António Costa apresenta demissão

O primeiro-ministro pediu esta terça-feira (7 de novembro) a sua demissão ao Presidente da República. Numa conferência de imprensa no Palácio de São Bento, António Costa afirmou que, no seu entendimento, “a dignidade das funções de primeiro-ministro não são compatíveis com suspeitas da sua integridade, da sua conduta ou suspeita de prática de qualquer ato criminal”.

“Ao longo destes quase oito anos em que exerço funções como primeiro-ministro dediquei-me de alma e coração a servir Portugal e os portugueses”, afirmou o líder do executivo. “Estava totalmente disposto a dedicar-me com energia a cumprir o mandato que os portugueses me confiaram até ao termo desta legislatura.”

António Costa disse ter sido surpreendido esta terça-feira com a informação “oficialmente confirmada pelo gabinete do Ministério Público” que será instaurado um processo-crime contra si.

Em causa, está uma investigação autónoma aberta pelo Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio. O processo já levou à constituição como arguidos do ministro das Infraestruturas, João Galamba, e do advogado Diogo Lacerda Machado, entre outros.

O primeiro-ministro realçou ainda estar “totalmente disponível para colaborar com a justiça em tudo o que esta entenda necessário para apurar a verdade, de que matéria for”.

António Costa garantiu aos jornalistas que não vai recandidatar-se e que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, “não questionou” as razões que o levaram a demitir-se.

Também disse desconhecer da existência de qualquer processo contra si, mas assegurou que não é arguido, que irá colaborar com as autoridades e que se mostra “totalmente tranquilo”.

“A dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição sobre a sua integridade, boa conduta e menos ainda a suspeita de prática de ato criminal”, frisou.

António Costa sublinhou ainda que se encerra um ciclo de oito anos em que, disse, se dedicou à chefia do Governo “com energia”.

“Numa democracia plural, nem todos têm de concordar com o primeiro-ministro. É natural que haja quem apoie e quem não apoie, mas é fundamental que os cidadãos não tenham qualquer réstia de dúvida que quem exerce função está acima de qualquer suspeição”, reiterou.