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Joaquim Alexandre Rodrigues
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Um dos mais famosos arquitetos do mundo (Jaime Lerner), que também foi Presidente da Câmara (Prefeito) por alguns anos, contava que quando foi Prefeito a primeira vez e ia tomar as primeiras decisões recebeu um abaixo-assinado de uma Associação de Moradores com um pedido estranho. Era que a Prefeitura não fizesse nada numa determinada zona antiga da cidade. Mandou o Secretário de Obras averiguar, mas o insólito pedido tinha razão de ser. A Prefeitura ia realizar obras pouco necessárias e os moradores temiam pela destruição que iriam provocar. Diziam que as obras da Prefeitura não respeitam nada, nem ninguém! Percebeu e despachou: “À Secretaria de Obras-Não fazer nada, com urgência”. Como era um homem de visão, abertura e respeito pelas pessoas, percebeu que há decisões autárquicas que podem mesmo prejudicar a cidade. Isso do nunca errar é só coisa da política cá do burgo!
Falava também que se encontrou em Lisboa, fazia uns anos, com Siza Vieira, que ele considerava um génio respeitado no mundo inteiro, um orgulho para a arquitetura portuguesa. Sobre a saga do nosso Mercado 2 de Maio, ele só comentou diplomaticamente…É verdade…Há esse historial de destruição, a eterna luta entre a criatividade e a mediocridade!
Quando falei dos quase dois anos de obras, ele respondeu com a Acupuntura Urbana! As obras tem que ser feitas com um picada rápida, de contrário é uma tortura para a cidade. E dava os seus exemplos: Criou um espaço pedonal no centro da cidade em 72 horas; a Ópera do Arame, um enorme edifício em aço e vidro, com a dimensão do nosso mercado, durou 75 dias. A Acupuntura Urbana é um gesto de amor para com as cidades e as pessoas não podem sofrer com obras tão longas!
Dá que pensar! O risco de ter uma luta entre a mediocridade ativa e uma criatividade preguiçosa! Imaginem agora se cada novo presidente se lembra de destruir o que fez o anterior só para lhe apagar a memória? Não se entende a violência sobre os moradores no Mercado 2 de Maio? Mas a Lei do Retorno quase sempre funciona. As cidades são feitas e refeitas para as pessoas…
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Joaquim Alexandre Rodrigues
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