar uma oficina de técnicas de percussão e composição. Seguem-se os concertos de Kurtis Klaus Ensemble (17h00) e de Zé Menos (18h00). ambos no Horto. Depois, no Teatro Ribeiro Conceição, há Sarnadas, às 21h00, e um momento de história viva com Telectu, às 22h30. O duo emblemático de Jorge Lima Barreto e Vítor Rua, agora com Ilda Teresa Castro no lugar de Lima Barreto, estrear-se-á com esta nova formação no ZigurFest.
Por fim, é na Alameda que as minhotas As Docinhas (00h00), os Unsafe Space Garden, conhecidos pelo manusear do absurdo, e a eletrizante COW shift Z vão fechar, com chave-de-ouro, esta edição.