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750 mil é muito Capital Humano

 750 mil é muito Capital Humano - Jornal do Centro
13.09.24
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 750 mil é muito Capital Humano - Jornal do Centro

por
Jorge Marques

Temos que nos perguntar sobre o que se passa na Organização, Gestão e Liderança da Administração Pública? O relato da fuga dos presos de Alcoentre, os recentes conflitos em corporações como a Polícia, GNR, Guardas Prisionais, Professores, Funcionários Judiciais e das Finanças são maus sinais! Tudo numa Organização com cerca de 750 mil pessoas, que deveriam ser um Capital Humano precioso! Tentei refletir sobre a parte que conheço.

Nos finais do Séc. XIX Max Weber, um dos fundadores da Sociologia Moderna e crente na Burocracia, acreditava que quando ela funcionava bem podia promover a ordem, eficiência, acabar com o favoritismo e reduzir os custos da economia. Foi isso que a fez emergir nos setores públicos, administração governamental, partidos políticos, corporações públicas, escolas, universidades e associações profissionais. A burocracia aparecia como um marco progressista na civilização ocidental.

Mas ao mesmo tempo que se promovia esta ideia da burocracia, Kaffka como romancista e que tinha sido funcionário público durante muito tempo, escrevia romances como O Processo, O Castelo, Na Colónia Penal. Nestas obras denunciava a ineficiência, incompetência, crueldade e abusos da burocracia. Dizia que a burocracia era uma desculpa para vários tipos de oportunismo e para promover interesses particulares. Afinal quem é que tem razão, Weber ou Kafka?

Weber era um homem sério e bem-intencionado, acreditava na burocracia como uma organização perfeita e que estava suportada em cinco pilares:

– Uma hierarquia com uma cadeia de comando clara; regras escritas e bem detalhadas para se poder governar todas as operações regulares; departamentos especializados na eficiência técnica; boa formação nas respetivas áreas de especialidade; tarefas bem definidas e que exigissem toda a capacidade dos funcionários.

Ele acreditava que com isto a burocracia teria precisão, rapidez, transparência, conhecimento dos processos, continuidade, discrição, unidade, subordinação aceite, redução de conflitos e de custos. Vou apenas focar-me no primeiro desses pilares e que tem a ver com o Sistema Hierárquico.

Em teoria a hierarquia existe para facilitar o fluxo de trabalho; gerir individualmente e o grupo de funcionários á sua responsabilidade e nesse contexto exercer uma liderança. Da minha experiência pessoal durante dois anos e através do Instituto Nacional de Administração Pública (INA) dei formação aos seus dirigentes em Gestão e Liderança de Pessoas. As minhas palavras de abertura foram sempre: Acabar com a velha ideia da chefia e plantar a ideia de Liderança! Nas dezenas de sessões que fiz, apenas um Diretor Geral apareceu na abertura e reforçou esta ideia aos seus colaboradores. Foi Paulo Macedo, na altura Diretor Geral de Finanças e hoje Presidente da Caixa Geral de Depósitos. Entretanto o INA foi extinto! O que se passa com a Gestão das Pessoas na Administração Pública e em concreto com os seus dirigentes?

Eles saem das mesmas escolas e universidades que os dirigentes das empresas privadas, a sua preparação de partida é semelhante. Mas depois o sonho de Weber não funciona, nem aparece uma cadeia hierárquica clara, nem instrumentos de gestão que promovam lideranças, valorizem os melhores, estabeleçam as diferenças e não uma falsa igualdade. Todas as técnicas de gestão utilizadas contribuem para uma desmotivação generalizada.

Neste contexto a hierarquia tende a sobreviver e tenta realizar as suas ambições pessoais de carreira. A eficiência sobrepõe-se á eficácia, a subordinação á inovação. É comum dizer-se que o maior inimigo da Administração Pública são os sucessivos governos. Os mesmos que deveriam assumir a sua liderança pela via de uma indiscutível competência das hierarquias que nomeia. Na literatura técnica da liderança regressou ás bancas e em força um clássico de 1969 que se chama “Principio de Peter”. Diz-nos que “num sistema hierárquico, todo o funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência”. Que se pode ser um político competente, mas um ministro ou diretor geral da Administração Pública incompetente. Peter Drucker, o pai da gestão moderna, sobre esta matéria dizia que “o soldado tem direito a um comandante competente”.

A Dança das Cadeiras na Administração Pública, praticada por todos os governos é o pior sinal da falta de confiança nas Instituições Públicas, porque uma Organização que não produz os seus Diretores Gerais, os seus próprios Líderes e Talento é uma organização doente! E isto é da responsabilidade dos governos!

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