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Cultura, economia e urbanismo

 Cultura, economia e urbanismo - Jornal do Centro
11.07.25
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 Cultura, economia e urbanismo - Jornal do Centro

por
Alfredo Simões

Em diferentes ocasiões tenho procurado refletir sobre as questões do desenvolvimento local entendendo-o como uma intervenção planeada bem-sucedida da sociedade visiense e de cada um dos atores que a constituem. Intervenção multidisciplinar, integrada e com finalidades bem definidas. 

Se eu precisasse de imaginar um plano de desenvolvimento para Viseu decerto começaria por definir um grande desígnio (“Viseu, a cidade europeia inovadora do séc. XXI”), três conjuntos de instrumentos para a ação (“Indústria e serviços de elevado valor acrescentado”, “agroflorestal, promotor da coesão territorial” e “Cultura, eixo central do desenvolvimento de Viseu”) e duas plataformas de suporte (sustentabilidade ambiental e social e comunicações – digitalização e vias de comunicação).

A intervenção de cada um destes “instrumentos” traria efeitos múltiplos e diferentes na vida da cidade e da região, mas permito-me associar o impacto do primeiro ao aumento da produtividade e da criação de riqueza, o segundo ao papel a favor da integração cidade-campo contra o despovoamento rural e o terceiro pelo impacto na crescente abertura da cidade e da região ao mundo e na valorização dos restantes setores económicos e sociais. Quanto às “plataformas”, esperar-se-ia um reforço da integração social bem como da centralidade de Viseu no contexto regional e nacional. Um modelo de cidade subjacente a estas ações pode ser encontrado em https:// doughnuteconomics.org (Economia Donut, Kate Raworth, Universidade de Oxford).

Sobre os dois primeiros “instrumentos” já tenho assinalado o papel de pivot que uma estrutura em formação como o Star Institute pode ter ou o papel de organizações locais como a CVRDão e a E.S. Agrária pelo impulso modernizador que servem.

Enquanto “eixo central de desenvolvimento de Viseu”, o que poderá ser estruturante e servir de “locomotiva” a este vasto e multidisciplinar setor a que chamamos Cultura? 

O Centro de Artes que está anunciado poderá desempenhar esse papel primordial se não for apenas ou principalmente um espaço para a apresentação de espetáculos, mas antes um equipamento que favoreça a criação a partir da integração multidisciplinar e permita que os diferentes projetos, na sua originalidade e independência, ganhem escala, mais público, mais notoriedade e maior capacidade de atração aos restantes domínios sociais. Será na sua multifuncionalidade (e não apenas na última etapa da cadeia de valor, na fase da entrega do produto ao cliente) que o Centro de Artes constituirá um fator estruturante deste vasto Cluster da Cultura, facilitando a criação de sinergias dentro do próprio sector, mas também com o turismo, com as indústrias ou com os serviços. Desempenhando este papel, o investimento no Centro de Artes terá um crescente efeito multiplicador na economia local, sustentado e diversificado, em resultado da atividade permanente, mas também pela indução de outras atividades, ligadas ou não ao setor cultural. Para além de proporcionar ganhos de notoriedade, tal como a simples sala de espetáculos, um Centro de Artes comprometido com as diferentes etapas da atividade produtiva proporcionará ganhos de competitividade – pela maior eficiência do setor e pela inovação gerada – no conjunto da economia da região e antecipará a solução de problemas estruturais do setor, em Viseu. 

Se caminhar neste sentido, a proposta do Centro de Artes (a que se juntam outros domínios: Museu do Vinho, Saúde, Av Europa) apresentada pela Câmara Municipal tem ainda outro aspeto positivo em benefício do ordenamento urbano na parte norte da cidade, impacto este que se poderá estender a freguesias a norte do concelho e ao qual acresce o impacto esperado da Área Empresarial de Lordosa, recentemente anunciada.

Estando este investimento nas mãos da administração local, é preciso encontrar as estratégias que permitam incluir os demais setores económicos e sociais nestes processos em que todos devem ser atores e beneficiários das ações de um cluster da Cultura que já possui muitas das virtualidades de que a cidade e a região necessitam. 

É preciso que sejamos capazes de incorporar mais cultura, mais criatividade, nos territórios rurais ou nos diversos bens industriais e serviços. Uma das últimas sessões da iniciativa da PROVISEU, “Largo da Sé”, foi elucidativa sobre este assunto, com exemplos concretos da região, no turismo e na indústria. Precisamos de multiplicar estes exemplos. É preciso integrar mais cultura nos processos de ordenamento urbano (ver artigos publicados no Jornal do Centro sobre “Megalomanias para 2023” e o Papel Ímpar da ESEV/IPV no centro histórico), inclusive no urbanismo comercial. 

A cultura é um importante ativo de Viseu enquanto fator que, partindo de recursos locais como a História, as tradições associadas à envolvente rural ou o património construído ou enquadrando a concretização de projetos artísticos diversos, é capaz de contribuir para a crescente criação da riqueza (por si própria e por constituir um recurso dos demais setores económicos) e consequente satisfação das necessidades, para a atração e a fixação de pessoas no território. 

E tudo isto já estamos a fazer em Viseu. Vejam-se as múltiplas iniciativas que ocorrem em diferentes domínios do setor Cultural e interroguemo-nos: que outro setor pode falar com mais propriedade em nome de Viseu se não a Cultura? 

Agora, precisamos de acelerar e colocar a Cultura no centro de uma estratégia integradora de desenvolvimento de Viseu que deverá ter como desígnio a construção de uma cidade inovadora e criativa para todos, uma cidade que resista à enorme força centrípeta da Capital. Neste contexto em que necessitamos de densificar e alargar o cluster da Cultura, é preciso encontrar respostas a estas (e outras) questões:

  1. Que papel cabe especialmente às atividades editoriais, às artes plásticas, ao cinema/vídeo, … e como tornar mais robustos cada um destes “ecossistemas” que, sendo relevantes, supostamente marcam mais fraca presença em Viseu? 
  2. Setores como música, teatro, expressões de raiz popular que aparentemente apresentam maior capacidade mobilizadora, como podem continuar a ser motores de crescimento da vida cultural de Viseu?
  3. E o património histórico, indissociável do urbanismo, mas também da realidade rural, como pode servir melhor enquanto instrumento de formação e de reforço da identidade local e gerador de fluxos de visitantes?
  4. Como pode o ensino superior integrar fortemente esta estratégia centrada no cluster da Cultura (ver, p. ex., no assinalado papel da ESEV com possíveis impactos no Centro Histórico, mas também no desenvolvimento de formação de nível superior nos domínios da música, das artes plásticas, do teatro, ou no reforço das indústrias criativas, etc.)? 
  5. E na ligação com os demais setores económicos de Viseu, como pode a Cultura interagir e participar na valorização das produções realizadas nas empresas da região? O mecenato é sempre bem-vindo e fundamental em qualquer sociedade desenvolvida. Mas a interação dos setores económicos de Viseu com a Cultura tem de ser reforçada, seja por iniciativa da Cultura indo ao encontro dos demais setores económicos, seja pela incorporação nestes de elementos culturais valorizadores das respetivas funções.

É para encontrarmos respostas a estas (e outras) questões que é importante uma estratégia de desenvolvimento local construída e assumida pela comunidade.

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