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A ansiedade pode ser definida como um medo, tensão ou preocupação em relação a algo que é visto como negativo. É uma reação normal ao stress e pode até ser benéfica em algumas situações, permitindo uma maior atenção e foco num teste ou numa tarefa. Porém, se existir uma sensação persistente de medo grave e desproporcionado, com impacto negativo no quotidiano e que causa sofrimento físico e/ou emocional à pessoa, podemos estar perante uma perturbação de ansiedade (PA).
A ansiedade pode manifestar-se através de inúmeros sinais e sintomas, podendo eles ser físicos (como aumento da pressão arterial e palpitações, sudorese excessiva, secura da boca, tremores), psicológicos (medo intenso, preocupações persistentes, hipervigilância) e comportamentais (evicção do foco de ansiedade ou dos estímulos associados).
As PA podem afetar pessoas de qualquer idade, género ou etnia e a sua gravidade pode variar desde leve a grave. Estima-se que cerca de 2-4% da população mundial tenha sintomas classificáveis como PA, o que torna essencial a sua pesquisa e avaliação. As PA podem ter um grande impacto na vida do indivíduo, afetando os relacionamentos, o trabalho e o bem-estar geral. Podem ainda aumentar o risco de outras patologias, como a depressão, e levar ao abuso e dependência de substâncias.
Para o diagnóstico de PA é necessário que estejam presentes pelo menos 3 dos seguintes sintomas, durante os últimos 6 meses, de forma persistente:
Inquietação, sensação de tensão ou de estar no limite;
Fadiga fácil;
Dificuldade de concentração ou sensação de mente vazia;
Irritabilidade;
Tensão muscular;
Alterações do padrão do sono (insónia ou sono inquieto e pouco satisfatório).
As PA mais comuns incluem a Perturbação de Ansiedade Generalizada (PAG), a Perturbação de Pânico (PP), Fobias específicas (FE) e a Fobia social (FS).
A PAG define-se por preocupação excessiva e persistente com vários aspetos da vida (trabalho, família, saúde ou finanças), vistos como difíceis de controlar. Pode ter um curso flutuante, sendo difícil o seu diagnóstico.
A PP é caracterizada por ataques de pânico recorrentes e inesperados, com episódios súbitos de medo intenso ou angústia que atingem um pico em minutos. Os ataques de pânico podem causar sintomas físicos (dor no peito, falta de ar e palpitações) e podem ser acompanhados por medo de perder o controlo ou morrer. Estes episódios são normalmente autolimitados e podem ser controlados, com ajuda especializada.
As FE são caracterizadas por um medo intenso e irracional de um determinado objeto ou situação (como alturas, aranhas ou voar). Esse medo pode levar à evicção do objeto ou situação temida, o que pode afetar o dia-a-dia do indivíduo.
A FS caracteriza-se por medo e ansiedade excessivos e constantes em situações de exposição social. Nestes contextos, os doentes sentem receio da humilhação ou rejeição dos pares, o que os leva a evitar situações de interação social. Tudo isto causa sofrimento ao indivíduo, com impacto no seu funcionamento diário.
O diagnóstico de PA pode ser feito pelo/a médico/a de família ou, em situações mais complexas, pelo/a médico/a psiquiatra. É um diagnóstico de exclusão, sendo importante considerar outras doenças com sintomas semelhantes. O tratamento pode incluir acompanhamento psicológico, medicação ou uma combinação de ambos, sendo fundamental a adesão do doente para diminuir o risco de recaída.
A ansiedade é uma experiência comum, mas que pode tornar-se um problema importante quando interfere na vida diária. As PA podem ter um impacto significativo no bem-estar da pessoa e requerem diagnóstico e tratamento adequados. Se precisar de ajuda, fale com a sua Equipa de Saúde Familiar, de forma a ter um seguimento e orientação ajustados à sua situação.
Se necessário, pode contatar a Linha de Apoio Psicológico do SNS24 (através do número 808 24 24 24). Caso tenha curiosidade, pode explorar a Aplicação 29k FJN para telemóvel, desenvolvida pela Fundação José Neves, de forma totalmente gratuita.
Vera Abreu – Médica, IFE Medicina Geral e Familiar, USF Cidade Jardim, em colaboração com a UCC Viseense
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Raquel Costa, presidente da JSD Concelhia de Tarouca
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