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Em 2024, realizaram-se mais de 2800 consultas, sendo que cerca de 200 doentes foram observadas pela primeira vez. Esta segunda-feira (19 de maio) assinala-se o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal
A Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões (ULSVDL) contabilizou em 2024 cerca de 1500 doentes na consulta de doenças inflamatórias do intestino (DII). No mesmo período, foram efetuadas 2821 consultas e quase 200 utentes foram observados pela primeira vez. Em Portugal, estima-se que cerca de 25 mil pessoas vivam com Doença Inflamatória Intestinal (Doença de Crohn e Colite Ulcerosa).
Os números foram facultados ao Jornal do Centro pela ULSVDL, que esta segunda-feira (19 de maio) assinalou o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal.
Criar uma unidade funcional de DII no hospital de Viseu é um dos objetivos da especialidade que pretende com este projeto “melhorar os cuidados do ponto de vista organizacional”. A ideia desta unidade surgiu em 2023, mas até agora ainda não foi concretizada.
Segundo Paula Ministro, responsável pela consulta de DII, esta unidade serviria, por exemplo, para “estabelecer tempo máximo de acesso a exames auxiliares de diagnóstico e monitorização da doença, estabelecer vias de comunicação com os utentes através de videoconsultas ou ter tempo operatório dedicado à DII”.
Também o aumento de resposta do hospital de dia é um objetivo, já que “começa a ser insuficiente”. Em cima da mesa está ainda a “criação de um registo de critérios clínicos de qualidade para autoavaliação periódica”.
Atualmente, refere Paula Ministro, “o hospital dia de gastro tem enorme relevância na assistência, aí é efetuada a monitorização e são administradas as diferentes terapêuticas biológicas ou efetuado o ensino para a sua administração em ambulatório. Também é o local onde os doentes recorrem para esclarecimento de dúvidas e em caso de agudização”. O hospital dia dispõe de cinco cadeirões e duas macas.
Para reforçar e melhorar o serviço e o consequente apoio aos doentes, em 2022 foi formalmente criado o grupo multidisciplinar de DII, que reúne quinzenalmente. No ano passado, foram discutidos aproximadamente 100 doentes, dos quais 72 de ambulatório e os restantes internados.
“O grupo multidisciplinar foi criado para discussão dos casos mais complexos, propor e rever protocolos de atuação e avaliar a prestação de cuidados. O grupo é composto por quatro gastrenterologistas dedicados à DII, quatro cirurgiões do grupo da coloproctologia, uma imagiologista, uma nutricionista, uma psicóloga e duas farmacêuticas. Às reuniões também assistem internos das diferentes áreas.”, acrescentou.
Além deste acompanhamento, a médica sublinha que, dada a complexidade da doença e da assistência a estes doentes, a resposta envolve outros serviços em termos de internamento, gastro e cirurgia, da imagiologia, dos exames especiais de gastro, do bloco operatório ou da farmácia hospitalar.
Sobre o futuro e de como o serviço pode continuar a crescer, Paula Ministro reforça a necessidade de manter “conseguir o envolvimento necessário da equipa para se manter e melhorar a assistência aos portadores de DII”, bem como manter a atividade na área da investigação da DII, “que tem sido feita através de profícuas parcerias”.
“Neste âmbito, saliento o GEDII e em Viseu a Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa”, acrescenta.
Outro foco de atuação é a melhoria da comunicação com os doentes. Neste sentido, o hospital vai realizar a terceira reunião com os doentes da unidade, no dia 28 de junho (14h30), no auditório da Universidade Católica Portuguesa.
“Irão ser abordados os desafios de quem cuida e é cuidado, direitos e deveres dos utentes, investigação clínica e fatores condicionantes da qualidade de vida dos utentes com DII”, explicou.
Para assinalar o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal (DII), o serviço de gastro disponibilizou diverso material informativo numa banca instalada no átrio principal do Hospital de São Teotónio, onde abordam os principais sinais e sintomas, as formas de tratamento e o impacto no quotidiano das pessoas com DII.
“A consciencialização é essencial para combater o desconhecimento e reduzir o estigma associado à Doença Inflamatória Intestinal”, destacou o hospital.
O que são as doenças inflamatórias do intestino?
As DII englobam a doença de Crohn, a colite ulcerosa e a colite não classificada. “Trata-se de doenças que atingem o principalmente o intestino, mas em 40% dos casos podem também atingir outros órgãos e sistemas como as articulações, olhos, fígado e pele”, explica.
Apesar de não serem conhecidas as causas das DII, existem alguns fatores que se conjugam para que a doença surja, como “fatores genéticos, meio ambiente ou alterações da flora intestinal”. “Neste âmbito, muito se tem avançado, mas o puzzle não está completo”, admite a especialista.
Quais são as diferenças entre as DII?
A doença de Crohn pode atingir qualquer parte do tubo digestivo desde a boca até ao ânus e região perianal, bem como atinge toda a espessura da parede intestinal e pode alternar áreas atingidas pela doença com áreas poupadas.
A colite ulcerosa apenas atinge o intestino grosso, inicia-se no reto e estende-se proximalmente, atinge a camada mais superficial da parede intestinal e tem uma distribuição que é contínua, em termos de envolvimento intestinal.
A colite não classificada macroscopicamente representa 10 a 15% dos casos em que existem características comuns à duas doenças mas apenas o cólon está afetado.
Quais são os sintomas associados às doenças inflamatórias do intestino?
Na doença de Crohn os sintomas mais frequentes são a dor abdominal e diarreia e na colite ulcerosa são a diarreia e perda de sangue nas fezes.
“Um aspeto diferenciador da doença de Crohn e colite ulcerosa é a existência de doença perianal. A existência de fístula perianal e/ou abcesso perianal, num jovem que apresente recidiva dos sintomas associadas a esse abcesso ou fístula deve pensar no diagnóstico de doença de Crohn”, explica.
No entanto, podem existir outros sintomas como irregularidade dos hábitos intestinais ou da consistência das fezes, urgência nas dejeções, febre, emagrecimento, anorexia.
Salientando-se ainda que, devido às manifestações extraintestinais, pode ocorrer sintomatologia articular, oral (estomatite aftosa), alterações oculares, eritema nodoso, úlceras cutâneas. E é importante dizer que estas manifestações podem surgir antes do aparecimento dos sintomas intestinais.