A taróloga Micaela Souto Moura traz as previsões do Tarot, na semana…
Sabia que é possível parecer mais jovem e elegante com os seus…
No segundo episódio do programa “Bem-Vindo a”, tivemos o prazer de conversar…
por
Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
por
Joaquim Alexandre Rodrigues
Para alguém como eu, uma criança que, como muitas outras, se sentava nos bancos da Escola Primária da Avenida, o dia da revolução foi, sem dúvida,
“(…) a madrugada que eu esperava
o dia inicial inteiro e limpo
onde emergimos da noite e do silêncio
e livres habitamos a substância do tempo” (Sophia)
Abril iria alterar profundamente o nosso rumo, modo de vida e perspetivas futuras. Não o sabíamos então, nem tínhamos como saber, pois, no ar pairavam sentimentos de desconfiança, de ansiedade, de tensão que se espalhavam entre as pessoas, cada uma delas aguardando ansiosamente o desenrolar dos acontecimentos com o coração apertado… muito apertado!
A incerteza quanto ao que se seguiria, o medo do desconhecido e que futuro nos estava reservado dominavam a mente de todos nós. As notícias chegavam em catadupa, rápidas e confusas, o que alimentava ainda mais os receios e as preocupações quanto ao que viria a seguir. Seria uma mudança para melhor ou para pior?! As perguntas sem resposta e os olhares inquietos e desconfiados refletiam o pulsar de uma sociedade em transição.
No entanto, com o avançar do tempo, esta atmosfera carregada não tardou a ceder espaço a novos sentimentos que começaram a espalhar-se pelas ruas e praças desta cidade e do país: a esperança e a liberdade. A notícia da queda do antigo regime espalhava-se a uma velocidade estonteante, enchendo de emoção e felicidade os corações daqueles que, por tanto tempo, haviam ansiado por esta mudança.
O receio e o medo deram lugar à confiança e à alegria. As pessoas começaram a sair à rua, a reunir-se, a falar sem reservas, partilhando abraços e sorrisos francos…seguiu-se, um mar de cravos, cravos vermelhos, que inundaram as ruas e vielas, substituindo o negrume do autoritarismo pelo colorido do caminho da liberdade.
Uma das maiores conquistas de Abril foi, sem dúvida, a afirmação da liberdade de expressão, de pensamento e de opinião, foi o virar de página do obscurantismo na educação, na saúde, na ciência e na qualidade de vida dos portugueses. Foi um marco significativo na História de Portugal, representando não apenas uma mudança política, mas também uma transformação profunda na mentalidade e na forma de ser dos portugueses.
A pergunta impõe-se: E se a revolução não tivesse acontecido? Muito provavelmente, Portugal permaneceria estagnado nas sombras do autoritarismo e da opressão, a liberdade de expressão continuaria sufocada, as vozes dissidentes teriam sido silenciadas, a guerra nas colónias poderia ter persistido por mais tempo, resultando em mais sofrimento humano e estagnação económica. A minha vocação (e paixão) pela Instituição Militar não me teria libertado da condição de Soldado, militar de carreira, que por certo me teria levado a participar numa guerra colonial injusta e sem sentido e, quem sabe, ter-me-ia roubado a juventude e até a própria vida! Pertenceria a umas Forças Armadas intimamente ligadas a um regime ditatorial, com uma estrutura hierárquica rígida e uma cultura de obediência estrita, bem como a um Exército utilizado como um instrumento de repressão interna e defesa do regime, em vez de servir os interesses democráticos do meu país.
De facto, determinante nesta minha opção de carreira foi, sem dúvida, a ação e postura dos militares de abril, com a sua determinação, coragem, disciplina, firmeza e humanidade demonstradas e testemunhadas por um povo sofrido, mas com um orgulho imenso nestes agentes de mudança, vistos como heróis e defensores deste mesmo povo, dos direitos humanos e da Democracia.
Sem abril, os nossos filhos não teriam tido acesso a um sistema de educação moderno e inclusivo, de carácter obrigatório e universal, concorrendo com os melhores sistemas europeus e mundiais. Não teriam tido acesso a uma diversidade de cursos e estabelecimentos de ensino que lhes permitem optar por carreiras atrativas, de acordo com as suas verdadeiras expectativas, quer em Portugal como no estrangeiro. Recorde-se que nos anos 70 a taxa de analfabetismo em Portugal se situava perto dos 30%, mais acentuada entre as mulheres, e o ensino superior só estava ao alcance de uma elite privilegiada.
Sem abril, provavelmente, também nunca teria sido criado o Sistema Nacional de Saúde (SNS), que garante o acesso universal dos portugueses aos cuidados de saúde, independentemente da sua condição financeira, com equipamentos médicos modernos e de alta tecnologia, dotado de profissionais com elevada formação, sensibilidade e conhecimento. Em 1974 a esperança de vida só chegava aos 68 anos e a taxa de mortalidade infantil rondava os 40%!!
Este “dia inicial inteiro e limpo”, símbolo de valores e princípios como a coragem, a determinação, a resistência, a união e progresso, deverá ser visto como uma importantíssima fonte de inspiração para as gerações futuras… e, acima de tudo, um alerta para que nunca mais regressemos a esse passado!
Valeu a pena? Sem dúvida! Pois, “a democracia é o pior dos regimes políticos, à exceção de todos os outros” (W. Churchill)
Coordenador do Centro de Apoio Social
de Viseu do Instituto de Ação Social das Forças Armadas
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Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Helena Carvalho Pereira
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José Carreira