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Jorge Marques
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Pedro Escada
Nos Países Baixos, as diferenças de enfoque sobre a política de imigração precipitaram o colapso do governo. O primeiro-ministro Mark Rutte, não resistiu às exigências que lhe vinham sendo feitas para endurecer as políticas de asilo, com o objetivo de reduzir o fluxo migratório. A extrema direita alemã conquistou o seu primeiro município. Os eleitores de Raguhn-Jessnitz, no Estado da Sajonia-Anhalt, elegeram Hannes Loth, destacado membro da AfD, também deputado no Parlamento regional. Enquanto a esmagadora maioria dos políticos alemães assiste, com uma certa estupefação, a estes resultados, os líderes da AfD dizem que é apenas o princípio. Em Espanha, tudo indica que o Partido Popular precise do VOX para governar, a coligação parece cada vez mais uma realidade inexorável. A ser assim, normalizar-se-á um partido racista, xenófobo que, pasme-se, tem vindo a atacar a igualdade de género, a censurar peças de teatro e filmes da Disney, algo que nos habituámos a ver, mas não aceitámos, em países como o Irão. O tiro de partida foi dado nas últimas eleições municipais, realizadas em maio, que abriram uma via verde, ao partido de extrema-direita, de acesso ao executivo de 140 municípios, graças a acordos realizados com o Partido Popular. Os “maus ventos”, que sopram na península ibérica, trarão até nós estes “maus casamentos”?
Em Itália, Meloni conquistou o poder com o mantra “Deus, Pátria Família”, do partido de extrema direita “Irmãos de Itália”. A senhora e o seu governo proibiram as raves, pretendem impedir o registo civil de filhos de casais homossexuais e limitar a atuação das organizações não governamentais que resgatam imigrantes, entre muitas outras trapalhadas perigosas.
Em França, a extrema direita acusa os migrantes pelos distúrbios que assolaram várias cidades, depois da morte do jovem Nahel, baleado no peito pela polícia. Nicolas Lerner, Diretor-Geral de Segurança Interna (DGSI) de França, numa entrevista ao jornal Le Monde, alertou para o “ressurgimento muito preocupante” de ações violentas por parte da extrema direita. Se a extrema-direita acusa os migrantes pelos distúrbios, a extrema-esquerda diz que as forças policiais são as culpadas. Enquanto os políticos e os comentadores se digladiam com recurso a argumentos retóricos populistas e que pouco ou nada aportam para a resolução dos problemas, a população assiste, com medo, ao recrudescer da incivilidade e à normalização da violência, no país da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
A violência apodera-se das manifestações e caracteriza as diversas lutas, como verificámos com os coletes amarelos, na luta contra o aumento dos combustíveis; nos protestos contra o aumento da idade da reforma ou pela forma como o jovem de 17 anos perdeu a vida. As questões relacionadas com a Transição Ecológica, o financiamento do Estado Social ou a Crise de Integração têm protagonistas distintos, mas os protestos têm elementos comuns: a ira e a raiva. As ações violentas parecem ser a resposta encontrada para a falta de confiança política e na ação da polícia. O autor do livro “De la police en démocratie”, Sebastian Roché, considera que há um choque entre as forças da ordem e os grupos de protesto e afirma que não há outro país na Europa onde a polícia dispare mais, em situações como a da morte de Nahel. Não é preciso grande rastilho para que a realidade dos banlieues, autênticos barris de pólvora e de miséria, se torne numa espécie de espelho aumentado do país. Nos bairros empobrecidos, povoados por filhos e netos de migrantes, verificam-se os maiores índices de pobreza; as oportunidades escolares e laborais são menores; em regra as pessoas têm menos saúde e os controlos policiais são mais regulares e, possivelmente, mais discricionários. Em França, 19% dos recém-nascidos têm nome árabe / muçulmano e vivem em comunidades territorializadas, numa espécie de “apartheid” territorial, social e étnico. O aumento exponencial da violência alimenta-se da reprodução inexorável das condições de pobreza e marginalização, do crescimento do sentimento de abandono e da incapacidade de as forças policiais fazerem respeitar a ordem. Os gangues, as máfias e as mesquitas radicalizadas encontram terreno fértil para angariar os seus “soldados”.
A ONU revelou que mais 165 milhões de pessoas foram apanhadas pela pobreza como consequência das crises registadas desde 2020, como a pandemia de covid-19, a inflação ou a guerra na Ucrânia. 75 milhões vivem com menos de 1,91€ por dia, na pobreza extrema. Enquanto assim for, o cemitério do mediterrâneo continuará a receber os corpos de crianças, homens e mulheres que fogem à miséria, à fome, à guerra e às perseguições religiosas. Se não sucumbirem, durante a travessia, e alcançarem a Europa, tal não lhes garante um destino risonho. Os movimentos migratórios são um desafio à integração, à inclusão e à humanização. Face à realidade que observo, não me parece que estejamos a acolher e muito menos a integrar dignamente as pessoas que escolhem Portugal para viver. Os casos mediáticos, como o de Odemira, são apenas a ponta do icebergue. São muitos aqueles que chegam sem trabalho, impossibilitados de encontrar uma habitação digna e ficam entregues à precariedade. Se nos limitarmos a deixar entrar, sem integrar e humanizar, poderá ser uma questão de tempo até que vejamos nas nossas comunidades ações que nos habituámos a ver através dos ecrãs. Há uma década, poucos acreditariam na força que a extrema direita tem vindo a demonstrar. Ficámos, recentemente, a saber que a PJ está a vigiar 700 jovens que pertencem a gangues de Lisboa…
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Jorge Marques
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Pedro Escada
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Margarida Benedita