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Jorge Marques
Tem-se falado muito dos problemas do Sistema de Saúde, SNS, Hospitais, Médicos. Isso fez-me lembrar uma experiência de trabalho que tive num Hospital faz alguns anos. Fui chamado pela Administração para dar algumas noções de Organização, Gestão e Liderança ás chefias desse hospital, quase todos médicos. Depois de ultrapassadas as diferenças linguísticas entre Medicina e Gestão, acordámos na comparação entre o funcionamento do Corpo Humano e da Organização Hospital. E porquê? Porque o Corpo Humano é o sistema mais complexo e perfeito que se conhece! Os médicos falariam do funcionamento do Corpo Humano e eu faria um paralelo para o funcionamento de um Hospital na perspetiva da sua Organização e Gestão. Fiz a primeira pergunta:
– Qual é o órgão mais relevante no Corpo Humano e qual é a sua missão?
– O cérebro! A sua missão principal é tomar decisões! Decisões com base em três fontes de informação. Uma que vem do exterior, da perceção do exterior. Outra que vem dos sistemas internos como o digestivo, respiratório…e outra das células e neurónios do próprio cérebro.
Então, disse eu, o órgão equivalente ao cérebro num Hospital é a Administração. A sua missão também é tomar decisões com base em três fontes de informação. A que vem do exterior, outra que vem dos sistemas internos/serviços do hospital e a outra que resulta da comunicação entre os membros da Administração. Isto significaria que os médicos possuíam o conhecimento da Organização/Gestão do corpo, o Sistema mais complexo que existe e um Hospital seria uma coisa mais simples. Mas não é porquê? A explicação que ouvi parece-me ser o verdadeiro problema!
Os médicos começaram por me dizer, que se o corpo humano funcionasse como as administrações hospitalares entraria rapidamente em colapso. Mas porquê? Primeiro porque não tomam decisões; segundo, porque não ouvem, nem se relacionam com os sistemas internos/serviços; terceiro, porque do exterior só ouvem o Ministério; quarto, porque nem os membros da Administração se entendem!
Dá que pensar, porque a seguir vinha a comparação com o funcionamento dos sistemas do Corpo Humano, que desde logo tem duas caraterísticas básicas! Uma é que cada sistema funciona de forma autónoma, mas ao mesmo tempo interdependente, precisam sempre de alguma coisa de outro sistema. Quer dizer que as relações num hospital deviam ser mais horizontais que verticais. E se compararmos as células com as pessoas? A conclusão e comparação, então ainda é mais demolidora! Se cada célula pode ser comparada a uma pessoa, o Corpo Humano tem de 30 a 37 triliões de células, o Hospital de 7 a 10 000 pessoas. Então qual é o milagre do corpo?
No Corpo Humano não há células-chefe, elas têm autonomia e cada uma sabe qual é o seu papel. Ainda assim, existe um Sistema Imunológico onde há células que vigiam e fazem auditorias permanentes. Existem até santuários imunológicos que defendem alguns órgãos de todo e qualquer perigo. Na Gestão Hospitalar e em muitas organizações há chefes a mais e muitas pessoas não sabem exatamente qual é a sua missão. As auditorias são raras e inconclusivas, servem mais para esconder do que para os corrigir. O Modelo de Gestão dos Hospitais pode estar disfuncional e deveria aproximar-se o mais possível do funcionamento do Corpo Humano onde os médicos são mestres! O Hospital é uma Organização Viva!
Os Governos têm muitas responsabilidades por este caos. A sua própria Organização, como de toda a Administração Pública não ajuda ao seu bom funcionamento. Um Hospital não pode ter o mesmo modelo de Gestão e Liderança das Pessoas que outras áreas da Administração do Estado, onde não há uma avaliação coerente, nem indícios de motivação. As nomeações políticas deveriam acabar no Ministro, todas as outras hierarquias, a começar nos Secretários de Estado, deveriam ser ocupadas por profissionais com os melhores conhecimentos técnicos e boa capacidade de liderança. Precisa-se estabilidade e não de uma permanente dança de cadeiras…
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Alfredo Simões
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Jorge Marques
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Sandra Costa