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As alterações climáticas configuram um fenómeno natural e incontornável à própria dinâmica do planeta e dos seus ecossistemas, mas o actual período histórico e contemporâneo traz consigo dois elementos novos: na sua origem e causa que deriva da actividade humana; e no espaço curto de tempo em que está a acontecer, nunca antes verificado.
O actual sistema de produção e consumo é o principal motor das actuais alterações climáticas, mas o que cabe compreender é se a responsabilização deve ser dividida de forma igual por uma sociedade, uma responsabilidade alheia às componentes sociais e económicas dos indivíduos que a compõem. Muito do que é a resposta política à questão tem passado por uma responsabilização individual, pouco atenta ao que é cientificamente determinado como solução, insistindo em campanhas, financeiramente exigentes, para modificação de comportamentos individuais, que em muito contribuirão para os fenómenos que hoje assistimos.
Se por um lado não se pode desconsiderar a alteração dos comportamentos individuais, sobretudo geracionais, sabemos que são necessárias respostas políticas colectivas que enfrentem as verdadeiras causas dos problemas das alterações climáticas. É bem sabido que Portugal tem vindo a atravessar questões de particular gravidade no que toca à seca e à gestão adequada dos recursos hídricos, ou à gestão do seu território florestal, ou, por fim, à gestão dos seus recursos naturais, onde no mês de Maio já esgotou virtualmente os seus recursos de um ano. Não obstante, a solução proposta aponta para o habitual ciclo de sensibilização, para que se fecharmos todos um pouco a torneira, ou andarmos todos um pouco menos de transporte individual contribuiremos para a solução. Será verdade?
O primeiro erro é o de equipar uma população como homogénea na sua necessidade e nas suas hipotéticas opções sustentáveis, seja de consumo ou de comportamento. Em simultâneo que se crê que grande parte das famílias pode abdicar ainda mais do seu consumo normal de água para contribuir para o actual cenário de seca generalizada, o mesmo não se exige ao monopólio de agricultura grande latifundiária ou às unidades hoteleiras e turísticas que entre o golfe e piscinas, se mantém à margem da poupança exigida ao povo. Noutro aspecto, existe um ataque concertado à mobilidade individual, que partilhando da preocupação de haver tipos de transporte mais e menos poluentes, não pode ser expurgada a falta de investimento por parte do estado central na mobilidade e transporte colectivo, com particular enfâse para os distritos do interior, como é o caso de Viseu. Assim, a verdade é que não existe uma alternativa viável ao uso do carro, de acordo com o território em questão, e a resposta colectiva que passa pelo investimento sério e comprometido com a ferrovia e os sistemas municipais, intermunicipais e interdistritais de transporte público e colectivo. O equivalente se passa no que diz respeito ao consumo de energia, com o problema da habitação e a falta de preparação desta para os rigorosos invernos do interior centro e norte, que não deixa alternativa ao gasto energético para compensar as questões de temperatura dos lares, em muito já condicionado pelo custo da energia, ou os baixos salários e custos dos bens alimentares que condicionam a escolha dos trabalhadores e famílias portuguesas, pelos produtos mais baratos, que por norma configuram os resultantes do tipo de indústria mais poluente e deficitária. Na questão de ordenamento, o esvaziamento populacional do território, em nome de suposto e inevitável “desenvolvimento” urbano, trouxe graves consequências para as florestas portuguesas, e para as actividades agro-pecuárias e madeireiras, de cariz familiar ou pequeno-médio tecido empresarial, que em muito contribuíam para o normal funcionamento dos ecossistemas, não poucas vezes em favor do deserto de eucaliptais de grande interesse económico. A questão trouxe ainda a perda de flora e fauna, alterando intimamente a dinâmica dos meios ambientais, que por consequência aprofundou a gravidade e dimensão de fenómenos e catástrofes naturais.
A única responsabilidade individual que devemos tomar como nossa, é a da organização em torno de quem quer e pretende efectivamente defender as causas ambientais e os territórios. As soluções para os desafios ambientais que enfrentamos devem ser políticas, colectiva e imediata, sendo certo que o investimento nas mais variadas áreas, como a habitação, o transporte, o sector energético, a saúde, a educação, a indústria, os salários, trarão consigo a capacidade colectiva para um melhor contributo individual nas matérias ambientais, bem como em última análise a transformação do sistema de produção e consumo capitalista.
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Margarida Benedita