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Tem hoje 28 anos, mas há 12 que tem o treino e a disciplina alimentar como rotina diária. Cláudio Rocha é natural de Figueiredo de Alva, São Pedro do Sul e, na cidade da Maia, no início do mês de outubro venceu o título de Campeão Athletic Bodybuilding, da federação World Amateur Bodybuilding Association (WABBA) Portugal.
Para chegar ao mais alto lugar do pódio de um dos campeonatos principais de culturismo em Portugal, o jovem sampedrense garante ter abdicado de muita coisa. A principal, refere, foi o tempo que não passou com a filha.
“Tive de abdicar de coisas importantes, talvez coisas de que não devesse de abdicar tanto. Gostaria de ter passado mais tempo com a minha filha, de ser mais paciente, muitas vezes estava cansaço, refugiava-me mais no meu canto. Quando estamos numa fase de dieta restrita, os alimentos são contados à grama e não temos margem para ir almoçar ou jantar com a família. O pior para mim foi o tempo que não tive para passear com a minha filha”, explica.
A dedicação ao culturismo começou aos 16 anos. Na altura, confessa, sentia-se magro e mal com o corpo que tinha. “Pesquisei para perceber como poderia engordar e vi que seria através da musculação que ganharia mais peso e sentir-me melhor. Depois, uma pessoa não fica satisfeita por ganhar um quilo ou dois e quer perceber até onde o nosso corpo é capaz de ir. Comecei a treinar melhor e alimentar-me melhor. Num grupo de amigos da escola decidimos treinar nas férias e o único a regressar com alguma transformação fui eu”, diz.
Daí em diante, treinar é um verbo que conjuga diariamente. A receita para ter sucesso no culturismo, explica Cláudio, é a paixão pelo treino e pela alimentação. “A razão principal é gostar do que eu faço. De me alimentar bem, seguir dieta e cumprir horários. Acordar cedo para ir para o cardio, respeitar os horários das refeições, ir treinar… O segredo maior é a consistência e a disciplina”, concretiza.
O título que agora arrecadou, reconhece, “é o realizar do sonho que tinha há anos”. “Concretizei o que queria, nunca chegou a altura certa para o fazer. A classificação acabou por ser a cereja no topo do bolo”, refere.
Na caminhada que já dura há mais de uma década, afirma nunca ter tido um ídolo. Foi a progressão semanal individual que acabou por tornar-se referência para continuar a rotina de treino e alimentação.
À medida que ia treinando, o objetivo de competir foi aumentando.
“Estava ciente de que iria competir com pessoas mais experientes. A realidade foi que quando obtive o resultado, fez-me despertar uma vontade ainda maior de progredir e evoluir o meu físico. Tanto que falei com o júri que o meu corpo ainda pode evoluir e melhorar muitas coisas. Quero alcançar mais”, garante Cláudio.
O culturista não tem dúvidas em afirmar que “a beleza deste desporto é a evolução” “É estar melhor fisicamente, mais disciplinado, aumentar as cargas, melhorar a execução. Fascina-me a progressão. O meu objetivo é apresentar a minha melhor versão”, enaltece.
A paixão pelo treino é tal que, hoje com 28 anos, diz ter a certeza de que a disciplina que o trouxe até aqui, o vai acompanhar até ao fim. “Do que depender de mim, o culturismo vai continuar comigo para o resto da vida, mesmo que não mantenha o físico. Vou querer manter a alimentação saudável, o treino cardio, musculação. Quero ser a pessoa disciplinada que sou hoje. Acredito que alimentar-me bem, treinar, vai-me dar mais longevidade e qualidade de vida”, justifica.
Por isso, acrescenta, qualquer pessoa deveria ter a mentalidade de um culturista. “Ser cada dia melhor, progredir sempre, beber água, não desistir dos objetivos. O culturismo é uma maratona, não é sprint. Tudo o que vem rápido, vai muito rápido embora, também. O segredo do culturismo é ser consistente”, detalha.
Convidado a explicar ao pormenor um dia de treinos, Cláudio Rocha refere que o atleta passa por várias fases. “Tem uma altura em que tem de ganhar peso para adquirir mais carga muscular, o tempo de treino, a alimentação, tudo varia. Na fase de preparação tanto tive momentos de meia hora de cardio duas vezes por dia mais uma hora e meia a duas horas de treino, como cheguei a ter quarenta minutos de cardio duas ou três vezes por dia, mais uma hora ou hora e meia de musculação por dia. No mínimo, em média, dedico duas horas e meia por dia a treino”, assinala.
O jovem sampedrense é barbeiro e ao treino teve de juntar a rotina da profissão e da família. A mulher e a filha de cinco anos, os clientes na barbearia e as máquinas no ginásio. Tudo teve de ser conciliado ao pormenor.
“Tem de haver muito planeamento. Sou barbeiro e na fase de preparação para a prova tive de gerir tudo. De três em três horas tinha de parar pelo menos meia hora, para me alimentar. Acordava muito cedo para o cardio, mas como treinava ao meio dia, já tinha mais tempo ao final do dia para estar com a minha família, que, para mim, é a base de tudo. A minha mulher e a minha família são o motivo para o qual o trabalho e faço toda a minha vida”, reconhece.
O amor pela família está visível num vídeo que promete guardar para sempre. No momento em que foi anunciado vencedor, ainda sem acreditar no que estava a acontecer, olhou para a mulher e saudou-a a partir do palco.
“Quando me disseram que ganhei, não acreditei. Não tive logo essa noção, mas por ter ouvido a minha mulher aos berros, percebi onde ela estava, fiz-lhe um fixe. Pensei logo na minha mulher, foi quem passou tudo comigo. E aí comecei a perceber que tinha ganho. Mas a ficha foi caindo ao longo do tempo”, explica.