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Pela Dignidade, marcha atrás, a toda a velocidade

 Pela Dignidade, marcha atrás, a toda a velocidade - Jornal do Centro
18.10.22
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 Pela Dignidade, marcha atrás, a toda a velocidade - Jornal do Centro

Começo por ficar incrédulo com a notícia da TSF: “No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, a 17 de outubro, a Câmara de Lisboa quer juntar pessoas em situação de vulnerabilidade para um almoço em formato piquenique e para uma caminhada/marcha entre o topo da Avenida da Liberdade e o Arco da Rua Augusta.” Estaria a perceber mal? A ser verdade, seria uma iniciativa absurda, contrária a toda a lógica de intervenção no apoio dado às pessoas em situação de vulnerabilidade. A salvaguarda da individualidade e da privacidade das pessoas é inalienável e o garante da sua dignidade. Respeitemo-nos uns aos outros, independentemente da condição de cada um a cada momento. Interroguei-me: serei apenas eu a constatar o absurdo de expor as fragilidades de alguém que está vulnerável e, muitas vezes, em sofrimento?

No desenvolvimento da notícia, senti-me mais tranquilo. A jornalista deu nota de que mais de metade das freguesias não participaria na iniciativa e colocou no ar alguns testemunhos:
“Os mais vulneráveis devem ser protegidos e não expostos. Este convite, tal como vem descrito no e-mail, expõe pessoas que devem ser protegidas por nós. Acima de tudo isto é um atentado à dignidade das pessoas” (Carla Madeira, autarca da Misericórdia)
“Este trabalho de combate à pobreza faz-se todos os dias, caso a caso e protegendo também a privacidade das pessoas”. (Fábio Sousa, autarca de Carnide)

“A estratégia de “isolar” as pessoas e dar-lhes uma lógica diferente de tratamento vai tornar mais difícil sair da situação de pobreza. (Jorge Marques, autarca da Ajuda)

“O dia não é de festa. As propostas de combate à pobreza não são bondosas, são investimentos sociais, com vista à erradicação da pobreza e é nesse debate que devemos concentrar os nossos esforços, nesse dia, e não em celebrar.” (Pedro Costa, autarca de Campo de Ourique)
“As estruturas do estado fazerem manifestações, ao fim ao cabo, contra si próprias. Se se quer combater a pobreza, tomem-se medidas consequentes” (Miguel Coelho junta de freguesia de Santa Maria Maior)

As freguesias foram convidadas pela vereadora Laurinda Alves, Independente (eleita pela Coligação Novos Tempos Lisboa) e que tem na sua alçada vários pelouros: Direitos Humanos e Sociais; Cidadania; Juventude; Saúde; Relação com o Munícipe e Participação; Equipa de Projeto para a Implementação e Monitorização do Plano Municipal para as Pessoas em situação de Sem-Abrigo.
A senhora vereadora, por altura do Rock in Rio, já tinha lançado uma pérola: “houve a hipótese de oferecer bilhetes a pessoas em situação de sem-abrigo, mas que tal não se concretizou tendo em conta os problemas de consumos e o perigo de potenciar esse risco”. Um descomunal absurdo!

Estes episódios são de uma estranheza gigante em pleno século XXI, principalmente por partirem de quem que tem a responsabilidade de tratar de Direitos Humanos e Cidadania. O maternalismo / paternalismo e o assistencialismo persistem, lamentavelmente.
À hora que escrevo este artigo, já se sabe que a iniciativa foi cancelada. Pela dignidade das pessoas marcha atrás a toda a velocidade. Imperou o bom senso. Quando queremos agir e estamos muito envolvidos nas causas que defendemos, podemos cometer erros. Recuar, cancelar, repensar, reorganizar não menoriza ninguém.
A reação do senhor presidente da Associação Impossible – Passionate Happenings, Henrique Pinto, em relação aos autarcas, democraticamente eleitos, parece-me desajustada e é potencialmente prejudicial para a causa que defende: “A pior pobreza em Portugal não é a material e social, mas a intelectual e ético-moral de tantos elementos incompetentes, tacanhos e desprezíveis da nossa classe política. Esta gente devia demitir-se das suas funções porque são incompetentes, estúpidos, ignorantes e deviam vestir o bibe que eu vesti quando era criança para ir para a escola.” Depois destas declarações, diminui a estranheza que muitos sentimos pela ideia peregrina de fazer um “desfile de pobres”. O que dizer à senhora vereadora que fala de um “vergonhoso aproveitamento político”?

Estes episódios remetem-me para o livro “Os Pobres” de Maria Filomena Mónica. A autora escreve sobre os pobres tais como ela os “descobrira”, aos 16 anos, num bairro da lata onde as freiras do colégio que frequentava a levaram para que as meninas ricas, grupo a que pertencia, aprendessem a ser caritativas.

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