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Rita Mesquita Pinto
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Jorge Marques
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Diogo Pina Chiquelho
Na minha última crónica, a propósito dos recursos financeiros que vamos ter disponíveis para os próximos anos, referi que os investimentos que estes meios podem permitir, devem constituir uma alavanca para a mudança do modelo de desenvolvimento económico e social do país.
Precisamos de um crescimento económico muito mais acelerado, para fazer crescer o bolo da riqueza nacional e assim dar maior volume a cada uma das fatias que são distribuídas.
Parece ser consensual, que são as pessoas e as empresas que devem estar no centro do plano de recuperação económica. Faz todo o sentido! A qualificação dos portugueses, a reduzida capitalização das empresas e o sistema de justiça, são genericamente apontados como áreas prioritárias, onde é necessário atuar e investir, para transformar a estrutura económica.
Portugal é o 4º país da OCDE, com o nível de escolaridade mais baixo entre os adultos. De acordo com estudo de 2018 deste organismo, em Portugal 30 % da população adulta (entre 25 e 43 anos) não concluiu o ensino secundário. Só o México e a Turquia têm piores indicadores. Melhorámos nas taxas de escolaridade na população mais nova, mas apenas conseguimos uma aproximação à Europa. É fundamental, para além da melhoria da escolaridade, atuar também na população ativa mais madura e investir também na qualificação e recapacitação do Estado.
Com bons projetos, recursos financeiros não faltarão nos próximos anos, face à orientação estratégica da UE para esta área.
A má notícia, é que a recuperação das nossas qualificações, é um processo muito demorado, o que torna cada vez mais urgente as decisões e as ações. Qualquer que seja o ramo científico, como estamos com a introdução das alterações digitais no sistema de ensino? Qual a profissão que pode ser bem desempenhada, sem um bom conhecimento tecnológico? O que sabemos sobre algoritmos e como são construídos?
Parece ser mais rapidamente recuperável, a recapitalização das empresas. Talvez, através de uma mudança do enquadramento fiscal que crie incentivos ao investimento e ao reforço dos capitais próprios, possa ajudar. Espera-se que o Banco do Fomento também possa ser um bom instrumento para atingir este objetivo.
Por fim, mas muito relevante, os decisores deverão ter presente, que somos um dos países com mais desigualdade dentro do “mundo desenvolvido”, o que nos cria diversos tipos de obstáculos, nomeadamente ao nível da melhoria das qualificações. Portanto, nunca podemos esquecer, que o crescimento e o desenvolvimento económico não se consegue sem desenvolvimento social.
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