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Há uma abóbora na aldeia de Real, no concelho de Penalva do Castelo, que pesa mais de 400 quilos. O exemplar é um dos participantes do Festival da Abóbora que se realiza este domingo (24 de setembro), no Parque da Bocha, em Real, mas pode já avançar-se que esta abóbora não será a maior a concurso.
O Festival da Abóbora nasceu há oito anos e, desde então, tem ganhado cada vez mais participantes e visitantes. Na última edição, a abóbora vencedora pesava 96,300kg e a segunda classificada ultrapassava os 69kg. A iniciativa começou em 2015 por brincadeira, com cerca de três dezenas de exemplares e hoje em dia há já quem produza abóboras a pensar no concurso.
“Tratou-se de uma brincadeira. Toda a gente cultivava abóbora e decidimos ver quem tinha a abóbora mais pesada e de entre umas dezenas de participantes a vencedora tinha 46kg. Com o tempo o peso foi aumentando até chegarmos aos 96kg na última edição”, começa por contar o presidente da Associação Cultural Recreativa e Social de Real, Paulo Martins, que organiza o festival.
O concurso, aberto a toda a população, tem atualmente várias categorias: a mais pesada (três prémios para a variedade porqueira e três prémios para outras qualidades); a abóbora mais bonita; a abóbora mais bem esculpida; o espantalho em abóbora; e o prémio para o produtor que trouxer mais abóboras.
No que diz respeito à mais bem esculpida, já passaram pelo festival um ciclista feito de abóbora, um boneco e até um macaco. Nesta categoria não há limite à imaginação e um dos participantes que tem arrecadado mais prémios é um habitante local com 80 anos.
“Em 2016 recebemos uma menção honrosa no Festival da Lourinhã com a abóbora mais bem esculpida desse ano. A organização convidou-nos e para que a vencedora chegasse lá intacta a abóbora foi congelada. Fomos buscar, ficou no frigorífico, chegou lá inteira e depois foi para o lixo”, recorda entre sorrisos Paulo Martins.
O Festival da Abóbora de Real não é o único no país, mas é o único do distrito de Viseu. A ligação com outras iniciativas do género é grande, sobretudo com a Lourinhã, de onde sai cerca de 60% da produção destes fruto em território nacional.
Voltando à participante de peso, a abóbora foi produzida a pensar no festival e até teve direito a uma “casa” para ficar protegida do mau tempo. “Muito sol, água e muitos cuidados para que não sofresse com o mau tempo ou com alguma praga ou doença”.
Foi o presidente da associação quem nos mostrou o exemplar com o orgulho de quem, há vários anos, se vai esforçando para manter viva a aldeia, com pouco mais de 150 habitantes, e atrair visitantes à região.
“Pegamos no que temos e tentamos dinamizar. Se as pessoas tiverem cá coisas que gostem acabam por participar e se tiverem alguma coisa a que se sintam ligados, mesmo que tenham saído, voltam uma vez ou outra. Para quem nunca veio são oportunidades para visitarem. Aquilo que pudermos continuar a fazer, faremos, com mais ou menos pessoas na associação”, realça.
A ideia do festival nos moldes em que hoje acontece foi “importada” dos Estados Unidos da América por um dos atuais participantes, que na altura pertencia à associação. Sempre que se deslocava à terra natal da esposa, em outubro, deparava-se com um festival que reunia centenas de pessoas. A ideia acabou por ganhar raízes em Real e há oito anos que se repete (à exceção do primeiro ano da pandemia).
A ideia é que este festival possa crescer, “com os pés assentes na terra” e há até a vontade de criar uma secção na associação que se dedique à produção da abóbora.
“A ideia é dar ferramentas e conhecimentos às pessoas. Não basta ter as sementes, se houver alguém que dê umas dicas sobre como produzir, daqui a uns anos podemos ter um festival mais alargado”, conta.
Para que mais gente participe na iniciativa e para potenciar o festival, na última edição a associação ofereceu sementes da abóbora vencedora às 11 juntas de freguesias do concelho de Penalva do Castelo.
Para já, os prémios para os vencedores são em géneros — presunto, chouriça, vinho e outros produtos —, mas a associação espera encontrar patrocinadores para que em breve possam ser em dinheiro.
Outra das vontades da organização é que apareça no festival uma abóbora que bata recordes. O recorde nacional está no Algarve, com uma abóbora de 696 kg. E, já agora, sabia que uma aboboreira com mil quilos tem, pelo menos, 500 a 800 folhas e que cada folha contribuiu com até 2 kg para o peso da abóbora? E sabia que para fazer a estimativa do peso “mede-se o diâmetro, de lado e em cima, e depois é calculada a média do peso tendo por base uma tabela internacional”?
Festival com concurso, almoço, música e muito mais
O festival acontece durante a tarde de domingo e arranca com um almoço onde, como não poderia deixar de ser, o menu tem como ingrediente principal a abóbora. Desde a sopa à sobremesa tudo tem o fruto na receita. No último ano participaram no almoço cerca de 70 pessoas.
Além do almoço (13h00) e do concurso (16h00), o festival conta ainda com várias “barraquinhas” de produtos endógenos, como mel e outros, artesanato e música. A animação está a cargo da Orquestra Juvenil Mais Música, de Mangualde e Tuna Realense, as atuações começam às 14h00.
A Associação Cultural Recreativa e Social de Real nasceu em 1985 e, desde então, nunca mais parou a atividade. Tem várias valências: a Tuna Realense (já chegou a ter um rancho), uma escolinha de música que funciona há 25 anos, secção de apoio aos voluntariados (que nasceu para apoiar no combate aos incêndios), secção do herbário e tem um cantinho de ervas aromáticas que começou este ano.